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Primeiras impressões da Copa do Mundo após 16 seleções estrearem

Não tivemos um grande jogo, o que é normal; a Arábia Saudita e a mística de Ochoa vão salvando a Copa dentro de campo

Bruno Hoffmann

22/11/2022 às 17:53  atualizado em 22/11/2022 às 17:59

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Copa do Mundo de 2022

Copa do Mundo de 2022 | State Department photo by Ronny Przysucha Public Domain

É impossível cravar algo sobre a Copa que acabou de começar. Escrevo esse texto após 16 seleções estrearem. 

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Obviamente, o grande jogo acabou sendo a surpreendente virada da Arábia Saudita pra cima da Argentina. O torneio sempre reserva boas zebras, mas é quase impossível de imaginar quais serão. Absolutamente ninguém falou dos árabes até a epopeia contra os hermanos. 

Pelo mesmo grupo, México e Polônia - dois times pouco inspirados - ficaram no 0 x 0, mantendo viva toda esperança de recuperação por parte dos argentinos. 

A grande questão é como a seleção irá reagir a dolorida derrota. O ambiente vai determinar como as coisas vão andar por lá. Diferente de 2018, quando Sampaoli perdeu as rédeas do grupo, o atual técnico Scaloni parece ter a confiança e o carinho dos atletas. Em 1990, depois de perder na estreia para Camarões, o técnico Bilardo considerou aquela a pior derrota da história do futebol argentino, e prometeu que jogaria o avião da delegação no oceano em caso de desclassificação precoce. A ameaça deu certo e a Argentina chegou até a final, eliminando o Brasil nas oitavas. 

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Eu ainda acredito na reação de Messi e cia. O grupo ajuda. É possível imaginar até a Arábia Saudita passando em primeiro lugar e mudando um pouco o panorama a partir das oitavas de final. 

A Dinamarca também decepcionou e só empatou com a Tunísia. A seleção africana demonstrou força e pode surpreender num grupo que ainda tem a favorita e desfalcada França e a inexpressiva Austrália. Mesmo com o susto no começo, a atual campeã cumpriu sua obrigação e parece se livrar da tal maldição das campeãs que acabam eliminadas de forma precoce na edição seguinte. 

Disse aqui no último texto que a Copa nos dá uma injeção de otimismo na vida. Tentei enxergar por um lado positivo a ausência de grandes estrelas do futebol atual como Mané, Salah, Haaland e Benzema, como se fosse um sinal divino para que Messi e Cristiano Ronaldo, maiores protagonistas do futebol nos últimos 15 anos, pudessem brilhar sozinhos pela última vez em Copas, quem sabe conquistando o título que falta. Ainda não vimos Portugal, mas até aqui a Argentina decepcionou e CR7 perdeu o emprego no Manchester United. 

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Tudo é realmente imprevisível numa Copa. Os palpites dos bolões tentam seguir uma lógica que nem sempre é levada para o campo de jogo. A única certeza aparente é o goleiro mexicano Ochoa brilhando a cada quatro anos. 

Na estreia, pegou penalidade do último melhor do mundo, Lewandowski. Uma grande obviedade pra quem acompanha o futebol. Ochoa é uma força da natureza que se manifesta apenas em Copas do Mundo. E isso é muito legal. 

Pude acompanhar todos os jogos até aqui. Em Holanda 2 x 0 Senegal me chamou a atenção o desconhecido goleiro holandês Noppert, que fez sua estreia com a camisa laranja justamente nesse jogo. Tido como uma grande surpresa na lista de Van Gaal, ganhou a posição e atuou como um veterano em Copas na estreia. Não fosse ele (e a ausência de Mané) a Holanda não teria estreado com vitória contra os senegaleses que mostraram um ótimo desempenho, merecendo um resultado melhor. 

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O atropelo inglês pra cima do Irã por 6 x 2, demonstra uma seleção bem entrosada ofensivamente com uma ótima geração de atletas que jogam do meio pra frente. A Inglaterra parece pronta pra voltar a uma final de Copa, mas vai precisar se ajeitar na defesa. Maguire, zagueiro mais caro do mundo, é motivo de chacota, mas pode virar uma lenda dependendo do que acontecer no Qatar. Harry Kane e Saka pela Inglaterra e Mbappé e Giroud pela França, tiveram as melhores exibições dos jogadores de linha até aqui, mas tem muita coisa pra rolar ainda na 1ª rodada. 

Não tivemos um grande jogo, o que é normal. A Arábia Saudita e a mística de Ochoa vão salvando a Copa, até aqui, dentro de campo. 

Fora das 4 linhas, a pauta dos direitos humanos vem forte. É triste que a maior competição de todas seja disputada num país que estimula a homofobia e a intolerância. A FIFA se vê refém de um país rígido, mas sabia de tudo isso quando topou levar seu maior evento para lá. Nenhuma campanha de conscientização da entidade será capaz de apagar essa repressão absurda. Por outro lado, é interessante voltar os olhos para a cultura do Oriente Médio. Uma maior integração entre mundos distintos é vital para a humanidade acabar com a intolerância. A Copa tá aí para aprendermos a lidar com o diferente. Os dois lados precisam se enxergar. 

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Pra encerrar falando da arbitragem, acho pertinente algumas decisões tomadas. O saldo por aqui é positivo com o VAR sendo utilizado com agilidade pra definir lances de impedimento. Alguns lances de bola na mão dentro da área também são determinantes para definirmos de vez o que é pênalti. A impressão é que a arbitragem só vai marcar quando a intervenção for proposital ou mudar a trajetória da bola pro gol. Como o próprio nome diz, uma penalidade máxima precisa ser assinalada como uma punição pra algo que foge à regra. Muitas vezes lances banais, sem intenção, geram uma punição exagerada. 

Outra orientação que me parece clara é a intolerância com o tal agarra-agarra dentro da grande área. Não é só o governo do país que inibe a proximidade afetiva entre as pessoas. A FIFA parece não tolerar mais o abraço entre atletas nas bolas alçadas na área. Essa não parece ser a Copa do afeto. Nem mesmo o álcool, que aflora os sentimentos, é permitido. Vida dura pro torcedor presente no evento. Curioso pra saber se essa abstinência vai durar até o fim. 

Por falar em fim, os jogos parecem intermináveis. Mais uma novidade pra Copa - o acréscimo total - também pode ditar uma nova tendência daqui pra frente. Pra coibir a cera, a orientação é que os árbitros não economizem no tempo que é acrescido nos jogos. Pode ser algo positivo a longo prazo, mas num primeiro momento soa exagerado e um pouco modorrento. Mas que seja o remédio pra enrolação que tem feito parte do futebol nos últimos tempos. 

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Que a Copa seja o antídoto pra todo o mal, dentro e fora de campo.

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