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Opinião
Esta semana se comemorou o Dia Internacional do Enfermeiro, mas não temos nada com o que se alegrar
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- | Gazeta de S.Paulo
No dia em que o Brasil atingiu 10 mil mortes pelo novo coronavírus, o presidente da República resolveu dar uma voltinha de jet-ski por Brasília. Nesse mesmo dia, cerca de 10 mil profissionais de saúde eram atingidos pela doença, de acordo com o Comitê Gestor de Crise do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Até o último levantamento, cerca de 108 enfermeiros e auxiliares de enfermagem morreram em decorrência da doença no País. Esta semana se comemorou o Dia Internacional do Enfermeiro, mas não temos nada com o que se alegrar.
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O escárnio do presidente da República comove quando vemos a história de enfermeiros que estão longe da família para trabalhar na linha de frente do combate à pandemia, que estão adoecendo e depois voltando para cuidar dos pacientes, e que sofrem com a falta de equipamentos de proteção individual, se revezando em jornadas de trabalho extenuantes.
Esse tipo de atitude do presidente, além de demonstrar a falta um mínimo de discernimento, ainda estimula seus apoiadores a tomar atitudes constrangedoras e perigosas. Enquanto os profissionais de saúde enfrentam todos os dias uma longa batalha, grupos se reúnem nas ruas com a bandeira do Brasil para pedir o fim do isolamento social e para hostilizar médicos, enfermeiros e auxiliares.
Motoristas de ambulância contam que são fechados no trânsito por pessoas que os acusam de rodar sem pacientes para simular atendimentos. Pasmem. No país onde as fake news têm mais atenção do que as notícias verdadeiras, uma família resolveu ignorar recomendações médicas e abriu o caixão de um parente que morreu vítima do coronavírus. No velório, na cidade de Cairu, baixo-sul do estado da Bahia, outras cinco pessoas foram contaminadas pela doença.
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Muito provável, a ação pode ter sido estimulada por outra notícia falsa, que circula em grupos de apoio ao governo Bolsonaro pelas redes sociais e WhatsApp, de que caixões estão sendo enterrados com sacos de pedra e cimento para os governadores forjarem que o número de mortos está aumentando.
Não é fake news. Sim, o número de mortes está crescendo porque o vírus existe, sim. Estamos em uma pandemia, sim, e em meio a tudo isso, ainda perdemos o segundo ministro saúde, sim. Nelson Teich, assim como Luiz Henrique Mandetta, ambos profissionais de saúde, trabalham com a realidade, e não suportaram um governo que insiste nas mentiras em meio a uma crise sem precedentes.
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