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Cotidiano

Morte de congolês: Polícia Civil do Rio coloca investigação sob sigilo

Jovem de 24 anos foi assassinado na Barra da Tijuca, no Rio; morte causou comoção nas redes sociais

Bruno Hoffmann

01/02/2022 às 12:21

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Moise Mugenyi Kabagambe nasceu no Congo e foi assassinado no Rio

Moise Mugenyi Kabagambe nasceu no Congo e foi assassinado no Rio | /Reprodução

A Polícia Civil do Rio de Janeiro colocou sob sigilo a investigação da morte do jovem Moise Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, assassinado na praia da Barra da Tijuca, na capital fluminense. A Delegacia de Homicídios diz que analisa imagens e ouve testemunhas para identificar e prender os autores. A informação é do repórter Renato Souza, do "Portal R7".

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Segundo familiares do jovem, encontrado morto, ele teria sido espancado  pelo gerente e funcionários do Quiosque Tropicália após pedir salários atrasados no quiosque onde trabalhava como ajudante de cozinha.

A comunidade congolesa no Brasil divulgou uma carta de repúdio afirmando que Kabagambe foi espancado por cinco pessoas, entre elas o gerente do quiosque, com um taco de beisebol.

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"Esse ato brutal não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas contra os estrangeiros", diz a nota de repúdio, lembrando que o Brasil é signatário de convenções que garantem a proteção dos direitos humanos.

"Por isso exigimos a justiça para Moise e que os atores do crime junto ao dono do estabelecimento respondam pelo crime! Combater com firmeza e vencer o racismo, a xenofobia, é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática".

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, de 2011 a 2020, 53.835 pessoas foram reconhecidas como refugiadas no Brasil, das quais 1.050 delas eram congolesas, ou seja, 2% do total.

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São pessoas que buscaram abrigo no país fugindo de conflitos armados no Congo e de violações dos direitos humanos.

No sábado (29), amigos e familiares do jovem fizeram uma manifestação em frente ao quiosque. Eles seguravam cartazes pedindo justiça e dizendo que a comunidade congolesa no Brasil não vai se calar.

"Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Mataram ele. Quero só justiça", disse Ivana Lay, mãe do jovem, ao "Bom Dia Rio", da TV Globo.

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"Uma pessoa de outro país que veio para cá para ser acolhido e vocês matam ele porque pediu o salário? Porque ele falou que estão devendo?", questionou Chadrac Kembilu, primo de Moise.

Nas redes sociais, a morte do jovem gerou comoção. "Esse ato brutal não manifesta somente racismo estrutural da sociedade brasileira, mas também a xenofobia em sua pior forma. Exigimos justiça para Moise, seus familiares e amigos", publicou nas mídias sociais o Instituto Marielle Franco.

"Absurdo, revoltante e inaceitável o caso do imigrante congolês Moise que estava apenas cobrando o pagamento de seu salário num quiosque na Barra da Tijuca e foi assassinado a pauladas. O racismo segue destruindo vidas em nosso país! Queremos justiça!", escreveu a ex-deputada Manuela d'Ávila (PCdoB).

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Em nota, a Polícia Militar diz que policiais passavam pelo local do crime, no dia 24, quando avistaram uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e decidiram verificar o que estava acontecendo. Como Moise já estava morto, os agentes acionaram então a Polícia Civil para investigar o caso.

A Polícia Civil, por sua vez, afirma que analisou câmeras de segurança para apurar o crime e identificar os responsáveis.

A Folha entrou em contato com o quiosque Tropicália, onde Moise trabalhava, mas não obteve resposta até a conclusão da reportagem.

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