A+

A-

Alternar Contraste

Sábado, 23 Novembro 2024

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta

Cotidiano

Canto da Ema ameaça fechar e pede socorro pela internet

Tradicional casa de forró da zona oeste de SP criou vaquinha virtual para manter as atividades: 'As dívidas e empréstimos estão nos sufocando'

Bruno Hoffmann

02/06/2021 às 20:36

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
Canto da Ema é uma casa dedicada ao forró em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo

Canto da Ema é uma casa dedicada ao forró em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo | /Reprodução/Canto da Ema

O Canto da Ema, tradicional casa de forró em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, criou uma vaquinha virtual para manter o espaço em funcionamento. O motivo é igual a de muitos outros espaços culturais da Capital: as dificuldades em pagar as dívidas por causa das consequências econômicas e sociais causadas pela pandemia da Covid-19.

Continua depois da publicidade

“As dívidas e empréstimos estão nos sufocando e não temos mais de onde tirar. Postergamos ao máximo pedir qualquer tipo de ajuda, mas se ela não vier, muito provavelmente fecharemos as portas. Precisamos de um patrocínio ou mecenas ou ajuda com contribuições”, disse Paulinho Rosa, um dos proprietários do lugar.

Para isso, os administradores do espaço criaram uma vaquinha coletiva na plataforma Abacashi (abacashi.com/p/salveocantodaema), com a meta de arrecadar R$ 532 mil. Até esta quarta já haviam sido arrecadados R$ 6,3 mil.

Continua depois da publicidade

Em conversa com a Gazeta, Paulinho Rosa explicou o momento financeiro delicado do Canto que, além do preço do aluguel e do IPTU (“pelo Canto estar na região da Faria Lima é caríssimo, quase um aluguel por mês”), ainda teve a questão dos empréstimos para pagar os funcionários. Segundo ele, houve zero arrecadação financeira desde março de 2020.

“Em março do ano passado a gente resolveu fechar e achou que só iria reabrir muitos meses depois, então fizemos uma reunião e demos demissão para todos os funcionários, para eles terem acesso ao seguro desemprego e, principalmente, ao fundo de garantia. A gente tinha cerca de 30 funcionários, e muitos com mais de 10 anos de casa. Precisamos pedir empréstimos para pagá-los. De dezembro para cá virou um desespero pagar o aluguel, o IPTU e os empréstimos”.

A intenção, garantiu, é recontratar todos os funcionários assim que a casa se restabelecer.

Continua depois da publicidade

Paulinho também disse que, pela questão da dança, os espaços de forró devem ser o último espaço cultural a serem abertos após a pandemia. “Samba você pode dançar sozinho. Show, você assiste sentado. Forró, não. Forró você cola. Você cola o rosto. Ninguém vai dançar de faceshield”. A expectativa é que o espaço só possa voltar a funcionar em fevereiro do ano que vem, prazo que o Governo de São Paulo estabeleceu para vacinar em primeira e segunda doses toda a população adulta do Estado.

Agora, com a intenção de arrecadar pouco mais de R$ 500 mil para manter as atividades, o Canto vai contar com a ajuda de importantes nomes da música popular. Paulinho adiantou que Elba Ramalho, Zeca Baleiro, Tato, Mariana Aydar, Flavio José, entre outros, já prometeram gravar mensagens de apoio à causa.

Ele contou que ficou receoso e constrangido de pedir ajuda antes, mas era incentivado pelos próprios frequentadores a abrir meios de socorro financeiro coletivos.

Continua depois da publicidade

“Os frequentadores têm uma relação de vida com este lugar. Uma relação de amores, de amizades, de conhecer gente para toda a vida, de extravasar. É um lugar onde as mulheres sempre se sentiram seguras de irem mesmo sozinhas. É um lugar que não teve uma briga relevante desde 2005. No Canto as pessoas se sentiam em casa”.

Caso de sucesso

Em março deste ano, o Ó do Borogodó, bar de samba e choro da Vila Madalena, também quase fechou as portas, mas foi salvo por uma vaquinha virtual. Quinze dias depois de anunciar o fechamento, os responsáveis pelo estabelecimento celebraram  que a vaquinha on-line para manter o espaço aberto – criada após a comoção pela notícia do fim das atividades – foi bem-sucedida, e que o Ó deve se manter no mesmo lugar.

Continua depois da publicidade

“Há 15 dias anunciamos o fim. Há 11 dias, movidos pelo apelo de tantos, anunciamos o início de uma vaquinha. Que feito… Vocês são incríveis!!! Mandaram de volta todas as felicidades colhidas nesses 20 anos de roda”, comemorou o perfil do bar pelas redes sociais.

De acordo com Stefania Gola, uma das responsáveis pelo espaço, a campanha arrecadou R$ 284 mil, um pouco menos do que a meta de R$ 300 mil – e esse valor deveria aumentar, já que aguardavam novas compensações.

“Os tempos são difíceis, as negociações continuam internamente mas seguimos muito maiores do que há 15 dias. Viva o Ó! Viva os músicos do Ó! (os maiores do mundo!) Viva cada um de vocês que colaborou com dinheiro, com compartilhamento, com divulgação!”, comemorou o perfil do bar.

Continua depois da publicidade

A notícia também foi festejada por artistas que já se apresentam no local, como a cantora Fabiana Cozza, que fez uma campanha ativa pedindo doações para o espaço. “E a boa notícia é: o Ó do Borogodó vai ficar. Juntos somos fortes! Juntos somos muitos!” , escreveu a cantora em seu perfil no Instagram.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados