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Política
Candidatos que não ficarem ativos nos aspectos cibernéticos poderão passar o pleito de 2024 sem instituir diálogo efetivo com os munícipes que pretende representar
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As relações probabilísticas que regem a dialética do ciberespaço criarão a afinidade delegativa na vida real nas próximas eleições | Tânia Rêgo/Agência Brasil
Para Galileu Galilei, a matemática é a linguagem com a qual Deus escreveu o universo. A perfeição do mundo natural também pode ser percebida pela Sequência de Fibonacci, descrita por Leonardo Pisa, que inferiu regularidades no ecossistema que poderiam ser descritas e previstas mediante fórmulas e numerais.
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O famoso pensamento cartesiano, desenvolvido por René Descartes, baseia-se na construção de coordenadas utilizando-se eixos perpendiculares que conferiram suporte intuitivo por intermédio da análise geométrica. O cenário das várias dimensões de espaço que prevê cordas vibrantes como os blocos basilares na constituição do cosmo, poeticamente, nos transmite a percepção de que somos originários e fazemos parte de uma gigantesca sinfonia celeste.
Em síntese, a ideia de livre-arbítrio onde cada um escolhe suas ações e o caminho que deseja seguir, talvez não passe de ordinárias possibilidades aleatórias inseridas na distorção temporal. Nesse sentido, a maioria das pesquisas de opinião pública destinadas a aferir tendências eleitorais erram ao restringir o indivíduo a uma mera resultante do tecido social, desconsiderando métodos que permitam captar a mais profunda das essências humana, ou seja, a procura inata e obsessiva por sistematização.
No fundo, o progresso da ciência e o aprimoramento tecnológico servem basicamente a esse propósito, distinguir a conduta e pensamento das gerações que se sucedem a partir da necessidade de dar fundamento preciso ao meio circundante e a própria existência. Hoje, contemplamos perplexos a maior revolução comunicacional da história, fruto do acesso ilimitado às redes e mídias sociais. Ambiente dominado pelas métricas dos algoritmos que buscam controlar a atenção do usuário através de cálculos probabilísticos para o conteúdo prosperar. Esse espaço conta com dois pilares, os princípios da interação e do engajamento. Ferramentas ajustadas a edificar o caminho que direciona o fluxo dos internautas no estabelecimento de comunidades e na organização de manifestações tribais. Contudo, a tentativa algorítmica de ordenar e conceber padrões nas plataformas não desativa os componentes anárquicos que permeiam o arranjo em questão, uma vez que a teoria do caos preconiza que “não podemos prever como um sistema caótico evoluirá a partir de uma condição inicial, porque as pequenas causas podem ter consequências enormes”. Uma contenda infinita para compor o equilíbrio entre ordem e desordem.
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Todavia, vamos ao que interessa. No início das reciprocidades cibernéticas, os sujeitos compuseram duas identidades, uma focalizada na coexistência interpessoal de âmbito corpóreo, e outra, com a finalidade de navegar nos meandros das timelines e feeds. Essa dupla personalidade paulatinamente vem se fundindo e criando seres híbridos. Quem não se chocou com as mudanças radicais de conhecidos de nosso convívio? Portanto, os concorrentes que não perceberem essas nuances poderão passar o pleito de 2024 sem instituir diálogo efetivo com os munícipes que pretende representar.
Para tanto, teremos que atentar para as subsequentes mutações: 1) elementos discursivos terão menor impacto quando comparados às atitudes engajadas; 2) os votantes terão a propensão de priorizar as propostas com abordagem de impacto comunitário; 3) existirá a demanda pela correspondência tangível, em outros termos, o candidato que externe os seguintes sentimentos: sinto o que você sente; os seus sonhos, são os meus sonhos; os seus temores, são os meus medos; a sua luta, é a minha batalha.
O postulante ideal aos olhos do sufragista será aquele que conseguir pulsar na mesma vibração e firmar elos algorítmicos com a população local. As relações probabilísticas que regem a dialética do ciberespaço criarão a afinidade delegativa na vida real.
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*Nilton C. Tristão*
*Cientista Político*
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