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Cotidiano

Zé do Caixão não agradou militares nem ‘cinema intelectual’

Celebrado no mundo todo, José Mojica Marins morre em São Paulo aos 83 anos

Bruno Hoffmann

19/02/2020 às 19:33

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Zé do Caixão, o personagem célebre criado por José Mojica Marins

Zé do Caixão, o personagem célebre criado por José Mojica Marins | REPRODUÇÃO

Um dos cineastas mais originais e populares da história nacional, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, morreu nesta quarta-feira (19) por complicações de uma broncopneumonia. Ele tinha 83 anos.

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Nascido em São Paulo numa sexta-feira 13, de março de 1936, o diretor de mais de 40 filmes (quase todo de terror) precisou lidar com a censura da ditadura militar (1964-1985), que cortou total ou parcialmente várias de suas produções. Por outro lado, também era vítima da soberba de alas mais intelectuais do cinema nacional, que torcia o nariz para seus filmes, considerados popularescos demais.

Pelos fãs sempre foi amado – e temido, como cai bem a todo diretor de terror que se preze. “Zé do Caixão é o personagem mais famoso da história do cinema brasileiro, ao lado do caipira Mazzaropi”, escreveu o jornalista André Barcinski.

O cineasta só consegui o reconhecimento devido a partir da década de 1990, ao receber prêmios internacionais e ser colocado em uma galeria cult na Europa e nos Estados Unidos. Em 2001 ganhou até uma retrospectiva no norte-americano Festival de Sundance, dedicado a cineastas autorais.

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A cara de mau pela qual ficou conhecido era só para as câmeras. Nos bastidores era conhecido pela gentileza e bom humor. Após receber uma premiação nos Estados Unidos, no início da década de 1990, voltou dizendo que fora convidado para estrelar um clipe do Metallica e que faria um papel num filme do Batman. Não era verdade, mas se divertia contando mentiras inocentes do tipo.

BIOGRAFIA.

Nascido em São Paulo de uma família espanhola, José Mojica Marins ganhou aos 12 anos uma câmera de filmar amadora do pai. Com os amigos fez seu primeiro filme, O Juízo Final. Dizia que só escolhia namoradas com muitos irmãos, para trabalharem como atores: “Quando acabava o namoro, eu ficava sem equipe”.

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O personagem Zé do Caixão surgiu em 1963, porque ninguém quis fazer o personagem para o filme À Meia-Noite Levarei Sua Alma. Mojica arranjou uma cartola, deixou as unhas crescer e vestiu-se de preto. Era o primeiro de uma série de filmes de terror. Sádico, Zé do Caixão gostava de espalhar aranhas sobre o corpo das atrizes para apavorar o público.

Durante a vida dirigiu 40 filmes e participou de mais 60 produções, entre séries, curtas e documentários. Na década atual ganhou programas em canais de televisão, mas era no cinema que se realizava. Em 2015 fez uma de suas últimas direções para o cinema, As Fábulas Negras, filme que transforma o folclore nacional em contos de horror.

“Sua contribuição não apenas para o cinema, mas também para o imaginário e o folclore moderno do Brasil, é sem tamanho. E se o povo norte-americano tem figuras tenebrosas para cultuar, como Freddy Krueger e Jason Voorhees, nós definitivamente também temos nosso ícone do horror no homem assustador e maldito, com sua capa preta e suas unhas afiadas como navalhas”, escreveu o roteirista Gus Fiaux.

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Zé do Caixão ganhou diversas releituras de fãs e apreciadores. Uma das mais conhecidas é José Canjica Martins, estrelado por Fausto Fanti, o genial idealizador do programa Hermes e Renato, da “MTV”. O personagem do Hermes e Renato se notabilizou por lançar “a praga do dia” a quem não se dispusesse a assistir ao episódio do programa.

Apesar da sua obra assustadora, José Mojica Marins, o original, dizia não acreditar em espíritos malignos. “Todo o mal está na mente e nos pensamentos das pessoas”, garantia.

O velório ocorre nesta quinta-feira a partir das 16h, no auditório no Museu da Imagem e do Som (MIS). A cerimônia será aberta ao público.

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