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Cotidiano
Especialistas explicam as causas do ronco e dão dicas para se livrar da doença
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Ronco atrapalha quem dorme ao lado e quem produz o som, que sofre e pode estar com problemas graves de saúde | Gpointstudio no Freepik
Dormir bem é meio caminho para ter um dia produtivo ao acordar. Mas, nem sempre isso é possível, especialmente quando o ronco é presença garantida durante a noite.
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Segundo dados da Associação Brasileira do Sono, cerca de 40% da população brasileira adulta ronca. Mas, engana-se quem pensa que o barulho atrapalhe somente quem dorme ao lado do roncador, quem produz o som também sofre e pode estar com problemas graves.
“Ronco não é piada! Roncar atrapalha o bom funcionamento do coração e do cérebro. Reduz nossa eficiência no trabalho e pode ser perigoso. Já imaginou um motorista que ronca à noite? Ele não dorme bem e tem sonolência durante o dia, irritabilidade e redução de atenção. Há possibilidade de causar acidentes sérios. Atualmente, entendemos os riscos de não tratar o ronco de uma maneira diferente”, alerta a médica otorrinolaringologista Maura Neves, do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP.
O que faz alguém roncar?
De acordo com a neurologista e médica do sono Andrea Bacelar, diretora da Associação Brasileira do Sono, o ronco nada mais é do que a vibração dos tecidos das vias aéreas diante da passagem do ar.
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“Quanto maior o esforço para respirar e a flacidez desses tecidos, mais barulhento será o ronco. A obstrução pode causar uma apneia completa (pausas respiratórias de pelo menos 10 segundos, com total oclusão da passagem de ar), ou apenas parcial (hipopneia). Por isso o ronco pode ser um sinal da síndrome da apneia obstrutiva do sono”, explica Andréa.
Dentre as causas que levam uma pessoa a roncar há algumas anatômicas e outras relacionadas a doenças e até ao estilo de vida, conforme detalha a médica otorrinolaringologista Renata Moura Barizon.
“Existem as causas normais do ronco, como nariz entupido, crise alérgica, cansaço excessivo, ingestão de bebida alcoólica antes de dormir, que faz com que a pessoa relaxe demais e venha a roncar, por exemplo. Porém, há outras razões que também facilitam e propiciam o ronco, como o aumento de peso, obesidade, alteração no tamanho das amígdalas, garganta mais estreita, flacidez do palato mole, nariz entupido por conta de desvio de septo ou um aumento de corneto nasal”, relata Renata.
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Quando procurar o médico?
Na maior parte das vezes, o ronco é sinalizado pelo parceiro ou parceira do roncador. Contudo quem dorme sozinho também consegue identificar o problema, basta prestar atenção aos sinais.
“Quem mora sozinho pode usar aplicativos que medem o ronco ou atentar a sintomas como cansaço, sonolência durante o dia, irritabilidade, redução de atenção e sono não reparador”, diz Maura.
Independentemente de como a pessoa soube que ronca, ao detectar o problema, o médico deve ser procurado. “Uma pessoa que ronca deve sempre procurar atenção médica para determinar se há eventos de apneia durante o sono. A apneia consiste em eventos de parada de respiração durante o sono que vem acompanhada de ronco e gera redução da oxigenação do sangue enquanto a pessoa dorme, além de causar repercussões cardiovasculares, neurológicas e hormonais”, orienta Maura.
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Apneia: alerta vermelho
Um dos motivos que fazem uma pessoa roncar é a apneia (interrupções respiratórias) e a detecção desse problema só é possível com ajuda médica.
Segundo Andrea Bacelar, a apneia do sono pode se apresentar com índices de gravidade diferentes, que podem ser classificados da seguinte maneira:
- Normal: até 5 ocorrências por hora;
- Grau leve: de 5 a 15 ocorrências por hora;
- Grau moderado: de 16 a 30 ocorrências por hora;
- Grave: mais de 30 ocorrências por hora.
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“Além de prejudicar a oxigenação, as interrupções respiratórias levam a pessoa a despertar sem perceber diversas vezes durante a noite, causando cansaço e sonolência durante o dia, falta de produtividade e até da libido. A longo prazo a apneia obstrutiva do sono aumenta muito o risco de hipertensão, diabetes, depressão, doença arterial coronariana e de morte por infarto ou derrame. Ainda existem estudos que associam a falta de sono reparador à dificuldade para perder peso e até ao risco mais alto de demências”, destaca Andrea.
O exame para identificar a apneia é a polissonografia, que avalia a respiração e pausas nela, estágios de sono, posição ao dormir, frequência cardíaca e oxigenação do sangue. A partir do resultado, a conduta médica é decidida.
É possível parar de roncar?
Manter o peso sob controle, praticar exercícios físicos com regularidade, evitar o consumo de álcool à noite e parar de fumar, estão entre as condutas que devem ser adotadas por quem deseja parar de roncar.
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Entretanto, se for constatado que há a apneia do sono, o indivíduo deverá ser conduzido ao tratamento mais adequado ao seu caso, que pode envolver o uso de aparelhos específicos, como o CPAP ou aparelhos intra-orais, perda de peso, mudança de estilo de vida e até cirurgia.
Mitos e verdades sobre o ronco
Criança também ronca? Dormir de barriga para cima aumenta as chances de roncar? Confira a seguir alguns mitos e verdades sobre o ronco.
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