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Mídia anti-povo

18/02/2020 às 01:00  atualizado em 18/02/2020 às 10:07

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Nilto Tatto
COLABORADOR

Nilto Tatto COLABORADOR | /Divulgação

A imparcialidade no jornalismo é um mito do qual muita gente sequer desconfia. Como seres humanos, cada um de nós tem pontos de vista, valores e interesses distintos. A imprensa se comporta da mesma maneira. Quem não tiver isso muito claro, corre o risco de achar que uma cobertura em cima do muro estaria sendo isenta ou imparcial.

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Veículos de todos os portes tem linhas editoriais que funcionam como filtro apontado para os leitores, equalizando interesses de anunciantes, patrocinadores e acionistas. Quando um jornalista decide qual fonte entrevistar; quando um editor decide qual matéria apurar ou qual será o tema da capa e qual terá menos destaque, ele já está sendo parcial. Todo mundo tem lado, inclusive a imprensa.

No entanto, não podemos ser simplistas e ignorar que a maioria dos veículos da "grande imprensa" sequer assume o seu posicionamento, transferindo para o leitor/espectador a tarefa de identifica-lo em suas entrelinhas. Isso porque na maioria das vezes estes interesses são conflitantes com os interesses do público. Um bom exemplo tem sido a cobertura da greve dos petroleiros, deflagrada após uma demissão em massa no início do ano no Paraná.

De tema local a greve ganhou importância nacional quando trabalhadores incluíram em suas reivindicações a defesa da Petrobrás como empresa estatal em benefício da coletividade. A paralisação ganhou corpo e vem se transformando em um marco na nossa história, a favor do Brasil e dos brasileiros. Na grande imprensa, no entanto, nem uma linha, já que a greve contraria os interesses de grandes empresas e do capital que sustentam estes veículos.

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Por isso é importante destacar que hoje a busca pela imparcialidade deve estar ligada à capacidade do leitor/espectador confrontar narrativas entre as mais diversas fontes e formas de acesso e não apenas na ação editorial dos grandes jornais. Faz-se urgente, portanto, fortalecer uma mídia alternativa e lutar pelas garantias de liberdade de imprensa. Só assim iremos combater esse viés anti-povo que tomou conta de parte da grande imprensa.

*Nilto Tatto é deputado federal pelo PT por São Paulo

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