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Cotidiano
Moradores afirmam que a prefeitura não deu garantias de que eles receberão auxílio para se realocarem e que o vale-aluguel de R$ 400 é insuficiente
16/02/2022 às 14:28 atualizado em 16/02/2022 às 15:44
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Comunidade do Pequiá, em Carapicuiba, na região metropolitana de São Paulo | Reprodução/Google Street View
Cerca de 1.400 famílias se dizem angustiadas desde que foi anunciada a reintegração de posse de duas áreas onde elas têm moradia na cidade de Carapicuíba, na Grande São Paulo. A reportagem da Gazeta apurou que ambas as áreas serão usadas para obras da prefeitura e que o início da reintegração está marcado para a próxima segunda-feira (21).
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O primeiro local a ser desocupado é a Comunidade Pequiá que, segundo a ordem judicial de desocupação, abriga mais de 180 famílias em sete prédios que começaram a ser construídos como um conjunto de habitação popular. Os atuais moradores contam que a obra foi abandonada pela prefeitura por um longo período antes de as famílias começarem a invadir os futuros apartamentos.
A representante dos moradores de um dos prédios, Paula Joana, de 33 anos, conta que a ocupação começou em 2016 e desde então a prefeitura vem ameaçando despejar as famílias com a promessa de novas moradias populares. A última decisão judicial, no entanto, deixou os moradores preocupados, pois eles ouviram do defensor público que cuida do caso que realmente não havia mais chances de recorrer da decisão.
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"Eu tenho condições de manter uma aluguel? Não tenho! Mas eu vou me virar nos 30 porque eu tenho dois filhos e eu preciso sustentar. E quem não trabalha? E quem perdeu o emprego nessa pandemia? Estou muito angustiada"
Paula afirma que a principal preocupação dos moradores é quanto à incerteza de que as famílias cadastradas pela prefeitura realmente terão direito a uma nova moradia popular. Isso porque a gestão municipal, realizou o cadastro de parte das famílias que moram no local, mas segundo elas, não foi fornecido nenhum documento que assegure que estas famílias terão acesso a uma nova casa.
"Não se tem um protocolo falando 'olha Paula, a partir de hoje você tá cadastrada neste número aqui, você pode fazer um acompanhamento do projeto habitacional que está cadastrada por ser munícipe de Carapicuíba e atender aos critérios'. Não, não tem", reclama.
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Perto dali, outros carapicuibanos se veem em situação semelhante. Isso porque a prefeitura da cidade já confirmou que 400 famílias que vivem em uma área de 23 mil m² devem perder suas casas, no bairro Vila Municipal, para dar lugar a obras de construção de um viaduto. Nessa área vivem cerca de 1.294 famílias, mas a princípio 400 serão removidas do local.
Ana Carvalho, de 29, diz que mora no local desde que nasceu e ficou surpresa quando, há cerca de duas semanas, a prefeitura informou que ela e sua família deveriam deixar o local. "Eles chegaram aqui faz muito pouco tempo, [há] uns 15 dias passou a prefeitura em seguida a CDHU falando que iria [nos] retirar essa área", conta.
A moradora se diz injustiçada com a decisão e que o auxílio aluguel que a prefeitura disponibilizou aos moradores não é o suficiente para alugar uma nova residência.
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"Quem aluga uma casa com 400 reais? Tem pai mãe de família que trabalha dia e noite pra dar o básico para os filhos e agora vai ter que se preocupar em pagar um aluguel pra não fica na rua com seus filhos, em nenhum lugar [se] acha uma casa nesse valor. Eu nasci na vila municipal não acho justo o que eles estão fazendo. Claro né? Isso não vai mexer com a família deles né? Então pouco importa se tem condições ou não de ter uma moradia digna."
O que diz a prefeitura
A Gazeta contatou a gestão do município que se posicionou sobre a reintegração de posse das duas áreas, afirmando que a Comunidade Pequiá apresenta risco aos atuais moradores e que as famílias que hoje vivem na área a ser desocupada na Vila Municipal receberão assistência. Leia a nota da prefeitura, na íntegra, abaixo:
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A Prefeitura de Carapicuíba informa que a reintegração de posse do Pequiá trata-se de uma decisão judicial. É importante esclarecer que as pessoas estão em risco no local, já que as estruturas dos prédios foram comprometidas por intervenções realizadas pelos moradores.
Cumprindo a decisão judicial, as famílias que ocupam a área desde 2016 estão recebendo da Prefeitura de Carapicuíba auxílio mensal de R$ 420 e destinação habitacional se comprovarem os requisitos legais e documentais. Além disso, a administração municipal está fornecendo transporte para realização da mudança.
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As assistentes sociais da Prefeitura estão auxiliando os moradores e realizando todo suporte às famílias.
A Prefeitura de Carapicuíba esclarece que há uma decisão judicial de reintegração de posse de área (23.238,20 m²) na Vila Municipal para construção do viaduto (Av. Desembargador Doutor Eduardo Cunha de Abreu, s/nº).
No local vivem 1.294 famílias, mas a reintegração de posse refere-se a 400, que receberão ajuda de custo de R$ 400 do Governo do Estado e terão direito à destinação habitacional da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), conforme consta no processo (Nº 10011033-45.2021.8.26.0127). De acordo com a determinação judicial, as famílias têm até o dia 31/03/2022 para saírem voluntariamente e aderirem aos atendimentos habitacionais.
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É importante ressaltar que essas unidades habitacionais da CDHU serão construídas próximas ao Fórum, em área doada pela Prefeitura de Carapicuíba, e o processo de licitação já está em andamento. Portanto, as famílias serão atendidas da melhor forma possível.
Desde janeiro, a Prefeitura está orientando as famílias e atendendo as demandas, por meio de plantões de assistentes sociais. Além de estar atuando em parceria com o serviço social da CDHU, formalizando a adesão dos beneficiários aos programas oferecidos.
Após o cumprimento da decisão judicial, o Governo do Estado e a Prefeitura de Carapicuíba darão início a todo processo burocrático e legal das obras do viaduto. Antiga reivindicação da população da cidade, que vai proporcionar mais desenvolvimento, geração de emprego e agilidade de locomoção dos munícipes."
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*Sob supervisão de Matheus Herbert
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