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Cotidiano
Nesta semana, o número de infectados por milhão de habitantes atingiu o pior patamar desde o começo da pandemia
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Especialistas sugerem a ocorrência de uma quarta onda de Covid-19 na Alemanha. | Mårten/Unsplash
Em um mês, a Alemanha foi de um país em que o coronavírus parecia controlado a um panorama em que especialistas sugerem a ocorrência de uma quarta onda de Covid. Nesta semana, o número de novos casos por milhão de habitantes atingiu o pior patamar desde o começo da crise sanitária, e a cifra absoluta de infecções diárias bateu recorde nesta quinta-feira (11), com 50.196 contaminações.
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Em Berlim, os 2.874 novos casos diários registrados também são os mais altos desde o início da pandemia, segundo o Robert Koch-Institut (RKI), órgão do governo que monitora doenças infecciosas.
Assim, a administração da capital alemã, que funciona como um estado independente, adotou regras mais duras contra a doença. Na prática, pessoas não vacinadas serão impedidas de entrar em espaços como restaurantes, cinemas e museus, e a expectativa é a de que outros estados sigam o exemplo.
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Se a situação continuar se agravando, as novas regras em Berlim podem vir a atravancar a vida de quem optou pela imunização. Em números absolutos, a média móvel de sete dias na Alemanha, na quarta-feira (10), era de 39.676 casos e 236 mortes em todo o país, ainda de acordo com o RKI.
Para comparação, no mesmo dia, o Brasil anotou 15.298 novos casos e 264 mortes por Covid-19.
Ainda na quarta, a média móvel de infecções por 1 milhão de habitantes nos últimos 7 dias na Alemanha era de 353, número próximo ao pico registrado no Brasil, em junho, 361, segundo dados da Universidade John Hopkins compilados pela plataforma Our World in Data. Até então, o momento de maior circulação do coronavírus na Alemanha havia sido em dezembro, com 307 casos por milhão de habitantes no dia 23.
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O número de óbitos também está em escalada, mas longe do pico da pandemia no país. Foram cerca de 1,5 mortes por milhão de habitantes no país. No pior momento da crise, em janeiro, o valor superou 10.
No início do mês, o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, e o chefe do RKI, Lothar Wieler, atribuíram a alta nos casos aos atrasos na vacinação e às pessoas terem deixado de seguir protocolos sanitários.
Entre os problemas apontados está a checagem inadequada do comprovante de vacinação antes de o público entrar num estabelecimento. Para Spahn, em declaração reproduzida pela agência de notícias Deutsche Welle, a "quarta onda está com força total" e agora é uma "pandemia dos não vacinados".
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Na Alemanha, as vacinas estão disponíveis para toda a população com mais de 12 anos desde agosto. Os números, no entanto, parecem ter estagnado. Até o início de setembro, 60% da população da Alemanha tinha a imunização completa. De lá pra cá, o programa de vacinação pouco avançou. Chegou a pouco mais de 66% no fim de outubro e continua neste patamar até agora, segundo o Our World in Data.
Uma pesquisa do Instituto Forsa encomendada pelo Ministério da Saúde alemão mostra que 65% das pessoas não vacinadas não pretendem se imunizar nos próximos meses. Outros 23% tendem "bastante a não" se vacinar, e apenas 2% disseram que planejavam fazê-lo. Os 10% restantes estavam indecisos.
O programa de reforço na imunização, criticado por divulgar informações desencontradas e falta de coordenação entre diferentes esferas do governo, ainda não obteve a abrangência desejada. A meta é que 20 milhões de pessoas recebam a dose extra até o Natal. Cerca de 3 milhões já foram aplicadas até agora.
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Baladas e vida normal
Hoje, nas ruas, nos bares e nos restaurantes de Berlim, ninguém usa máscara. Necessidade mesmo apenas em alguns locais fechados e no transporte público – nos quais a proteção é obrigatória e usada daquele jeito: uma bem ajustada aqui, um nariz para fora ali, outra cobrindo apenas o queixo.
Além disso, as casas noturnas, um símbolo da cidade de 3,5 milhões de habitantes, reabriram em setembro – e estão cheias. Em outubro, a Folha foi à Berghain, uma das principais boates de Berlim e conhecida como a "capital mundial do techno". Com o local lotado, as pessoas chegavam a esperar mais de três horas para entrar – enfileiradas num lugar descoberto e sob temperaturas inferiores a 10 ºC.
Atualmente, bares, restaurantes e locais de eventos podem escolher aderir a um de dois conjuntos de regras sanitárias, denominados 2G e 3G. No primeiro, apenas pessoas completamente vacinadas ou quem se recuperou da Covid nos últimos seis meses têm acesso aos estabelecimentos. Nesse caso, os espaços operam sob regras mais brandas, com dispensa de máscaras e do distanciamento físico.
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Já na 3G, qualquer pessoa com um teste negativo realizado nas últimas 48 horas também pode entrar, mas há limitações no local, como necessidade de utilização de máscaras.
Mesmo com a alta de casos, o próximo governo federal alemão não deve impor restrições mais duras, ao menos no início da gestão, já que medidas do tipo não aparecem num rascunho da estratégia a ser adotada pela coalizão dos partidos SPD, Verde e FDP, que devem passar a comandar o país.
De acordo com a agência de notícias Reuters, as três legendas já chegaram a um acordo para não estender o estado de emergência no país. Por outro lado, medidas como uso obrigatório de máscaras e manutenção do distanciamento em locais públicos fechados devem ser mantidas até março de 2022.
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O tema deve ser discutido nesta quinta, segundo o jornal Frankfurter Allgemeine. As regras previstas pelos partidos incluem a volta da testagem gratuita, extinta em outubro, promoção de doses de reforço e licença para pais cujos filhos peguem Covid, ou no caso de terem suas creches fechadas em razão da doença.
Alguns estados, no entanto, passaram a endurecer as normas de acesso a locais fechados, como bares e restaurantes, para não vacinados. Na prática, quem não se imunizar será barrado nesses locais.
Berlim é um dos lugares que optou por regras mais duras para o acesso a estabelecimentos. A capital segue o exemplo da Saxônia, estado no leste do país, que apertou as regras no começo desta semana.
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Nesta quarta-feira, o Senado de Berlim, nome dado ao Executivo local, adotou medidas para fazer com que a 2G vigore obrigatoriamente em mais espaços. Segundo o site oficial do governo berlinense, as medidas vão barrar o acesso de não vacinados a restaurantes, cinemas, teatros, museus e galerias, bem como locais recreativos como saunas, banhos termais, fliperamas e áreas internas de parques e zoológicos.
As casas noturnas já eram obrigadas a adotar o modelo 2G.
As mudanças não se aplicam a quem tem menos de 18 anos. Para essa fatia da população, basta um teste de Covid com resultado negativo. As medidas também não alteram a regra 2G em si, apenas a tornam obrigatória em locais que antes tinha, ainda, a opção de adotar a 3G.
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De acordo com o site oficial de Berlim, Michael Müller, prefeito da cidade, diz que a fiscalização aos estabelecimentos deve se intensificar. Além disso, uma regra mais dura, chamada de "2G mais", ficaria pronta para ser adotada caso a situação da pandemia continue a se agravar. Na nova modalidade, mesmo pessoas vacinadas precisariam apresentar teste negativo para entrar nos estabelecimentos.
A expectativa é a de que medidas semelhantes sejam posteriormente adotadas no estado de Brandemburgo, que rodeia a capital alemã. Na segunda, Berlim também anunciou que máscaras voltariam a ser obrigatórias para crianças no ensino fundamental – a exigência havia caído no começo de outubro.
Além disso, um programa que testa os alunos três vezes por semana será mantido – havia a expectativa de que o número de exames de detecção do coronavírus fosse reduzido.
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