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Paulo do Valle estreia coluna na Gazeta e analisa o risco de Vítor Pereira ter tempo de sobra para gastar sua fortuna
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Vítor Pereira | Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Se você é brasileiro e está empregado, aposto que o medo do desemprego te assola de alguma forma. Ter uma fonte de renda mensal no atual momento do país deve significar apenas a sobrevivência pra quase todo mundo. É o meu caso e deve ser o seu também. E muita gente nem isso tem.
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Não é o caso de Vitor Pereira, técnico do Corinthians. Questionado se teme ficar sem emprego nos próximos dias, depois de perder mais um clássico na temporada, o português teve um arroubo de arrogância e num ato de sinceridade digno do povo lusitano, revelou que o desemprego é o menor dos seus problemas, afinal o futebol já lhe deu muita grana. “ Sabe quanto dinheiro eu tenho no banco, amigo?”.
O que Vitor Pereira não sabe, ou apenas se faz de desentendido, é que os treinadores, de modo geral, buscam sequência nos trabalhos, com o objetivo de solidificar ainda mais conceitos e ideias em busca de títulos, que é o que move o futebol dentro de campo. Sequência que o conterrâneo Abel Ferreira tem no Palmeiras há três temporadas e colhe frutos.
Sequência que Cuca abre mão de ter, temporada após temporada, quando prefere largar os trabalhos, para depois - como um milagreiro - aceitar de volta, como se não tivesse culpa pelos fracassos no horizonte. A questão é: nenhum treinador da elite, em qualquer lugar do mundo, tem medo do desemprego pela questão financeira. Todos são milionários, não só VP. Talvez apenas um estrangeiro tenha coragem de dizer o que o técnico corinthiano disse, assumindo a gorda conta bancária, em contrapartida do insucesso dentro de campo.
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Por mais alienado que seja o futebol, um treinador brasileiro tem a plena noção que vive numa bolha de privilégios para poucos, no momento em que a miséria volta a assombrar nosso povo. A fala de Vitor Pereira, digna de justa causa, pode ter incomodado os chefes no Corinthians, mas a conta dele seguirá com os milhões e pode até ficar mais robusta com uma rescisão que pode cair. O trabalhador comum, ao desagradar o chefe, pode parar no olho da rua, sem os milhões de VP.
Mesmo que siga como empregado do Corinthians por um bom tempo, Vitor Pereira pode ter um segundo semestre bem mais tranquilo que a maioria dos trabalhadores do Brasil em 2022. Isso porque, o time comandado por ele tem uma dura missão pela frente, que é tirar dois gols de vantagem do Atlético-GO para avançar na Copa do Brasil. Caso contrário, VP terá tempo suficiente para gastar sua fortuna por aí. Afinal, não restará mais calendário atrativo para o Timão na temporada.
Fora da Libertadores e com nove pontos atrás do líder Palmeiras no Brasileirão, as férias do trabalhador Vítor Pereira podem ser tão atrativas quanto a conta bancária. Quem pode se gabar de um período de descanso com três meses de duração?
2023 é logo ali.
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