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Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe dos Homens na década de 1920 | Acervo de Cláudio Sana
A rica história de Porto Feliz desperta a atenção de qualquer pesquisador por sua particularidade e unicidade, além de possuir a capacidade de entreter, distrair e surpreender por causa da sua essência própria e diferente. Foi exatamente isso que senti ao pesquisar o precioso conteúdo do Almanaque Literário de São Paulo para o ano de 1884, importante obra publicada pelo jornalista português José Maria Lisboa, contendo artigos de ilustres cidadãos brasileiros, entre os quais figura o insigne médico porto-felicense Dr. Cesário Mota Júnior.
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Nessa obra e referindo-se às viagens dos monçoeiros, os renomados autores destacam que o retorno desses corajosos aventureiros ao Porto de Araritaguaba proporcionava muitas semanas de narrativas pitorescas por conta dos episódios vivenciados no decorrer da perigosa jornada. Esses comentários eram sempre envoltos com o sobrenatural, com as canoas fantasmas e com outros causos e histórias que via de regra povoavam a imaginação de uns e alimentavam a crendice de outros.
Ressalte-se, por outro lado, que esses contos pitorescos despertavam nos ouvintes o ardente desejo de fazer a mesma viagem e acabavam por motivar a formação de novas expedições monçoeiras, que fomentavam a circulação da riqueza na então Freguesia de Araritaguaba.
A história registra que a majestosa igreja dedicada à Nossa Senhora Mãe dos Homens, orgulho dos filhos desta terra, é uma prova incontestável da fortuna e da liberalidade que reinava entre os cidadãos daqueles velhos tempos. Para que se imagine o poderio econômico dos nossos ancestrais é importante salientar que em 1749 o cidadão Antônio Gusmão abriu um livro de contribuições, no qual registrou a grande parcela do ouro que foi doado para a construção da atual Igreja Matriz, considerada naquela época como uma das mais belas da Província de São Paulo
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Todavia, ao mesmo tempo em que os historiadores mencionaram os auspícios de riqueza para a Freguesia de Araritaguaba decorrente do ouro que era trazido de Cuiabá, esses mesmos historiadores lamentaram o abandono da comunicação com Mato Grosso pela via fluvial do Rio Tietê, pois essa situação provocou a estagnação da escalada de progresso que se vislumbrava para o local.
Tanto é verdade que no ano de 1882, quando a Vila de Porto Feliz foi assolada por chuvas torrenciais que provocaram grandes estragos nas torres da igreja e em todo o frontispício do suntuoso templo, as despesas com a reconstrução desse belo e sagrado patrimônio histórico e cultural foram cobertas, com muito sacrifício, pela contribuição popular, graças à generosidade dos conterrâneos que tiveram seus nomes registrados nas páginas de um livro de doações, pois já não mais existia o ouro trazido de Cuiabá.
Essa realidade alimentou nos saudosos historiadores a certeza de que, no futuro, a estrada fluvial do Rio Tietê ligando São Paulo a Mato Grosso haveria de ser retomada por ser a mais natural, econômica e rentável de todas.
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Na esperançosa previsão dos nossos antigos cronistas, aqueles que voltassem a navegar pelo Rio Tietê haveriam de encontrar gravadas nas suas pedras ou nos troncos das árvores que o circundavam, as mensagens dos antepassados em sinal de silencioso protesto contra todos aqueles que legaram ao abandono o majestoso caminho aquático que unia, historicamente, as duas províncias brasileiras! Oh linda Terra de Araritaguaba / Das noites enluaradas / A reviver nas bandeiras / As tuas glórias passadas!
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