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Cotidiano
A conclusão reforça a necessidade da vacinação no público infantil
26/01/2022 às 13:37 atualizado em 26/01/2022 às 13:39
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Vacinação de crianças | Governo do Estado de São Paulo
Quatro em cada dez crianças e adolescentes avaliados em estudo do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo continuam sofrendo efeitos prolongados da Covid nas 12 semanas seguintes à infecção.
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A conclusão reforça a necessidade da vacinação desse grupo como medida preventiva e de acompanhamento dos infectados por um período maior.
Ela se soma a um conjunto de evidências que tem demonstrado que, assim como os adultos, o público infantojuvenil também pode sofrer os efeitos da chamada Covid longa, entre os mais sérios miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e diabetes.
No estudo do HC, foi acompanhado por quatro meses, em média, um grupo de 53 crianças e adolescentes de 8 a 18 anos que tiveram Covid sintomática. No total, 43% delas manifestaram sintomas persistentes.
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Entre eles, dor de cabeça (19%), cansaço (9%), dispneia (8%) e dificuldade de concentração (4%). Dores musculares e nas articulares, além de má qualidade do sono, também foram relatadas (4%).
Desse total, um quarto das crianças continuou tendo pelo menos um dos sintomas após 12 semanas e foi classificado como tendo Covid longa.
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O estudo, publicado na revista científica Clinics, contou também um grupo controle de crianças sem infecção por Sars-CoV-2. Ambos foram equilibrados por idade, sexo, etnia, condição social, IMC e doenças crônicas pediátricas.
"Esses sintomas trazem grande impacto na qualidade de vida dessas crianças e prejuízos escolares, já que existe um déficit de concentração", afirma o pediatra Artur Delgado, coordenador da UTI do Instituto da Criança e do Adolescente do HC.
As crianças seguem sendo supervisionadas, a cada seis meses, por uma equipe multidisciplinar e multiprofissional em um novo ambulatório montado no instituto.
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Outro alerta recente sobre os efeitos prolongados da Covid no público infantojuvenil veio dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA no início deste mês. A doença foi relacionada a um risco duas vezes e maior de desenvolvimento de diabetes em crianças.
Os pesquisadores examinaram bancos de dados de seguros de saúde e compararam novos diagnósticos de diabetes em crianças que tiveram e que não tiveram Covid. A suspeita é que a doença surja por danos no pâncreas provocados pelo Sars-CoV-2.
Segundo Sharon Saydah, pesquisadora dos CDC, ainda não está claro se os casos de diabetes pós-Covid serão permanentes ou temporários. É bom reforçar, no entanto, que a doença não é o único fator de risco para a diabetes. O sedentarismo aumentou durante a pandemia e isso levou ao aumento de peso nas crianças, o que também pode ter contribuído para a alta dos casos da doença.
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Os efeitos agudos graves da doença, embora sejam raros, também preocupam. A taxa de mortalidade brasileira pela síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) está em 6%, quatro vezes superior à registrada pelos Estados Unidos.
Desde o início da pandemia, essa síndrome já acometeu 1.450 crianças e adolescentes no Brasil, com 86 mortes, segundo o último boletim do Ministério da Saúde.
A síndrome costuma aparecer de duas a seis semanas após uma infecção por Covid-19 geralmente branda e pode resultar em hospitalização para crianças, com sintomas graves que envolvem o coração e outros órgãos.
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"A Covid não é tão frequentemente grave nas crianças quanto nos adultos, mas pode ser muito grave e deixar sequelas, como as miocardites. O risco é muito maior de sequela devido à doença do que qualquer efeito da vacina", afirma Delgado.
Uma revisão de dados de 5 milhões de crianças vacinadas nos EUA mostrou uma taxa de 0,05% de efeitos adversos, a maioria brandos, como dor no local da aplicação, febre e cefaleia.
O Hospital Infantil Sabará, de São Paulo, também está avaliando a persistência de sintomas da Covid em crianças internadas na instituição durante a pandemia, mas o trabalho ainda está em andamento.
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No Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR), a maior instituição pediátrica do país que atende SUS, foi criado um ambulatório cardiológico para acompanhar os casos de miocardite após a fase aguda da Covid.
Os efeitos não param por aí. "Estamos vendo muitas crianças tendo crises de enxaqueca, desenvolvendo diabetes tipo 1, neuropatia periférica, quada de cabeça e com quadros de depressão e ansiedade", conta Victor Horácio de Souza Costa, infectologista pediátrico do Pequeno Príncipe.
Segundo ele, a doença também traz muitas manifestações clínicas na fase aguda, como insuficiência respiratória, meningite e síndrome nefrótica (perda de proteína pela urina), e é fundamental que a criança continue sendo acompanhada por um período após a infecção.
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Ainda não se sabe, por exemplo, se os efeitos que ainda persistem serão permanentes ou vão desaparecer com o tempo.
"Tivemos crianças com miocardites que evoluíram muito bem e outras que estão sendo acompanhadas há quase um ano, com muita dificuldade da normalização do músculo cardíaco", explica Costa.
O menino David, 8, faz parte do primeiro grupo. Ele desenvolveu miocardite após a infecção por Covid, ficou um ano sendo acompanhado no ambulatório cardiológico do Pequeno Príncipe e agora já está recuperado.
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A mãe, Sara de Souza, 37, conta que a inflamação do músculo cardíaco foi diagnosticada durante a internação. "O coração dele estava bem fraquinho." David ficou 13 dias internado, oito deles na UTI, intubado.
Sara diz que não vê a hora de o filho ser vacinado contra a Covid. "Se eu pudesse sair gritando: vacinem, vacinem suas crianças para não passar o que eu passei, eu faria isso. As pessoas ainda acham que com as crianças não acontece nada."
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