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Cotidiano

Cresce o consumo de álcool na pandemia

O mesmo vale para o tabaco: o uso dessas substâncias aumentou durante o isolamento social, e isso não é bom

20/06/2020 às 01:00  atualizado em 24/06/2020 às 10:52

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D documento amplia para 12 horas diárias o funcionamento do comércio

D documento amplia para 12 horas diárias o funcionamento do comércio | Radovan/Unsplash

O ditado 'eu vou beber para esquecer meus problemas' parece ter se tornado quase um mantra para uma parcela da população. Segundo uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a ConVid - Pesquisa de Comportamentos, divulgada em maio, 18% dos entrevistados disseram ter consumido mais bebida alcoólica durante a pandemia.

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"As pessoas têm se queixado de ansiedade, tédio e depressão. Como estamos em uma fase de muita insegurança, elas usam essas substâncias [álcool e tabaco] para aliviar esses sentimentos", afirma a psicóloga Renata Brasil Araújo, presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas).

O motivo que faz aumentar o consumo de álcool é a sensação - temporária - de bem-estar que ele provoca. "No início, o álcool dá uma sensação de relaxamento, porque ele deprime uma área do nosso cérebro responsável pelo 'freio' que controla nossa impulsividade. Logo que começa a beber, a pessoa fica mais solta, um pouco mais divertida, mas como é uma droga depressora do sistema nervoso central, vai deprimindo outras áreas do nosso cérebro". O problema é não saber a hora de parar: em doses maiores, o álcool causa desmaios e até estado de coma.

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Essa falta de controle da impulsividade causa outro problema ainda mais grave: o aumento da violência, especialmente a violência doméstica. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontam um crescimento de quase 45% nos atendimentos às mulheres vítimas de violência durante a pandemia, e houve 46,2% mais feminicídios do que em 2019. "As pessoas já estão enclausuradas, com contato com menos gente, e acabam tendo que conviver muito mais, o que gera uma intolerância maior".

O consumo de tabaco também cresceu com a pandemia. Uma pesquisa realizada pelo curso de Fisioterapia da Unoeste, em parceria com a Medicina Guarujá, apontou um dado preocupante. Entre os brasileiros que já fumam, 46% deles disseram fumar mais nesse período: 37,5% deles aumentaram o uso em até dez cigarros ao dia, e 6%, 20 cigarros diários. "Os motivos para esse crescimento são os mesmos do caso do álcool. Inclusive minha tese de doutorado foi sobre a fissura do cigarro. No caso das mulheres, essa fissura está muito associada com o alívio de afeto negativo: eu vou fumar para parar de me sentir mal, aliviar minha tensão, minha ansiedade", explica Araújo.

Em ambos os casos, usar álcool ou tabaco para aliviar a ansiedade não é uma boa ideia: ambos contribuem para prejudicar o sistema imunológico, fundamental para combater o coronavírus. Mas há tempo de reverter e reduzir esses danos. "É bom combinar a quantidade que vai usar por dia, ou beber somente nos finais de semana. São medidas interessantes e importantes. A mesma coisa é com relação ao cigarro. Estabelecer metas, diminuir a quantidade aos poucos. Se a pessoa conseguir consumir menos, reduzir os danos, é uma forma de proteção". Com esses cuidados, além do uso da máscara e de lavar as mãos, conseguiremos passar pela pandemia com a saúde em ordem.

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Remédio antialcoólico some das farmácias

O dissulfiram, medicamento utilizado para os dependentes do álcool, parou de ser fabricado no Brasil. Ele cria uma aversão à bebida, o que evita seu consumo por parte dos dependentes da substância, mas ele deixou de ser fabricado - o que é um grande problema, especialmente na pandemia do coronavírus. Questionada pela reportagem, a farmacêutica Sanofi-Aventis, que produz o remédio, disse que comunicou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a descontinuação definitiva de fabricação do medicamento em virtude de problemas na obtenção regular da matéria-prima. Ele é um dos mais eficazes para o tratamento dos usuários, além de ser barato. A Abead lançou um abaixo-assinado para solicitar a volta da produção do fármaco. 

Reduzir é possível

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A pandemia do coronavírus causa insegurança em muita gente, mas não pode ser motivo para usar álcool ou cigarro para aliviar essa sensação ruim. Mas sempre é hora de começar um processo de redução no consumo, e os resultados serão colhidos aos poucos. Veja como começar:

1. Reduza a quantidade: no caso do álcool, use copos menores ou beba menos doses. Já o cigarro, estabeleça um prazo para diminuir aos poucos;

2. Não beba por dois dias seguidos: dê tempo para que seu corpo se recupere da ingestão do álcool. Para os tabagistas, determine quantas vezes ao dia você poderá fumar – e mantenha o plano;

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3. Sempre coma algo antes de beber, ou ingira álcool durante a refeição. Beber com o estômago vazio, além de lesionar o órgão por dentro, torna o efeito da bebida mais intenso. O consumo de água deve ser intensificado;

4. Saiba quando parar: não se deixe levar pela sensação boa que o álcool ou o cigarro trazem. Essa disciplina vai fazer muita diferença no futuro.

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