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Gosto da Copa por ser um momento de euforia das pessoas; é possível enxergar otimismo mesmo num mar de problemas que passamos
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Brasil e Argentina tentam quebrar a hegemonia europeia que impera desde 2002 e não é uma missão tão fácil assim | Lucas Figueiredo/CBF
Toda Copa gera uma enorme expectativa. De quatro em quatro anos a humanidade é brindada com o maior evento de todos. O mundo volta suas atenções para uma grande exposição de futebol. Tudo o que foi adquirido, aprimorado e renovado dentro desse ciclo, é apresentado ditando uma nova tendência para o esporte mais popular do mundo.
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Com o futebol de clubes sendo o principal combustível da paixão que move o espectador, uma Copa disputada por nações acaba sendo diferente de tudo aquilo que vivemos na rotina frenética de um torcedor. E o grande barato de uma Copa do Mundo é ela ser disputada justamente com um espaço de tempo considerável entre as edições, dando um ar ainda maior de algo especial e fascinante. Mesmo as edições menos brilhantes, onde o futebol pragmático se fez prevalecer, tiveram seus grandes momentos de surpresas, superações e personagens marcantes.
Numa competição de no máximo sete jogos em menos de um mês, é possível que o medíocre vire decisivo e o extraclasse suma de cena, sucumbindo antes do previsto.
Quem será o craque da Copa? Qual grande jogador pode surgir no torneio? Qual seleção vai decepcionar caindo na primeira fase? Qual será a zebra? Quem será a campeã? Todas as perguntas serão respondidas em 30 dias, mas não fazemos e menor ideia das respostas. E esse é grande apelo de uma Copa do Mundo.
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Por aqui, valem algumas apostas e conjecturas do que pode acontecer no Catar nas próximas semanas. Começo pelo período do ano em que a Copa será disputada, permitindo que os atletas cheguem num momento físico interessante, já que a grande maioria atua no futebol europeu, que tem cerca de 40% da temporada disputada até aqui. Creio que isso fará diferença no desempenho dos times. Teremos jogos de muita força física e intensidade. Com a boa tecnologia de climatização das luxuosas arenas, os jogadores no ápice da forma tendem a fazer jogos bem animados, principalmente as partidas que envolvem seleções que vão tentar surpreender como franco atiradoras.
Times aguerridos como Uruguai, Equador, Gana e Senegal (que perde parte da força se não tiver Sadio Mané) podem surpreender se souberem explorar o esplendor físico dos jogadores. Acho que a “zebra” da Copa sairá dessas seleções, apostando muito que a celeste fará uma grande competição.
Inicialmente também olho com certa atenção para a Dinamarca, semifinalista da última Eurocopa, que tem vida fácil junto com a França no grupo D. Longe de ser uma aposta pro título. Fora do quadro das favoritas, seria minha aposta pra chegar mais longe. Ao contrário da Bélgica, algoz do Brasil da última Copa, que me parece ter perdido o ‘timing’ da tão falada promissora geração belga, ainda com ótimos jogadores, mas aparentemente carente de uma renovação. Vamos aguardar.
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Indo para as favoritas, creio que Alemanha e Espanha podem voltar ao topo depois de participações decepcionantes na Copa da Rússia. Times renovados, desprendidos de um passado recente de glórias. Gostaria de colocar Portugal de Cristiano Ronaldo nesse pote. A seleção apresenta uma talentosa geração pós CR7, mas, considero o trabalho de Fernando Santos, que consquistou a Euro de 2016 na marra, insatisfatório. O título deu passe livre para o treinador apenas mediano. Vivendo seu pior momento aos 37 anos, Cristiano parece cansado pra carregar um time nas costas. Terá de ser um coadjuvante de luxo e entender seu papel no time. Difícil imaginar o astro abrindo mão do protagonismo.
A atual campeã, França, estaria um degrau acima entre as favoritas, não fosse o próprio ambiente da seleção, quase sempre conturbado. Em 2018, sem tanta badalação, os franceses mantiveram os pés no chão e passaram longe das confusões que atrapalharam a vida do time em outras Copas. Questões raciais, de insubordinação, brigas entre jogadores e membros da comissão técnica, chantagens… Tudo isso já apareceu no ambiente dos Le Bleus e assombra a seleção atual, que conta com um ataque formado por Benzema e Mbappé - craques e bad boys - mas que vai desfalcada de bons jogadores, apesar de ter uma geração recheada de talentos.
Brasil e Argentina tentam quebrar a hegemonia europeia que impera desde 2002 e não é uma missão tão fácil assim. Acredito que ambos os elencos não ficam atrás dos times europeus. A minha ressalva está no calendário dos sul-americanos, que cada vez menos conseguem enfrentar os europeus, que por sua vez, estão em constantes duelos por eliminatórias, Eurocopa e, mais recentemente, a Nations League.
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Uma sugestão para o próximo ciclo seria a possiblidade de Brasil e Argentina ingressarem como convidados na Nations. Não vejo problema nenhum para uma competição quase amistosa.
É possível fazer um prognóstico do chaveamento imaginando que as favoritas avancem nos grupos. O que pode mudar o cenário é a posição de cada seleção. Alemanha e Espanha no grupo E e Portugal e Uruguai no H tem posições indefinidas. Se passarem em primeiro, os alemães ficam ao lado do Brasil no chaveamento (partindo do ponto que a seleção também passe na posição 1), com um cruzamento já nas quartas de final. O duelo entre portugueses e uruguaios define o adversário do Brasil logo nas oitavas. Prevejo uma Copa duríssima de ponta a ponta pro time de Tite. Numa rápida simulação poderemos ter uma semi-final entre Brasil x Argentina de um lado e França X Alemanha de outro. A partir daí não consigo projetar mais nada.
Tenho um leve desejo de ver Lionel Messi arrebentando. Se fosse indicar um possível craque da Copa, seguindo o coração, esse jogador seria Messi. Não me importo de ver o maior jogador da minha geração se consagrando campeão de uma Copa do Mundo. Único feito não alcançado por Leo.
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Outro candidato é Harry Kane. Disparado o melhor jogador inglês, foi artilheiro da última Copa e tem a missão de carregar a Inglaterra. Capitão do time, vai usar a braçadeira com as cores do arco-íris, peitando FIFA e Catar, num ato simbólico contra a homofobia que impera por lá. Gosto de imaginar a Copa também com um acontecimento político e histórico. Imaginar Argentina ou Inglaterra campeãs na primeira Copa pós Maradona e Rainha Elizabeth, me contempla. Assim como o Brasil, quem sabe, feliz de novo - sem Bolsonaro.
Muitas histórias serão contadas nos próximos dias.
Será que teremos, enfim, uma definição concreta sobre o uso do VAR? Há 4 anos a ferramenta dava seus primeiros passos na Rússia e agora pode concretizar uma filosofia de pouca intervenção e autonomia do árbitro de campo. Sendo usada apenas como auxilio para lances absurdos e linha de impedimento. A boa utilização na Europa é a prova que recurso de vídeo é sim bem-vindo, desde que não quebre o espirito dinâmico do futebol e não sirva de auxílio para o erro, como acontece no Brasil.
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Que tenhamos, de vez, a definição sobre a mão na bola dentro da área. Tenho esperança que a boa utilização na competição sirva como manual para a boa arbitragem, que não tem mais desculpa para erros e interpretações tão absurdas.
Gosto da Copa por ser um momento de euforia das pessoas. É como uma grande festa. É possível enxergar otimismo nas coisas, mesmo num mar de problemas que passamos. Mas é sempre bom lembrar que é um período onde os especialistas podem apontar caminhos e fazer ressalvas que nem sempre condizem com o desejo do torcedor.
É interessante observar a postura da imprensa na cobertura do evento e das seleções. Alguns optam pelo viés jornalístico que sempre nos pauta. Outros preferem fazer da euforia uma matéria prima para conteúdos festivos, num momento que todos se voltam para o futebol. Aqueles que acompanham uma Copa pelo olhar critico tendem a não ser pegos de surpresa quando o baque da derrota vem. Há 20 anos, alguns são surpreendidos com a falta de estrutura e pensamento progressista do nosso futebol.
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Que seja uma grande Copa!
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