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Primeira decisão entre Palmeiras X Água Santa escancara jornalismo de arquibancada

No ápice da paixão somos capazes de ignorar fatos escancarados, falhas e defeitos; ou simplesmente flertar com o ridículo

Leonardo Sandre

04/04/2023 às 11:52  atualizado em 04/04/2023 às 13:18

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Bruno Mezenga recebe o prêmio de "Craque do Jogo" da partida de ida da decisão

Bruno Mezenga recebe o prêmio de "Craque do Jogo" da partida de ida da decisão | Divulgação/FPF_Oficial

De uns anos pra cá a análise a respeito dos acontecimentos no mundo do futebol se aproxima mais da óptica do torcedor e fica mais distante da frieza que exige a função de um comunicador.

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Essa é uma discussão delicada, já que envolve o sentimento da paixão e o que cada um gostaria de ter na cobertura midiática do seu time de coração. 

Como diz o ditado, o amor é cego. No ápice da paixão somos capazes de ignorar fatos escancarados, falhas, defeitos...

De alguma forma isso acontece com o amor pelo clube de futebol. A fiscalização por parte da imprensa que se dedica a cobertura dos clubes, muitas vezes é vista de forma negativa pelo torcedor. 
Como se o jornalista estivesse ali na função de atrapalhar a vida do time, conturbar o ambiente e gerar o caos.

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No mundo encantado do torcedor cegamente apaixonado, a fiscalização seria fruto apenas da paixão alheia daquele profissional ou do veículo que ele representa, o chamado clubismo.

Na cabeça do cidadão, qualquer informação que possa soar como negativa ou uma análise mais crítica, só existem com o objetivo de acabar com aquele time ou destruir um trabalho que vem sendo feito e diminuir o clube em questão. Tudo isso porque, supostamente, o jornalista torce por outro clube, rival do seu.

Normalmente a crítica ou mesmo uma reportagem bem apurada sobre questões internas, vão justamente na contramão do que pensa o mais fanático dos torcedores. E a explicação é bem simples e está na essência do bom jornalismo. 

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A cobertura do futebol não difere, ou pelo menos não deveria, de qualquer outra cobertura jornalística cotidiana. A fiscalização aos órgãos de poder, a cobertura política, a divulgação de notícias sobre falta de infraestrutura e descaso dos políticos, tudo isso é do interesse da população e função de uma imprensa livre e séria.

Soa utópico se levarmos em consideração que o próprio jornalismo é arma do liberalismo econômico e usado como ferramenta para obter lucros, mas, ainda assim, a função é exercida por operários da informação. Gente que vive em prol de que o fato chegue da forma mais cristalina possível para o cidadão. O mesmo vale para o torcedor de futebol. 

O problema é que, ao longo dos últimos anos, um forte movimento vem tentando desvincular o futebol da sociedade e, automaticamente, da política. 

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Como se o esporte mais popular do mundo vivesse em uma redoma, com vida e práticas próprias, quando na verdade estamos falando de um segmento que reflete a imagem e semelhança dos tempos em que vivemos, onde o dinheiro manda, o poder corrompe, o machismo, o racismo, a homofobia e intolerância imperam, enquanto o torcedor comemora o gol ou se frustra com uma bola que não entrou. 

Se, de modo geral, o jornalismo entrou em descrédito em tempos do descontrole da informação através da internet, o antídoto adotado foi a resistência daqueles que fazem a profissão. Mesmo com percalços e equívocos, ele está aí. 

Quase todos os dias somos contemplados com informações que jamais viriam à tona pela boa vontade de políticos e órgãos públicos. É preciso cutucar, se enfiar e se arriscar numa função que não existe glamour. Um jornalista nunca é verdadeiramente bem-vindo quando está cumprindo seu papel de forma independente. 

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Já o jornalismo esportivo parece ter jogado a toalha de uns tempos para cá. Alguns fatores pesam pra isso. O Anseio do torcedor em ser “informado” por um semelhante, ou seja, alguém que torce pelo mesmo time que ele, tem peso enorme. 

A prova disso é a proliferação de canais feitos pelos próprios torcedores que acabam virando referência para outros, gerando um enorme poder de influência na forma de pensamento do indivíduo apaixonado por um clube de futebol. 

Até aí, apesar de não me atrair, não vejo problema que o sujeito opte por se informar dessa forma, num mundo mágico do torcedor de futebol. 

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O que tem me espantado nos últimos tempos é como jornalistas renomados e, até então sérios, tem saído do armário clubista em busca de engajamento num mundo cada vez mais voraz quando estamos falando de número de seguidores e poder de influência que aproxima patrocínios, mas se distância da seriedade que deve fazer parte de todo tipo de cobertura jornalística. 

Nesse caso, o problema não é o torcedor se informar por onde se sente mais confortável. 
É saber que jornalistas, sabendo da mudança de ares, usam a função apenas como uma fantasia, enquanto agem somente como torcedores. 

As reações de alguns profissionais depois da derrota do Palmeiras no primeiro jogo da final do Paulista para o Água Santa, flertam com o ridículo.  Nem todo mundo é o Craque Neto que foi herói de um título brasileiro pelo clube que torce e virou um personagem popular e identificado. 

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O comunicador tem a total liberdade de fazer o que bem entende com o seu papel. Desde fazer piada, ou uma análise tendenciosa que alivia a barra do vexame do seu time, e até sugerir o nome do atacante de 34 anos que fez dois gols no maior rival pra vestir a camisa do seu time de coração, como se fosse uma grande novidade ou uma solução genial. Mas ele está prestando um desserviço pra profissão e passando vergonha.

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