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Cotidiano

Paulistanos esperam até 5 dias para realizar teste de Covid em farmáciaas

Antes, para fazer o teste, bastava agendar para o mesmo dia; agora, é comum ter de esperar um prazo bem maior

04/01/2022 às 15:38

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Drogaria na Grande São Paulo

Drogaria na Grande São Paulo | Thiago Neme/Gazeta de S.Paulo

Após as celebrações de final de ano, a gripe e o aumento no número de casos de Covid, tem aumentado a procura pelo teste para diagnosticar a doença causada pelo Sars-Cov-2. E, neste cenário, paulistanos encontram dificuldade para conseguir um horário para realizá-lo em farmácias da Cidade. 

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Entre a última quarta-feira (29) e esta segunda-feira (3), a reportagem consultou a agenda online de 40 drogarias de grandes redes de farmácias das cinco regiões da capital paulista. Apenas três delas tinham disponibilidade para a realização do teste no mesmo dia. 

Antes, para fazer o teste, bastava agendar para o mesmo dia. Agora, é comum ter de esperar pelo menos dois dias e, alguns casos, até cinco. 

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Atendentes informaram que observaram um aumento no número de pessoas com sintomas gripais buscando por testes de Covid, além daqueles que foram até os estabelecimentos para saber se estão ou não com a doença antes de participar de reuniões com familiares e amigos para comemorar as festas de final de ano.

Outro motivo é a necessidade de um laudo com resultado negativo para poder viajar. 

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que testes positivos voltaram a subir durante as festas de fim de ano, de acordo com o monitoramento da Abrafarma (associação que reúne grandes redes farmacêuticas).

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O total de positivos saltou de 524 no dia 1º de dezembro, quando 10 mil exames foram feitos, para 5.334 em 29 de dezembro, quando houve 31.332 exames –o equivalente a 5% e 17% do total, respectivamente. O levantamento abrange 3.000 farmácias do país. 

O escritor Fábio Saraiva passou por duas farmácias no litoral paulista e sete na capital para que pudesse encontrar um teste para a Covid. Após todos completarem o ciclo vacinal, ele e os amigos decidiram voltar com o futebol que haviam interrompido no início da pandemia. Um deles, porém, descobriu dias depois que estava infectado com o coronavírus, o que fez com que o escritor tivesse que buscar um teste. 

Saraiva recebeu a notícia no Natal, sábado (25), quando estava em Itanhaém, litoral sul de São Paulo, com a família. Começou por lá sua peregrinação em busca de um teste que pudesse atestar se estava ou não infectado. 

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As duas farmácias que visitou só poderiam realizar o teste na segunda-feira, dois dias depois. A atendente de uma delas ainda verificou a agenda de outra unidade no próprio município e nas cidades de Mongaguá, Praia Grande e Peruíbe, mas nenhuma tinha disponibilidade para atendê-lo. 

De volta a São Paulo, escutou da maioria delas que só poderia ser atendido em dois dias. Em uma, a farmácia havia feito tantos testes que tinha acabado parte do material. 

No dia seguinte, domingo (26), em sua nona tentativa, encontrou uma unidade que tinha disponibilidade imediata, sem necessidade de agendamento. Lá conseguiu fazer o teste antígeno para a Covid e para influenza. 

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"Nós estamos em uma pandemia. Talvez em um dos países que menos testou proporcionalmente. E então você começa a perceber que se quiser se testar, onde? Como? Quando? Você não consegue", diz Saraiva.
As drogarias oferecem os testes rápidos de antígeno, que verificam se a pessoa está infectada pelo vírus no momento da testagem. Além destes, estão disponíveis os testes de sorologia para indicar se o paciente está ou já foi infectado. 

Os testes antígeno são oferecidos nas modalidades "swab" e "oral". No primeiro caso, a amostra é colhida por meio de um cotonete introduzido pelas narinas. No segundo, é retirada da região da garganta pela boca. Os resultados saem em cerca de 15 minutos. Também são oferecidos testes que detectam influenza tipo A e B.

A capital paulista viu um aumento das hospitalizações por Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave) nas últimas semanas. Segundo dados do Painel da Covid da Secretaria Municipal da Saúde, o número de internações por gripe atingiu 24,5% do total das causadas pelos sintomas de síndrome gripal na rede pública para a última semana epidemiológica (de 19 a 25 de dezembro). 

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De 363 casos de Srag, 149 são causados pela influenza. Na semana anterior (12 a 18 de dezembro), foram 243 casos de influenza, cerca de 22,5% do total de 973 internações. No mesmo período, as internações por Covid tiveram queda de 15% em relação à semana anterior (12 a 18 de dezembro). 

Alguns dias depois, porém, o número de internações começou a subir. Em 28 de dezembro o estado registrou 581 novas hospitalizações, atingindo a marca de 1.015 pacientes em leitos de UTI. O patamar de mil internações, porém, já havia sido ultrapassado na véspera do Natal, em 24 de dezembro. 

Já a média móvel semanal havia quase dobrado em dezembro em São Paulo: pulou de 283, na primeira semana do mês, para 465 em 28 de dezembro, segundo dados do Infotracker, projeto da USP (Universidade de São Paulo) e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) que monitora a pandemia. 

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O médico André Ricardo Ribas Freitas, professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic, observou aumento no número de pacientes com sintomas gripais após as festas de fim de ano. 

O professor acredita que a dificuldade para se encontrar locais para realizar o teste é devido ao crescimento de casos decorrentes da variante ômicron, somado ao vírus influenza e às festas de fim de ano, que criam o cenário adequado para a disseminação dos vírus. 

Freitas salienta que em caso de sintomas gripais os procedimentos continuam os mesmos: se isolar até que tenha o resultado de um teste identificando a doença. No caso de gripe, o professor recomenda um isolamento de cerca de sete dias para diminuir a circulação do vírus. 

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"O isolamento vai atrasar um pouco a propagação e diminuir o risco de uma sobrecarga no sistema hospitalar. Apesar de a influenza levar a menos hospitalizações, os pacientes com doenças crônicas, os idosos, as gestantes e as crianças pequenas têm um risco para agravamento que não é desprezível", diz Freitas.

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