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Cotidiano
A decisão ocorre após o jogador ter feito uma postagem em sua conta no Twitter que foi considerada homofóbica
27/10/2021 às 17:06
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A decisão foi anunciada nesta quarta após pressão de patrocinadores e internautas | Miriam Jeske/COB/Direitos Reservados
O Minas Tênis Clube anunciou nesta quarta-feira (27) que rescindiu o contrato com o jogador de vôlei Maurício Souza. O jogador da Seleção Brasileira fez publicações consideradas homofóbicas em seus perfis no Twitter.
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O jogador chegou ainda a tentar uma retratação em uma nova postagem, mas a manifestação não foi considerada de fato um arrependimento pelos internautas. O clube, então, decidiu encerrar o compromisso com o central de 33 anos.
O Clube fez ainda um comunicado oficial em sua conta no Twitter para informar sobre a decisão.
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COMUNICADO OFICIAL - MAURÍCIO SOUZA
— Minas Tênis Clube (de ????) (@MinasTenisClube) October 27, 2021
O Minas Tênis Clube informa que o atleta Maurício Souza não é mais jogador do Clube.
Há duas semanas, o jogador manifestou seu descontentamento com o anúncio da DC Comics de que o novo Super-Homem, filho do Super-Homem original, vai se descobrir bissexual nas próximas edições dos quadrinhos. "Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar", escreveu.
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Deu-se, então, uma discussão virtual com Douglas Souza, seu companheiro na seleção brasileira e membro da comunidade LGBTQIA+. A situação cresceu a ponto de a Fiat e a Gerdau, que bancam os times feminino e masculino de vôlei do Minas, cobrarem do clube uma posição firme sobre o assunto.
A diretoria publicou na segunda-feira (25) uma nota considerada branda e tardia, na qual condenava a homofobia, mas defendia que "todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais". Apontava ainda que havia conversado "internamente" com o central.
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O texto não satisfez boa parte da opinião pública e incomodou os patrocinadores. Em notas separadas, bem mais duras do que a apresentada pelo Minas, a Fiat e a Gerdau pediram na terça (26) a tomada de "medidas cabíveis". No caso da Fiat, as palavras foram em tom de cobrança por uma solução "no espaço mais curto de tempo possível".
Ainda na terça, os dirigentes tiveram uma reunião com esses patrocinadores e decidiram pelo afastamento. Houve uma reação negativa de parte do elenco. Chegou a circular a informação de que o capitão William havia redigido uma carta, assinada por todos os companheiros -entre eles o abertamente gay Maique-, ameaçando deixar a equipe se o contrato de Maurício fosse rescindido.
"Calma, gente. Eu não assinei nada!", publicou Maique, que costuma chamar o companheiro de "amigo" apesar de considerar "burrice" seu posicionamento homofóbico. "Continuo lutando pelos meus direitos e de toda a nossa comunidade. Tem coisas [com] que não compactuo e não aceito", acrescentou. "As coisas estão aí, e todo o mundo está vendo. Não tem como passar pano."
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O líbero ainda republicou a nota oficial da Fiat e agradeceu: "Muito obrigado, seguimos juntos lutando". Antes, Douglas Souza, que está atuando no Vibo Valentia, da Itália, havia publicado mensagem semelhante, celebrando o posicionamento das empresas. E atletas como Carol Gattaz, que defende a equipe feminina do Minas, adotaram o mesmo tom.
"Homofobia é crime. Racismo é crime. Respeito é obrigatório. Está na lei, garantido pela Constituição. Já toleramos desrespeito, gracinhas e preconceitos disfarçados de opinião por muito tempo. Chega!", escreveu Gattaz, que já teve relações públicas com mulheres. "Homofobia é crime", repetiu a ex-jogadora Fabi Alvim, bicampeã olímpica.
Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, com quem se encontrou recentemente em Brasília, Maurício Souza tem um histórico de declarações e publicações consideradas homofóbicas. A mais recente, pela repercussão, causou um incômodo maior nos patrocinadores do Minas, cuja pressão sobre os dirigentes não foi meramente protocolar.
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