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Cotidiano

China faz uma super incursão de aviões militares contra Taiwan

Antes disso, a maior ação do gênero havia ocorrido em junho, quando 28 jatos foram lançados contra a ilha

Maria Eduarda Guimarães

04/10/2021 às 18:05

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Ditador da China, Xi Jinping

Ditador da China, Xi Jinping | Reprodução/ONU

A China promoveu nesta segunda-feira (4) a maior incursão aérea de sua história conta as defesas de Taiwan, escalando a pressão militar sobre a ilha autônoma que a ditadura comunista considera uma área rebelde.

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Foram 52 aviões: 34 caças J-16, 12 bombardeiros estratégicos H-6 e 2 caças Su-30. Antes disso, a maior ação do gênero havia ocorrido em junho, quando 28 jatos foram lançados contra a ilha.

Mais significativo ainda, a ação culmina uma onda diária de incursões, algo inédito. Desde sexta, foram 145 aviões rondando a chamada Adiz (Zona de Identificação de Defesa Aérea, na sigla inglesa) taiwanesa, obrigando a decolagem de caças e o rastreio por sistemas de mísseis.

Até o começo de setembro, havia ocorrido 450 incursões neste ano, o que demonstra a escala do movimento.

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Alguns motivos concorrem para tal atividade. Pontualmente, analistas dizem que Pequim mandou seu recado em celebração ao 72º aniversário de fundação da República Popular da China, comemorado na sexta (1º).

O governo de Xi Jinping reitera que quer reabsorver a ilha, governada por opositores dos comunistas derrotados em 1949 e hoje uma democracia, à gestão continental de forma pacífica. Mas diz que não descarta o uso da força.

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A questão é que os Estados Unidos, embora reconheçam a reivindicação chinesa sobre Taiwan, têm um acordo de provimento de armamentos e ajuda à ilha.

Com o acirramento da Guerra Fria 2.0 entre Washington e Pequim, a dúvida é se os chineses arriscariam uma ação que poderia colocá-los frente a frente com os americanos.

Há também questionamentos sobre as chances de sucesso militar chinês. O país nunca travou uma guerra com desembarque anfíbio, e a faixa em que isso é possível em Taiwan é bastante estreita e facilmente defensável – noves fora o custo humano sobre uma população que se pretende governar depois.

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A tensão, contudo, está colocada e é amplificada por outros fatores. Na semana que vem, EUA, Austrália e Reino Unido farão o primeiro exercício naval conjunto no mar do Sul da China após o anúncio do pacto militar conhecido pelo acrônimo Aukus (a partir de suas iniciais em inglês).

Tanto eles quantos os integrantes do Quad (além de EUA e Austrália, Japão e Índia) defendem que as águas da região, centrais para o comércio internacional, são livres. A China considera 85% do mar seu, e Xi asseverou isso militarizando ilhotas e recifes da região a partir de 2014.

A Guerra Fria 2.0 lançada em 2017 em várias frentes pelos americanos é, em boa parte, uma reação à percepção dessas assertividade chinesa. O próprio Aukus foi denunciado por Pequim como algo agressivo, porque prevê dotar os australianos de submarinos nucleares, o que aumenta a pressão naval sobre a ditadura.

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Com efeito, no domingo (3) o chanceler taiwanês, Joseph Wu, disse em um programa de TV australiano que deseja o reforço dos laços militares e de troca de inteligência com Camberra.

Do ponto de vista político, as incursões em série ocorreram no momento em que o Japão definia seu novo primeiro-ministro, após a renúncia de Yoshihide Suga. Tóquio tem feito a defesa dos taiwaneses com frequência, citando o perigo à ilha como similar ao que considera correr nas mãos chinesas.

Nos últimos anos, os governos liderados por Shinzo Abe, o antecessor de Suga que renunciou no ano passado, mantiveram uma postura bastante ofensiva ante Pequim –com uma militarização que incomoda a muitos no país.

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Na disputa interna do partido que governa o Japão, contudo, venceu Fumio Kishida, que é um moderado visto por analistas como o preferido pela China para governar o rival. Resta saber como isso se dará na prática.

Por fim, há o aspecto puramente militar. As incursões tiveram duas características. Primeiro, na sexta houve voos noturnos, algo pouco usual e que demonstra capacidade operacional aumentada.

Segundo, todas atacaram a região sudoeste da Adiz, que é basicamente uma área de espaço aéreo para fins de defesa. Ela é o caminho para o canal de Bashi, a sudeste da ilha.

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A região, disputada por Taiwan e pelas Filipinas, seria central para a assistência por mar a Taipei pelos aliados em caso de conflito.

Houve voos próximos também das ilhas Pratas, uma arquipélago pequeno mais ao sul que pertence a Taiwan e é visto como o alvo prioritário em uma invasão preliminar, caso Pequim decida ir às vias de fato.

Toda essa movimentação exerce grande pressão econômica sobre Taiwan. Segundo o orçamento enviado pelo governo da presidente Tsai Ing-wen ao Congresso em setembro, os gastos com operações aéreas em 2022 serão 10% mais altos, chegando a US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões nesta segunda).

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Em relação a 2016, quando Tsai assumiu pela primeira vez, o gasto é 56% maior, mostrando a evolução da pressão chinesa sobre a ilha no contexto da Guerra Fria 2.0. Cada vez que uma onda de aviões de Pequim se dirige à Adiz, caças têm de decolar armados para interceptá-los.

Nisso há também o óbvio risco de um embate acidental. Um míssil disparado, seja de defesas em solos, seja de aviões, pode levar os dois governos ao conflito.

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