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Liceu Coração de Jesus, na região central de São Paulo | Reprodução/Instagram do Liceu
Imagine sair da escola sem conseguir identificar ironia em um texto ou resolver problemas simples de matemática — essa é a realidade de 95% dos estudantes que terminam a escola pública no Brasil. A jornada fica ainda mais desafiadora considerando que um aluno de escola privada tem o dobro de chances de entrar na faculdade quando comparado aos alunos de escolas públicas.
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E não para por aí: um em cada cinco alunos brasileiros estudam em escolas com falta de professores. É neste contexto que histórias de transformação e esperança, como a da escola Liceu Coração de Jesus, ganham especial relevância.
O Liceu Coração de Jesus, colégio privado centenário situado no centro de São Paulo, próximo à região conhecida como cracolândia, vinha enfrentando um declínio iminente. A redução no número de alunos, motivada pelo medo associado à violência na área, sinalizava um possível fechamento. No entanto, uma parceria pioneira entre a instituição e a Prefeitura de São Paulo viria a reverter essa trajetória. O colégio transformou-se na primeira escola charter, ou escola conveniada, de ensino fundamental da cidade, assumindo um novo papel como escola pública de gestão privada.
Com a parceria, o Liceu começou a oferecer ensino integral a 500 alunos da rede pública, incluindo quatro refeições diárias, uniformes, transporte e a mesma qualidade de gestão escolar anteriormente oferecida aos alunos pagantes. Essa iniciativa se mostrou muito mais do que números, ela emergiu como um farol de esperança. Ao resgatar aspectos históricos e culturais da instituição — fundada em 1885 para atender filhos de escravos, imigrantes italianos e filhos de cafeicultores —, não somente revitalizou a comunidade, marcada pela insegurança e pelo abandono, mas também reafirmou seu compromisso com a educação inclusiva e de qualidade.
Apesar dos benefícios evidentes, a transição do Liceu para uma escola charter enfrenta críticas infundadas dos sindicatos, os quais parecem estar mais preocupados com seus próprios interesses do que com a melhoria da educação. Interpretam essa mudança com o que dizem ser “precarização e privatização” da educação, uma visão que ignora a realidade: a educação pública não vai nada bem e a gestão privada tem potencial para melhorar essa situação, conforme os dados mostram.
As escolas charter oferecem uma alternativa viável, capaz de aliar eficiência, qualidade e inclusão. Casos de sucesso em colaborações entre os setores público e privado ao redor do mundo comprovam isso. O Projeto de Lei 573/2021, atualmente em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo, que propõe autorizar a Prefeitura a implementar uma gestão escolar compartilhada no ensino fundamental e médio da rede municipal, exemplifica uma iniciativa que coloca o futuro das crianças no centro da discussão.
Diante do preocupante cenário da educação pública brasileira, histórias de inovação, como a do Liceu Coração de Jesus, são um lembrete de que soluções existem e são alcançáveis. O mundo mudou, os contextos evoluíram e, da mesma forma, precisamos repensar a gestão educacional para combinar recursos e eficiência.
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