A+

A-

Alternar Contraste

Sexta, 20 Setembro 2024

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta

Cotidiano

Jovem negro é espancado após ser acusado de roubar seu próprio carro

Em um áudio supostamente gravado pelo agressor, ele conta, aos risos, que pensou se tratar de um ladrão de carro

Bruno Hoffmann

22/12/2021 às 17:24

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
Momento da agressão em Açailândia

Momento da agressão em Açailândia | Reprodução

Um jovem negro de 23 anos foi espancando após ser acusado por um homem e uma mulher brancos de roubar um carro no município de Açailândia, no Maranhão. Entretanto, o veículo era de propriedade da vítima agredida, que agora cobra justiça pela violência sofrida.

Continua depois da publicidade

A reportagem obteve imagens que comprovam as agressões, ocorridas no último sábado (18), por volta das 6h30. A Polícia Civil do Maranhão informa que o caso está sendo investigado pelo 1° Distrito Policial de Açailândia e reforça que as partes envolvidas serão ouvidas -a corporação não divulgou os nomes dos agressores.

Veja o vídeo da agressão no site do portal Imirante.

A vítima é Gabriel da Silva Nascimento, que trabalha como recepcionista de uma agência da Caixa na cidade. Ele conta que, no dia da agressão, tinha descido do condomínio onde mora para vistoriar o carro, já que faria uma viagem para encontrar colegas para uma confraternização no município de Governador Edison Lobão.

Continua depois da publicidade

"Foi então que fui surpreendido pelo casal. Eles me perguntaram o que eu estava fazendo, já em um tom intimidador. Eu, já com as mãos levantadas, falo que estou observando o carro para sair. Me identifiquei que morava ali, que era inquilino e que o carro era meu, e a chave estava na ignição. Mas eles começaram a me agredir fortemente", disse Gabriel.

Segundo a vítima, a mulher mora no mesmo condomínio que ele.

O vídeo mostra Gabriel sendo abordado pela dupla. Logo após se afastar com as mãos para cima, ele é segurado e leva uma rasteira do homem. Em seguida, o agressor chuta e pisa na vítima.

Continua depois da publicidade

Um segundo vídeo mostra que o agressor coloca o pé sobre o pescoço de Gabriel. "A mulher pediu para que ele me segurasse até a polícia chegar. Naquele momento senti que iria morrer", conta, citando que só foi salvo após um vizinho intervir.

"Ele apareceu e perguntou o que estava ocorrendo. Aí ele chamou a mulher e disse que eu era inquilino e o carro era meu", lembra.

Em um áudio supostamente gravado pelo agressor, ele conta, aos risos, que pensou se tratar de um ladrão de carro -ele diz que eram 6h30 e que a vítima estava com uma chave de fenda na mão.

Continua depois da publicidade

"O que quero é justiça. É revoltante uma situação dessas. Isso ocorreu só por acharem que um negro franzino, como eu, não pode ter um carro. Isso não pode ocorrer mais com as pessoas. Isso é racismo, é crime", afirmou a vítima.

O caso revoltou colegas e amigos de Gabriel.

"Ele trabalha aqui na Caixa com a gente há quase 3 anos. Está contratado como recepcionista, faz a triagem e direciona os clientes. Ele começou ainda como estagiário bolsista, é uma pessoa muito tranquila. Todo mundo gosta dele, e ninguém entendeu a forma como ele foi tratado", conta Francisco Souza, que é funcionário concursado da Caixa e delegado sindical de Açailândia.

Continua depois da publicidade

Advogado da vítima, Marlon Reis disse à reportagem que vai defender o jovem para qualificar o caso como injúria racial.

"Em primeiro lugar nós vamos lutar para que o caso seja enquadrado como injúria racial, e não como simples injúria. Ele foi vítima de injúria racial e de graves lesões físicas. Na verdade, até atentaram contra a vida dele porque tentaram asfixiá-lo com os pés e com o braço, como dá para ver nos vídeos", diz.

O jovem também está sendo apoiado pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, que organiza -junto com outras entidades locais, como o sindicato dos bancários do Maranhão- um ato em apoio ao jovem. "Nossa intenção é dar visibilidade e produzir justiça", diz convocação do ato.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados