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Dentro de campo, uma ótima Copa que deve melhorar ainda mais

Dois Brasis duelam na arquibancada, enquanto a seleção confirma favoritismo; mas, Neymar precisa voltar

Leonardo Sandre

29/11/2022 às 18:59  atualizado em 29/11/2022 às 19:13

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Troféu da Copa do Mundo, maior torneio do futebol

Troféu da Copa do Mundo, maior torneio do futebol | Divulgação FIFA

Acho que não podemos reclamar dessa Copa do Mundo do Qatar com relação ao que acontece dentro de campo. Como sempre, a 2ª rodada foi divertidíssima, com algumas partidas bem jogadas e outras que entregaram emoção e novas surpresas. 

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Os jogos das 7h da manhã já deixam saudade, mas tem muita Copa pra rolar. França e Brasil despontam como principais favoritos depois de duas atuações seguras e a classificação antecipada, sem sustos. Interessante pensar que as duas seleções perderam seus principais jogadores e conseguem se manter fortes. Neymar se machucou no 1º jogo e vive a tensão de tentar voltar pro mata-mata. Já Benzema, ensaia um retorno das cinzas depois de ser afastado da seleção. Sem ter o nome retirado da lista de forma oficial, o atual melhor do mundo pode reaparecer como a grande história dessa Copa. Neymar também pode ensaiar uma volta por cima épica, mas tudo é muito incerto. 

Casemiro, Mbappé, Griezmann e Bruno Fernandes são os craques da Copa até aqui. Aliás, Portugal teve um início seguro, sem sustos e pode se consolidar como candidato tendo um Cristiano Ronaldo coadjuvante de Fernandes, o que não é nenhum demérito a essa altura do campeonato na carreira de CR7, que tem uma chance considerável de encerrar uma brilhante história como campeão do mundo. 

No mesmo grupo, o Uruguai decepciona. Esperava mais de um time renovado. A pergunta que não quer calar é sobre o estado de Arrascaeta, jogador do Flamengo, que terminou a temporada baleado e foi utilizado apenas na reta final do duelo contra Portugal. A condição física seria a única razão de ser reserva nesse time? Espero que sim. Para muitos, o uruguaio é quem pratica o melhor futebol no Brasil nos últimos anos. 

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Quem me acompanha por aqui sabe que o  fraco desempenho da ex-promissora geração belga não me surpreende. Apontei, antes da Copa, que a Bélgica perigava decepcionar e é isso que acontece até aqui. Time envelhecido e um vestiário rachado entre as estrelas. Fará um duelo decisivo contra a Croácia, atual vice-campeã e com um time renovado que ainda conta com o brilho de Modric e o bom futebol de Perisic, também experiente. Se o futebol for justo, o que nem sempre é, a Croácia deve avançar junto com Marrocos, que escreve a grande história dessa Copa. É muito legal acompanhar o time em campo, numa mistura de futebol, cultura, religião e adoração ao futebol. Vida longa aos marroquinos na Copa! Podem chegar longe.

Coloco até aqui França 2 X 1 Dinamarca, Espanha 1 x 1 Alemanha e Gana 3 x 2 Coreia do Sul, como os melhores jogos da Copa. Acredito que serão superados por algum dessa 3ª rodada. 

O grande vacilo da Copa veio da seleção japonesa que perdeu pra Costa Rica depois de ter surpreendido os alemães na 1ª rodada, perdendo a chance de garantir classificação antecipada e, mais do que isso, se complicando no grupo, deixando a classificação de bandeja para os alemães, que só precisam vencer os costa-riquenhos na última rodada. Já o Japão tem o desafio de vencer a Espanha. Difícil imaginar que esse raio cairá de novo no país do Pikachu. 

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Passando de fase, Alemanha e Argentina ficam fortes, independente do desempenho na primeira parte. Acredito que ambas chegarão lá. 

Pra fechar, dois pontos que me incomodaram um pouco até aqui com relação ao torcedor brasileiro. 
A antipatia a Neymar por uma parte considerável dos brasileiros é legítima. Não apenas pelo posicionamento político da última eleição, quebrando um pacto entre os jogadores, mas por toda uma postura adotada ao longo dos últimos anos. Tenho muitas críticas que vão desde o comportamento irresponsável na pandemia, a postura arrogante de nunca estar errado e não aceitar críticas construtivas, atacando quem aponta falhas, até a imaturidade para um homem de 30 anos, além, claro, do posicionamento político do último pleito. Mas nada disso me faz cometer a loucura de não querer nosso camisa 10 dentro de campo. Torço pelo retorno o mais rápido possível. Acho difícil imaginar o Brasil hexacampeão do mundo sem Neymar. Algumas pessoas, que não se importam tanto com o futebol assim, aparecem nessas horas para minimizar uma ausência como essa. Não caiam nessa. 

Vejo essa Copa do Mundo como uma oportunidade ímpar de virarmos uma página nebulosa do Brasil. Tento ser uma pessoa mais flexível, mas acabo esbarrando ainda em algumas questões. 
Os insultos a Gilberto Gil no Qatar, cometidos por brasileiros, me faz pensar realmente se é possível pacificar um país odiento (incluo aqui a torcida de alguns pela lesão de Neymar). 
Talvez a torcida brasileira presente no Qatar não represente tanto o espírito cultural de arquibanca que vemos por aqui. O apoio a seleção por lá parece fabricado por patrocinadores. A culpa dessa artificialidade pode estar na demonização das torcidas organizadas brasileiras por parte da mídia, dos agentes de segurança e do Ministério Público. Existe uma discussão rasa sobre o movimento das organizadas no país. A violência é sim um problema que precisa ser exposto e debatido. Ninguém deve matar e morrer por futebol. Mas a questão vai muito além disso. 

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A tentativa de retirada de uma bandeira da Gaviões da Fiel por torcedores de um movimento denominado “Verde e Amarelo” é um embate de dois Brasis antagônicos que brigam pelo mesmo espaço, enquanto poderiam viver e aprender em conjunto. Pode ser louvável a atitude de apoiar a seleção brasileira numa Copa, mas a cultura de arquibancada não está no corpo de quem não vive o dia a dia do futebol de clubes, que é a alma desse negócio que a gente tanto ama

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