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Debates Contemporâneos

A partida do presidencialismo: o que os brasileiros ganham no final das eleições?

Podemos ter a esperança de que o vencedor do pleito terá a dignidade de superar uma guerra estúpida para mudar o Brasil para melhor?

Maria Eduarda Guimarães

28/09/2022 às 15:09  atualizado em 28/09/2022 às 15:13

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Palácio do Planalto, em Brasília

Palácio do Planalto, em Brasília | José Cruz/Agencia Brasil

Escrevo esse artigo há poucos dias do 1º turno das eleições e me coloco num lugar de observadora sobre o que as pesquisas indicam e quais resultados as urnas vão apontar. Lula vence no 1º turno ou teremos que aguardar até novembro para descobrir quem será o próximo presidente? De qualquer maneira, quando as urnas estiverem sendo abertas, no final da tarde de domingo, dia 2 de outubro, assistiremos ao duelo entre o Bolsonarismo e o Lulismo; numa quase repetição do que ocorreu em 2018, quando Bolsonaro enfrentou Fernando Haddad. Vale lembrar que, na época, o professor foi o escolhido para ser o representante do ex-presidente Lula, que se encontrava preso em Curitiba cumprindo pena por ter sido condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

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O país que já vinha se dividindo entre apoiadores de Lula e Bolsonaro, ficou ainda mais cindido: se você não apoia Bolsonaro, você é automaticamente um comunista; e se não apoia Lula, você é fatalmente um fascista. Com esse cenário, o que podemos esperar desse resultado, seja ele qual for? Como brasileira, eu espero que o vencedor apazigue o país, que traga união entre nós, que venha a público e diga que vai governar com amor, que vai trabalhar fazendo políticas públicas para aqueles que mais necessitam e que será incansável na luta contra a pobreza. 

A verdade é que os brasileiros estão cansados, sofridos e desesperançados. A pandemia agravou problemas estruturais como a perda de emprego e renda, inflação, violência de gênero, trazendo fome e miséria para dentro das famílias. Somos uma nação com tantos recursos e não podemos desperdiçá-los em nome de nenhuma ideologia. Não podemos mais perder tempo com discussões infrutíferas sobre os costumes éticos, morais e sociais, que não mudam em nada a vida das pessoas. O que importa agora é tirar o país do mapa da fome. 

É imperativo que o novo presidente cumpra com o seu papel, que é governar o país, deixando para os indivíduos o direito de fazer suas escolhas pessoais e como tocar suas vidas privadas. 

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Temos tantos problemas para resolver como sociedade, desde a educação, saúde, segurança, meio ambiente e esses são apenas alguns, diante da imensidão de agravantes e dificuldades que a nossa população passa, diariamente. Além disso, precisamos enfrentar as reformas que podem nos levar a outro patamar de desenvolvimento: a tributária, a administrativa, a reforma política. Precisamos continuar a combater a corrupção que tira comida da mesa do pobre para enriquecer pessoas desonestas e descomprometidas com o desenvolvimento do Brasil.

O fato é que ambos os candidatos contribuíram para essa divisão entre nós, ignorando as reais necessidades dos brasileiros. Entraram em uma guerra estúpida, medindo forças, aproveitando toda e qualquer oportunidade para demonstrarem domínio e superioridade entre seus apoiadores, e como resultado temos brasileiros matando brasileiros numa situação jamais imaginada num país conhecido por sua amabilidade como um povo pacífico e afetuoso. 

Vale recordar que o PT inaugurou o gabinete do ódio contra Marina Silva em 2014 com a propaganda mentirosa sobre o programa de governo da candidata. Em 1998, Lula questionou as  urnas e ameaçou não aceitar o resultado e, recentemente, comparou a democracia alemã com a ditadura Nicaraguense, parabenizando Daniel Ortega que prendeu seus opositores para “vencer” as eleições. Bolsonaro e seus filhos aprimoraram esses instrumentos com o uso extenso e bem-feito das redes sociais - não precisamos repetir que Bolsonaro coloca dúvidas sobre as urnas e ameaça não aceitar o resultado do pleito, caso perca as eleições. Lula quando venceu as eleições de 2002 trouxe o nós contra eles, os pobres contra as elites, a herança maldita de FHC. Ou seja, Lula não pode se apresentar como um ícone, um prodígio que traz a harmonia.

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Do outro lado, Bolsonaro separa os brasileiros entre aqueles que prezam a família e os que discutem ideologia de gênero, como se estes temas fossem prioritários num país onde milhões de pessoas não têm sequer segurança alimentar. Governou protegendo sua família e para aqueles que comungam de sua fé religiosa, não deu explicações sobre as rachadinhas, os cheques na conta de sua esposa, os imóveis comprados com dinheiro vivo. Foi um homem cruel e impiedoso na condução da pandemia: andou de moto de jet-ski nos piores momentos, não visitou um hospital, não ofereceu conforto às milhares de famílias que perderam seus entes amados. Para completar, criou uma agenda de costumes que não traz nenhum benefício para nós, ao contrário nos distrai do que é realmente essencial: trabalhar para tirar o país do buraco em que está. 

Mas podemos ter a esperança de que o vencedor do pleito terá a dignidade para dispensar todas essas querelas e mudar esse panorama? Fica essa pergunta e um desejo de  que esses homens, seja qual for o resultado do pleito no 1º ou no 2º turno, façam o que nós brasileiros e brasileiras realmente queremos: foco no país e na resolução de nossos problemas. Será possível?

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