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Cotidiano

Twitter apresenta falhas para banir pornografia infantil na plataforma

Usuários do Twitter disseminam conteúdos de pornografia infantil, em sua maioria divulgados por meio de links para outras redes sociais de bate-papo

19/08/2023 às 18:21

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Para burlar ferramentas de segurança da plataforma, os usuários costumam misturar emojis ou números no meio da URL

Para burlar ferramentas de segurança da plataforma, os usuários costumam misturar emojis ou números no meio da URL | Souvik Banerjee / Unsplash

Usuários do Twitter disseminam conteúdos de pornografia infantil, em sua maioria divulgados por meio de links para outras redes sociais de bate-papo.

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A maior parte dos usuários que compartilham esses conteúdos é formada por membros que criaram a conta há poucos meses e seguem poucas pessoas na rede social, estratégia apontada por especialistas como uma forma de não deixar rastros.

A reportagem tentou contato com o Twitter no dia 28 de junho e no dia 27 de julho. Na primeira ocasião, a empresa encaminhou a mensagem automática com o emoji de cocô, resposta para todas as solicitações da imprensa desde março.

Na segunda, respondeu "vamos retornar em breve", mensagem anunciada no dia 21 de julho como a nova resposta automática da empresa de Elon Musk.

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A Folha observou que usuários que consomem o conteúdo criminoso costumam se comunicar por meio de hashtags com as iniciais do termo em inglês para "child pornography" (pornografia infantil, em português).
Apesar de Musk já ter dito que o combate à exploração sexual infantil seria a prioridade da empresa, a reportagem encontrou conteúdos do tipo ao longo de um mês de investigação.

Alguns dos posts são publicados com a hashtag e fotos de pratos de comida, conforme constatado pela reportagem. Nos comentários desses posts, outros membros publicam links que redirecionam para grupos do Telegram e sites com imagens e vídeos de exploração sexual infantil.

Em alguns o usuário é redirecionado para sites em que, sem necessidade de cadastro, já é possível ter acesso a fotos de crianças exploradas sexualmente.

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É comum que algumas postagens sejam deletadas ou que as contas sejam suspensas por conter conteúdos impróprios. A reportagem, no entanto, encontrou posts que permaneceram por mais de dez dias na rede e alcançaram quase 380 mil usuários.

Para burlar ferramentas de segurança da plataforma, os usuários costumam misturar emojis ou números no meio da URL e orientam os usuários sobre como proceder para acessar o conteúdo criminoso.

Em maio de 2023, o Ministério Público de São Paulo afirmou que investigava a presença de pornografia infantil nas redes sociais. Em um documento, são listadas contas do Twitter que divulgam o conteúdo. Apesar de essas contas terem sido banidas, usuários ainda conseguem encontrar o conteúdo criminoso na rede social.

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Em janeiro deste ano, o Twitter informou que havia suspendido 404 mil contas que criaram, distribuíram e engajaram com conteúdo de exploração sexual infantil, o que, de acordo com a empresa, representava um aumento de 112% das suspensões desse tipo de material.

No mês seguinte, o jornal The New York Times apontou que criou um robô para fazer pesquisas automatizadas em busca de materiais de pornografia infantil. De acordo com a reportagem, não foi difícil encontrá-los. Além disso, estes teriam sido promovidos pelo algoritmo de recomendação do próprio Twitter.

Ao pesquisar o termo "pornografia infantil" na busca da plataforma, o Twitter avisa que não tolera nenhuma forma de exploração sexual infantil e solicita que o usuário denuncie caso encontre esse tipo de material.

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Também indica que o usuário procure a SaferNet, organização que mantém um canal de denúncias de crimes e violações de direitos humanos na internet.

O presidente da SaferNet, Thiago Tavares, afirma que antes a entidade mantinha contato com ao menos três funcionários da empresa. Agora, só restou uma pessoa localizada no México, o que, ressalta ele, dificulta o contato.

Ele diz ainda que um conselho que a SaferNet integrava foi dissolvido poucos minutos antes de uma reunião, após seis anos de funcionamento. "Todos os integrantes eram voluntários, tinham reuniões regulares e era um espaço de interlocução com a empresa, em que podíamos apontar tendências, levar casos e discutir possíveis soluções."

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Pelo fato de o Twitter permitir a publicação de nudez e pornografia na plataforma, Tavares afirma que sempre foi um desafio banir conteúdos relacionados à exploração sexual infantil.

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