'A eleição acabou, e todos precisamos trabalhar juntos por São Bernardo', diz Marcelo Lima

Marcelo Lima (Podemos) venceu as eleições para a Prefeitura de São Bernardo do Campo, uma das cidades mais importantes do ABC Paulista, neste domingo (27/10). O triunfo, no entanto, não foi fácil no primeiro e tampouco no segundo turno.

Em 6 de outubro, data do primeiro turno, quatro candidatos ficaram com mais de 20% dos votos válidos: Lima, Alex Manente (Cidadania), Luiz Fernando (PT) e Flávia Morando (União Brasil). Já no segundo a vitória contra Manente só foi confirmada nas últimas urnas.

Nesse cenário de forças políticas distintas na cidade, Lima (que foi eleito e reeleito em 2016 e em 2020 como vice do atual prefeito Orlando Morando, do PSDB) entende que deve aprofundar o diálogo para conseguir governar do jeito pretendido. O foco principal é a Câmara, onde já tem maioria, mas que pretende dar espaço inclusive à oposição.

“Quero ser o prefeito que vai atender a todos os vereadores, até em respeito ao mandato de cada um”, revelou, em entrevista exclusiva à Gazeta nesta segunda-feira (28/10).

O mandatário eleito explicou ainda o que deve mudar em São Bernardo do Campo na questão da segurança pública, do emprego e renda e da relação com o governador Tarcísio de Freitas e com o presidente Lula (PT).

A eleição em São Bernardo foi muito equilibrada, com quatro candidatos se destacando nas urnas. Entende que vai conseguir unir forças dentro da Câmara Municipal?

Estou muito tranquilo quanto a isso, até porque a nossa coligação foi a que mais fez vereadores. Fez 12 dos 28, e já tivemos apoio no segundo turno de mais cinco, então são 17 vereadores. Já tenho a maioria para a governabilidade, mas é claro que vou dialogar com todos. Quero ser o prefeito que vai atender a todos os vereadores, até em respeito ao mandato de cada um. Oposição faz parte, tem que ter mesmo, e não vou fechar portas para ninguém.

O senhor prometeu dobrar o efetivo da GCM. É possível fazer isso em quanto tempo?

Queremos abrir o concurso público de imediato para fazer isso já no primeiro ano de governo. Pretendemos chegar a 1,6 mil homens e mulheres, que é o que a lei permite. Além disso, vamos dobrar o número de viaturas. Esse atual contrato em vigor na cidade [para as viaturas] foi um contrato que eu mesmo licitei como secretário, que é de locação. Antigamente, quando fui eleito como vice-prefeito e assumi em janeiro de 2017, tínhamos frota própria. Era algo absurdo, muito dinheiro público sendo desperdiçado. Agora vamos licitar e dobrar o número de viaturas, para poder comportar os 1.600 homens e mulheres que trabalharão na Guarda Civil Municipal.

Quais outras ações prioritárias para a segurança que pretende adotar?

Ao mesmo tempo, ao longo dos quatro anos de mandato entregaremos a cidade 100% monitorada por câmeras, com centro de monitoramento, para podermos avançar na segurança pública. E, paralelamente a isso, devo marcar uma reunião com o governador para discutir sobre a Operação Delegada para São Bernardo do Campo. Faremos também uma boa discussão para promover uma gestão compartilhada e harmônica entre a Guarda Municipal, a Polícia Civil e a Polícia Militar, para montarmos algo conjunto e sem vaidade. Inclusive, oferecerei à Polícia Militar e à Polícia Civil o acesso a todo esse investimento do monitoramento por câmera.

Qual é a expectativa da relação com o governador Tarcísio?

O governador é meu amigo. Eu o apoiei no segundo turno [nas eleições de 2022], após a derrota do Rodrigo Garcia. Declarei o meu apoio sem nenhum interesse político, mas por entender que era o melhor para São Bernardo e para o Estado. Ele sempre teve uma relação muito cordial comigo, e não tenho dúvida de que essa relação continuará mais fortalecida. São Bernardo é uma cidade de quase 1 milhão de habitantes, uma das maiores do País, e estou muito seguro de que a relação será muito boa.

E com o presidente Lula?

Não quero acreditar que teremos problema. São Bernardo é uma cidade industrializada. Temos as montadoras, como a Volkswagen, a Mercedes, a Scania. Temos agora também uma montadora de ônibus elétrico, que o próprio presidente Lula vem inaugurar. Quero ter uma relação muito cordial [com Lula], sem discutir ideologia partidária ou eleição. O que quero discutir é o que é melhor para o governo municipal, para a cidade, e dando todo o palanque para quem estiver ajudando São Bernardo. Acabou a eleição, e temos que todos, prefeito, governador e presidente, pensar em trabalhar juntos por São Bernardo, pelo Plano de Governo que entregamos para a população.

Qual foi a principal falha administrativa do atual prefeito, Orlando Morando, de quem o sr. é vice desde 2017, que pretende consertar na sua gestão?

Não credito como falha administrativa, até porque ele me apoiou no segundo turno e eu fui eleito e fui reeleito com ele. Projetei a cidade ao lado dele. E tínhamos muitos projetos. Mas no decorrer desses 8 anos fomos vendo que era humanamente impossível, principalmente pelo modo que pegamos a prefeitura em janeiro de 2017. Vamos colocar em práticas os projetos que não foram implantados por conta de problemas orçamentários e outras questões, e aperfeiçoaremos. E a partir de janeiro implementar o nosso Plano de Governo, para trazer novas empresas, gerar emprego, criar o Cartão Saúde São Bernardo e tudo o que nos comprometemos com a população.

Pode dar mais exemplos de novidades na gestão?

O Hospital Infantil Municipal e o Hospital do Idoso. Há também a Tarifa Zero de domingo e feriado, e assim vai indo. Vamos continuar como uma prefeitura que entrega o que está começando, o que está em obra e o que está terminando, sem paralisação de nenhum tipo de programa ou de obra que sejam boas para a população. Sempre daremos o crédito, sem querer ser o “pai” das obras iniciadas antes. Não haverá vaidade nesta próxima gestão.