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Cotidiano
A avenida que abriga startups e empresas do mercado financeiro já foi uma área de várzea do rio Pinheiros
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Faria Lima, a avenida do 1% do PIB | ETTORE CHIEREGUINI/GAZETA DE S.PAULO
Quem passa pela avenida Faria Lima, especialmente no trecho do bairro Itaim Bibi, onde ficam os famosos prédios espelhados, que abrigam startups de tecnologia e empresas do setor financeiro, não imagina que a via já foi uma área de várzea do rio Pinheiros.
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“Há 110 anos, a cidade chegava apenas até a região da Paulista, o que passava dali, em direção ao rio Pinheiros, era considerado longe. Além disso, o Pinheiros era cheio de curvas e, na época das cheias, ele enchia e a região alagava”, conta José Geraldo Simões Júnior, professor de arquitetura e urbanismo e coordenador da pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Foi na década de 1940 que a história da Faria Lima começou a mudar, com a canalização dos córregos que passavam pela região. Anos depois, na década de 1960, o Brasil ganhou seu primeiro shopping center, no Rio de Janeiro, o que inspirou um construtor paulista a trazer a novidade para São Paulo, nascia ali o Shopping Iguatemi, que ganhou esse nome porque ficava na rua Iguatemi, mais tarde incorporada à Faria Lima.
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Ainda nos anos 1960, o então prefeito de São Paulo, José Vicente Faria Lima, resolveu alargar a rua Iguatemi, entre o Largo da Batata e a avenida Cidade Jardim, a obra seria batizada de Radial Oeste, porém com a morte do político, ela ganhou o nome de Faria Lima. “O shopping Iguatemi alavancou a região e depois que a área foi alargada passou a se valorizar muito”, ressalta Simões Júnior.
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O boom dos escritórios
São Paulo passou por uma série de mudanças em suas áreas de escritórios. Primeiramente, o centro financeiro da Capital se concentrava na região central, depois foi a Avenida Paulista, que passou a atrair empresas e engravatados.
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Na década de 1970, a Faria Lima começou a se verticalizar e chamar a atenção dos escritórios. Porém , os edifícios eram muito diferentes dos que representam a avenida atualmente. Apelidada de “Nova Paulista”, os prédios da época abrigavam escritórios nos andares e comércio no térreo.
Nos anos 1980, os escritórios passaram a ocupar a avenida Luís Carlos Berrini. Contudo, a Faria Lima voltaria chamar a atenção na década seguinte, quando o prefeito Paulo Maluf promoveu a extensão da avenida, fazendo com que ela ultrapassasse o Largo da Batata, de um lado, e à avenida Hélio Pellegrino, no outro.
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A operação, chamada de Urbano Faria Lima, captou recursos de investimentos para a infraestrutura local. Assim, os prédios espelhados, que recebem hoje os investidores e empresas chamados de 1% do PIB (Produto Interno Bruto), ganhavam os primeiros contornos. “As construções da chamada ‘Nova Faria Lima’ são marcadas por novos materiais e têm como características uma outra forma de ocupação, com empresas abrigando um prédio inteiro, ou vários andares e sem comércio no térreo”, explica o professor.
Vocação para inovar
Além da chegada das empresas de tecnologia, como o Google e o Facebook, e de empresas do ramo financeiro, como a XP Investimentos, a partir dos anos 2000, a Faria Lima ganhou, entre outras coisas, uma estação de metrô, em 2010, e uma ciclovia, que, até a chegada do novo coronavírus, era uma das mais utilizadas da cidade durante a semana.
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Com a pandemia, a avenida, ao menos a parte mais nova, ficou vazia, visto que vários trabalhadores passaram a fazer home office. Porém, a Faria Lima segue com a vocação de inovar. Em dezembro do ano passado, a avenida recebeu o primeiro prédio multipisos com estrutura de madeira do Brasil, que abriga a loja conceito de uma marca de chocolates premium.
Para o futuro, Simões Júnior acredita que a avenida irá se reinventar, com a descompressão de escritórios e recebendo uma parcela de profissionais que não querem ou não podem trabalhar de casa. “O modelo de trabalho pós pandemia será híbrido e haverá a necessidade dos escritórios receberem menos pessoas, porém com mais espaço. Acredito que a Faria Lima irá seguir a tendência, com os prédios apostando em estações de trabalho mais espaçadas, muita iluminação e ventilação natural e ambientes mais agradáveis”, finaliza.
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