Uso de celular no trânsito tornou-se uma 'pandemia' aparentemente incontrolável
Uso do celular durante a condução de um veículo já é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos maiores causadores de acidentes do planeta.
Apenas 20% dos condutores brasileiros admitem que utilizam o celular enquanto dirigem; no entanto, a OMS estima que essa parcela é muito maior, beirando 90%.
Com sede na cidade de São Paulo, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) define a prática do uso do celular à direção pela sigla FAC de Falhas de Atenção ao Conduzir.
Para a Abramet, a FAC é um fator de risco em ascensão, abrangendo situações que causam desvio momentâneo e potencialmente letal.
Associação acrescenta que a conjunção 'celular e direção' foi determinante para o aumento de ocorrências de trânsito a partir da primeira década deste século e lista três fatores técnicos envolvendo o ato de usar o celular ao volante:
Operacional - manusear o aparelho celular por si só já representa uma fonte de distração, mesmo que o veículo seja dotado de transmissão automática, viva-voz, Bluetooth, fones de ouvido e outros dispositivos modernos.
Psicológico - a falha de atenção que resulta de conversas ou digitalização telefônicas é influenciada pela natureza do próprio diálogo, envolvendo emoção, afeto ou discussão, alterando assim a capacidade de administrar a condução veicular com a competência necessária.
Cognitivo - uma conversa no celular mantém a atividade mental direcionada à chamada mesmo após o término da ligação; se o veículo estiver a 100 km/h, percorrerá mais de 90 metros sob o 'efeito pós-chamada'.
Nas últimas décadas, a tecnologia de conectividade dos veículos cresceu, com a popularização de dispositivos como o Bluetooth, que permite conversar sem segurar o celular; isso de certa forma ajudou na diminuição de incidentes no trânsito e no número de multas.
Entretanto, a evolução da conectividade nos veículos estimula um comportamento ainda mais prejudicial do que falar ao celular enquanto dirige. Fotos: Pexels/Texto: Mariana Ribeiro