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Imagens da delação premiada à Polícia Civil e ao MP foram obtidas com exclusividade pelo Fantástico, da TV Globo, com o portal g1 | Reprodução/TVGlobo
Um novo vídeo revela detalhes inéditos sobre o falso atentado contra José Aprígio (Podemos), ex-prefeito de Taboão da Serra, na Grande Sã Paulo, ocorrido durante a campanha eleitoral do ano passado.
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Gilmar de Jesus Santos, delator preso, afirmou que avisou ao grupo envolvido que o fuzil utilizado poderia perfurar a blindagem do carro.
As imagens dessa delação premiada à Polícia Civil e ao Ministério Público (MP) foram obtidas com exclusividade pelo Fantástico, da TV Globo, com o portal g1.
No depoimento, que durou cerca de 50 minutos, ele contou que foi contratado por Aprígio e seu grupo político para criar uma encenação que o ajudaria a se reeleger.
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Procurado por outros crimes, incluindo homicídio, Gilmar revelou que a delação dele, somada a outras provas, desencadeou a “Operação Fato Oculto”, realizada na última semana para prender suspeitos e cumprir mandados de busca e apreensão.
No vídeo, Gilmar explica que o plano era simular um atentado para gerar repercussão e sensibilizar eleitores.
"O combinado era dar um 'susto' que chamasse a atenção da mídia, que fosse parar no Fantástico. O prefeito sabia de tudo", afirma o delator.
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O suposto ataque aconteceu em 18 de outubro de 2024, quando Aprígio, então candidato à reeleição, foi atingido de raspão no ombro esquerdo por estilhaços de uma bala de AK-47. Seis disparos perfuraram a blindagem do carro em que ele estava.
"Eu avisei que o fuzil atravessava blindagem. Se era só para chamar atenção, havia risco de alguém ser atingido", relata Gilmar, que diz ter desistido do plano três vezes por pressentir que algo daria errado. "Senti algo ruim, que algo ia dar errado."
Ele contou que, com Odair Júnior de Santana, disparou contra o veículo onde estavam Aprígio e outras três pessoas. O ataque foi simulado com um carro vermelho.
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Segundo Gilmar, as conversas entre os envolvidos eram intermediadas por Anderson da Silva Moura, o “Gordão”, e Clóvis Reis de Oliveira. O pagamento pelo serviço seria de R$ 500 mil, valor que, segundo ele, foi fornecido pelo próprio Aprígio.
A ideia de usar um fuzil teria partido do ex-prefeito.
"Ele queria que parecesse real. Eu sugeri atirar no capô para evitar ferimentos, mas ele insistiu que fosse na lateral", conta Gilmar.
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Além disso, afirma que Aprígio entregou R$ 85 mil a secretários para o dinheiro chegar aos intermediários, responsáveis por comprar a arma usada.
"O fuzil era um AK-47, com dois carregadores: um com quase 50 balas e outro com 30", detalha o delator. Ele também assume ter disparado contra o pneu do carro. "Quando vi os primeiros tiros atingindo o vidro, tomei o fuzil e fiz o disparo. Depois, fui embora."
O motorista, um secretário e um cinegrafista que estavam no veículo saíram ilesos. O vídeomaker chegou a gravar imagens de Aprígio ferido, e, em menos de 30 minutos, um vídeo editado do suposto ataque já circulava na imprensa.
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"O videomaker, em vez de tentar socorrer o prefeito, que seria a coisa mais natural no mundo, ele se preocupa em fazer o quê? Filmar", destaca o delegado Hélio Bressan, responsável pela investigação.
Gilmar admitiu que aceitou participar do plano porque esperava conseguir um cargo público caso Aprígio fosse reeleito.
“Não queria prejudicar ninguém, só queria ser beneficiado de alguma forma. Meu interesse não era o dinheiro e, sim, um trabalho.”
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Além do ex-prefeito, 15 pessoas são investigadas por envolvimento no falso atentado, incluindo secretários municipais e o sobrinho de Aprígio, Cristian Lima Silva.
Ele já havia sido acusado de inventar um ataque a tiros em 2020, em Alagoas, para favorecer a candidatura do pai à prefeitura de Minador do Negrão.
Se for comprovado o envolvimento de todos, os investigados podem responder por associação criminosa, tentativa de homicídio, incêndio e adulteração de placa de veículo. As penas podem chegar a 30 anos de prisão.
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Após o falso atentado, Gilmar e Odair queimaram o Nissan March usado na ação. “Odair jogou gasolina e eu botei fogo”, diz Gilmar. O carro foi incendiado em Osasco, na Grande São Paulo.
O objetivo da simulação, segundo a polícia, era reverter a desvantagem de Aprigio no primeiro turno das eleições. Apesar disso, ele perdeu o pleito de 27 de outubro para Engenheiro Daniel (União Brasil).
Nas redes sociais, Aprigio chegou a divulgar que havia fraturado a clavícula no suposto atentado, e as imagens viralizaram.
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“No início, ele era tratado como vítima, mas as provas indicam que ele estava ciente do atentado forjado”, explica o promotor Juliano Atoji.
O atual prefeito de Taboão da Serra, Engenheiro Daniel (União Brasil) disse ter certeza de que foi um atentado forjado. Ele desabafou após uma entrevista coletiva.
Durante a operação, foram apreendidos mais de R$ 300 mil na casa de Aprígio. Ele não foi encontrado para comentar o caso. O advogado dele, Allan Hassan, alega que Aprígio é inocente.
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“Não faz sentido um homem de 73 anos aceitar ser baleado para tentar ganhar uma eleição. A verdade será esclarecida.”
Os réus Gilmar, Odair e Jefferson Ferreira de Souza tiveram prisão temporária decretada, mas Odair e Jefferson estão foragidos. Anderson e Clovis ainda não foram denunciados, mas o primeiro está preso, enquanto o segundo segue foragido.
A perícia analisa os celulares apreendidos dos investigados e o fuzil utilizado no crime ainda não foi localizado.
Outros acusados, como os ex-secretários municipais, negam participação e alegam erro nas investigações.
As defesas de alguns envolvidos afirmam que a acusação se baseia somente na delação de Gilmar, sem provas concretas como registros telefônicos ou imagens que comprovem a participação no crime. A reportagem tenta contato com defesa dos investigados.
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