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Cotidiano

Protesto de caminhoneiros antivacina é alvo de investigação no Canadá

As investigações em curso tratam de ameaças, intimidação e comportamento ilegal à polícia

31/01/2022 às 18:26

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Protesto antivacina (arquivo)

Protesto antivacina (arquivo) | Evandro Leal/Folhapress

A polícia de Ottawa, capital do Canadá, instaurou "uma série de investigações criminais" para apurar suspeitas de crimes nos protestos de caminhoneiros contrários à obrigatoriedade das vacinas contra a Covid-19 que lotaram as ruas do centro da cidade na última sexta (28), no que eles próprios têm chamado de "comboio da liberdade". 

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Segundo a polícia local, as investigações em curso tratam de ameaças, intimidação e comportamento ilegal à polícia, trabalhadores municipais e outros indivíduos, além de depredação do Memorial Nacional da Guerra e de um veículo da prefeitura. "Comportamentos ilegais não serão tolerados e serão investigados a fundo", disse o órgão. 

Moradores de Ottawa têm reclamado ainda do barulho incessante das buzinas e do fato de os manifestantes usarem as ruas da cidade como banheiro ao ar livre. Um abrigo para moradores de rua anunciou que teve suas dependências arrombadas por manifestantes em busca de comida. Houve ainda registro de hasteamento de bandeiras nazistas. 

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O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reagiu nesta segunda-feira (31) aos manifestantes, que marcharam em direção à Colina do Parlamento, onde funciona a sede do Legislativo canadense. 

"Não estamos intimidados por aqueles que insultam trabalhadores de pequenas empresas e roubam comida dos sem-teto", disse Trudeau. "Não cederemos a quem hastear bandeiras racistas. Não cederemos a quem praticar vandalismo. Não há lugar no nosso país para ameaças, violência ou ódio", afirmou ele, que também anunciou, pela manhã, que ele próprio está com Covid-19 e isolado em casa, mas passa bem. 

Membros importantes do opositor Partido Conservador, que no ano passado perdeu sua terceira eleição consecutiva para os liberais de Trudeau, elogiaram os manifestantes, o que também foi criticado pelo primeiro-ministro. 

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Um deles foi Erin O'Toole, líder da oposição, que, nas palavras de Trudeau, "vai precisar refletir com muito cuidado sobre como ele apoia pessoas que não representam os caminhoneiros". 

Havia a expectativa de que alguns caminhões começassem a deixar os protestos nesta segunda, mas os manifestantes insistem que permanecerão a postos. A polícia chegou a dizer, na sexta, que começaria a rebocar caminhões nesta segunda, mas na noite de domingo as autoridades afirmaram que evitariam guinchar os veículos para não provocar mais confrontos com os manifestantes. 

O Canada Unity, um dos grupos envolvidos nos protestos, disse que queria reunir 1.000 pessoas para entrar em um shopping e fazer compras sem máscaras. O Rideau Centre, grande shopping na região, afirmou que fecharia as portas pelo segundo dia nesta segunda. 

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O prefeito de Ottawa, Jim Watson, condenou o que chamou de extremismo. "Minha mensagem para os caminhoneiros é que vocês já protestaram, vocês já fizeram o comício de vocês, agora é hora de voltar para casa", disse. 

As manifestações, que começaram como protestos contra a exigência de vacina para caminhoneiros que cruzam a fronteira com os Estados Unidos, acabaram tendo o próprio Trudeau e suas políticas contra a Covid-19 como alvo. 

Marian Tudor, 61, que mora em Chilliwack, na Colúmbia Britânica, não pode mais transportar mercadorias pela fronteira porque não está vacinado, disse à agência Reuters. Ele parou seu trailer, repleto de comida, em frente ao parlamento e disse estar disposto a ficar "o tempo que for preciso, até que essas obrigatoriedades sejam removidas para todos, não apenas para os caminhoneiros". 

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O Canadá ostenta uma das taxas mais altas de vacinação contra a Covid do mundo, mas mesmo assim tem precisado apertar o cerco para incentivar a parcela da população que ainda insiste em não se proteger contra a Covid-19, que matou quase 34 mil pessoas no país –número muito inferior aos vizinhos Estados Unidos, que somam 883 mil vítimas da doença. 

Em janeiro, a província de Quebec, a segunda mais populosa do país, observou um aumento de 300% na procura por vacinas contra a Covid-19 depois de determinar que só os imunizados poderão comprar bebidas alcoólicas ou maconha.

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