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Cotidiano

Na Ucrânia, rebeldes retiram civis rumo a Rússia

Tensão entre países se mantém e EUA veem até 190 mil soldados para invasão

Gustavo Cavalcante

18/02/2022 às 12:27  atualizado em 18/02/2022 às 12:28

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin

O presidente da Rússia, Vladimir Putin | Pedro Ladeira/Folhapress

A guerra de versões alarmistas acerca da crise na Ucrânia chegou a um paroxismo nesta sexta (18), com os rebeldes pró-Rússia do leste do país anunciando uma retirada de civis porque temem uma ação iminente das forças de Kiev contra a região.

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Para políticos ocidentais, isso pode ser a senha para uma operação de bandeira falsa, quando o adversário promove um ataque ou incidente destinado a criar um pretexto para retaliar. A realidade é mais complexa, mas os líderes das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk jogaram gasolina na fogueira.

"Em primeiro lugar, mulheres, crianças e idosos estarão sujeitos à evacuação. Pedimos gentilmente que vocês ouçam e tomem a decisão certa. A partida temporária salvará a vida e a saúde de você e de seus entes queridos", escreveu em comunicado Denis Puchilin, líder da república de Donetsk.

Ele disse que "a liderança da Rússia" já disponibilizou locais para receber refugiados na região de Rostov, adjacente à área. Isso casa com a fala do presidente Vladimir Putin, ao lado do aliado Aleksandr Lukachenko, que o visitou nesta sexta no Kremlin. "A situação no Donbass (o leste ucraniano) está muito perigosa", afirmou.

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Na quinta, houve troca de acusações sobre bombardeios com morteiros. Duas pessoas ficaram feridas do lado ucraniano, segundo Kiev. Nesta sexta, num padrão usual da região, dois soldados de Kiev teriam sido baleados numa escaramuça.

Puchilin disse que há sinais de uma invasão em preparação por forças ucranianas, o que Kiev negou. É uma repetição em microcosmo e com sinal invertido do que se viu nos dois últimos meses no entorno da Ucrânia.
Dando sequência à sua campanha de denúncia do que chama também de risco iminente de invasão russa da Ucrânia, os Estados Unidos agora estimam que Moscou tem mobilizados de 169 mil a 190 mil soldados em torno do vizinho, quase o dobro do nível registrado no fim de janeiro.

Foi o que disse o embaixador Michael Carpenter em uma reunião de emergência da OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa) nesta sexta (18) em Viena. "É a mais significativa mobilização militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou.

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A afirmação, chamada de alarmismo vazio pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia, está em linha com a retórica do presidente Joe Biden, que desde o começo do ano anuncia uma incursão. O Kremlin nunca confirmou números, mas desde segunda (14) tem anunciado retiradas de partes das tropas que participavam de exercícios militares em lugares como a Crimeia anexada.

A fala de Carpenter condiz com a tática americana até aqui, de desenhar os piores cenários e expô-los como verdade em público. Na quinta (17), o secretário de Estado, Antony Blinken, expôs ao Conselho de Segurança das Nações Unidas até as opções que Vladimir Putin teria para arrumar um pretexto e agir contra a Ucrânia.

Todas passam pelo leste do país, que vive uma guerra civil congelada entre separatistas russos étnicos apoiados por Putin e o governo em Kiev desde 2014, quando uma revolta derrubou o presidente alinhado ao Kremlin e o líder russo anexou a Crimeia para evitar a entrada do país na União Europeia e na Otan (aliança militar ocidental).

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É lá que ficam as duas áreas rebeldes, as ditas repúblicas de Donetsk (2,3 milhão de habitantes) e de Lugansk (1,5 milhão), homônimas de suas cidades principais.

Que a evacuação foi combinada com os russos, isso é evidente. Resta saber se é para Putin fazer o que o Ocidente diz que ele vai fazer ou para apenas manter a pressão alta na disputa de retóricas e, ao fim, não tomar nenhuma medida e dizer que sempre prometeu agir assim.

Se quiser agir, contudo, tem à mão o pedido, igualmente costurado com o Kremlin, do Parlamento russo para que Putin reconheça as repúblicas. Isso abriria o caminho para uma intervenção limitada, feita "a pedido", aspas compulsórias. Isso colocaria a Ucrânia na parede, até porque o Ocidente só promete sanções econômicas contra Moscou caso algo ocorra.

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Essa opção enterra o ativo diplomático dos Acordos de Minsk, que desenharam em 2015 um cessar-fogo precário e a leitura de uma Ucrânia federalizada -o que na prática manteria o país fora da Otan, objetivo estratégico de Putin explícito. Por isso mesmo, é duvidoso o que irá acontecer.

Em seu encontro com Lukachenko, o russo reforçou ainda mais as estruturas do chamado Estado da União, um plano geopolítico incentivado por ele que prevê a unificação com a Belarus. O ditador belarusso sempre evitou isso para manter poder, mas, desde que apelou ao Kremlin ao ser encurralado por protestos de rua após uma eleição fraudada em 2020, as coisas mudaram.

Ambos os líderes voltaram a dizer que os exercícios militares conjuntos em Belarus, vistos como prenúncio de um ataque também ao norte contra Kiev, vão acabar domingo (20), como previsto. E que ainda esperam uma saída negociada para o imbróglio que não envolva mais sanções ocidentais.

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