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A hanseníase é sorrateira: a bactéria não é detectada em exames de laboratório – o diagnóstico é clínico | Arte: Gazeta de S.Paulo
Não sentir dor parece ser uma dádiva: afinal, quem gosta? Mas sem essa sensação corremos mais risco de nos machucarmos, às vezes até com gravidade. Por isso, um dos primeiros sintomas da hanseníase, doença causada por uma bactéria, é a perda ou alteração da sensibilidade na pele: deixamos de ter a sensação de dor ou queimadura, por exemplo.
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“Essa bactéria tem uma condição especial: ela entra nos nervos periféricos e os lesiona, causando perda de sensibilidade, dormência ou formigamento”, avisa o dermatologista Claudio Guedes Salgado, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH).
O número de casos da doença, que antes era conhecida como lepra, de acordo com dados do Ministério da Saúde, vinha caindo até 2016, mas depois passou a aumentar. Em 2016 foram registrados 25.214 casos, e, em 2018, dados mais recentes, esse número subiu para 28.657. Mas bem antes disso, eles eram bem maiores – passaram a cair vertiginosamente quando o Brasil se comprometeu, em um acordo com a Organização Mundial de Saúde, a eliminar a doença como problema de saúde pública até os anos 2000. “Só esqueceram de avisar a bactéria”, disse Salgado.
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A hanseníase é sorrateira. Primeiro, a bactéria não é detectada em exames de laboratório – o diagnóstico é clínico. Outro detalhe é que os sintomas aparecem de três a cinco anos depois do contato com a bactéria, e eles aparecem de maneira gradual, como a perda ou alteração de sensibilidade. “Os pacientes convivem com eles por anos, e podem até passar despercebidos”, afirmou Salgado. Há também a perda na força das mãos, como não conseguir segurar objetos, nos pés e até na face. Os primeiros sinais visíveis, as manchas pelo corpo com alterações na sensibilidade, vêm bem depois. “É quando a maioria dos pacientes procura atendimento médico”.
Neste estágio, a hanseníase já está na sua forma mais avançada, mas isso não significa que não pode ser curada. “O atual tratamento cura 70% dos casos. Os pacientes tomam de dois a três antibióticos, por seis a 24 meses, dependendo do caso”, afirmou. Os medicamentos são distribuídos gratuitamente pelo SUS. Caso o paciente não receba tratamento, a doença chega a causar incapacidade física, inclusive com perda de membros, e até cegueira.
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O cuidado é importante, mas nem tudo são espinhos: embora a transmissão da doença seja pelo ar, a contaminação não é imediata. Segundo Salgado, é necessário um tempo longo de exposição ao agente causador para ficar doente. “Imagine uma casa onde moram cinco pessoas, e uma delas está doente. Elas passam boa parte do tempo juntas respirando o mesmo ar, a chance de adoecer é maior”. Por isso, uma das formas de barrar a contaminação é evitar aglomerações em locais fechados, e manter o sistema imunológico em dia. “Apenas 20% das pessoas ficam doentes, as outras 80% que não adoecem já devem ter entrado em contato com a bactéria um dia, e o sistema imunológico evitou a infecção”. Assim, sentir dor ao se ferir ou se queimar é sinal que seus nervos estão funcionando a todo vapor!
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