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Cotidiano
O chefe do Estado-Maior americano, general Mark Milley, afirmou ao menos três membros da alta cúpula da gestão do republicano tinham conhecimento das ligações
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O ex-presidente dos EUA, Donald Trump. | Reprodução
Em seu primeiro depoimento detalhado sobre os telefonemas que fez para a China na tentativa de apaziguar as relações diplomáticas e esclarecer que os Estados Unidos não pretendiam iniciar uma guerra no fim do mandato de Donald Trump, o chefe do Estado-Maior americano, general Mark Milley, afirmou que membros da cúpula do governo do republicano tinham conhecimento dessas conversas.
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O chefe militar testemunhou nesta terça (28) em uma audiência convocada pelo Comitê de Serviços Armados do Senado americano para falar sobre o papel dos militares na retirada das tropas do Afeganistão, em agosto, processo que encerrou a guerra mais longa do país e também abriu espaço para o retorno do grupo fundamentalista islâmico Talibã ao poder.
Apesar do tema da audiência, a participação do general Milley, como esperado, foi protagonizada por seus esclarecimentos sobre os meses finais do governo de Trump. Um livro de repórteres do jornal The Washington Post publicado há duas semanas revelou que o chefe militar ligou para seu homólogo chinês duas vezes para assegurar que não havia possibilidade de ataques americanos.
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As revelações levaram parlamentares republicanos a pedirem que Milley renunciasse - o presidente Joe Biden, porém, afirmou ter "total confiança" no general, descartando sua demissão. Trump, poucos dias após virem a público as informações, alegou que a história era "fabricada" e que, caso fosse verdade, o general deveria ser julgado por traição.
Durante os minutos finais de sua fala na audiência desta terça, Milley listou ao menos três membros da alta cúpula da gestão do republicano que tinham conhecimento das ligações: Mike Pompeo, então secretário de Estado, Mark Meadows, chefe de gabinete, e Chris Miller, secretário interino de Defesa.
O general afirmou ter certeza de que Trump "não tinha a intenção de atacar os chineses" e que é sua responsabilidade "transmitir as intenções presidenciais". Por essa razão, seguiu, ele teria ligado para transmitir uma mensagem de calma e firmeza e para "desescalar" a tensão com a China.
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Milley também abordou a conversa que teve com a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, poucos dias após a invasão ao Capitólio insuflada por Trump. O episódio também foi revelado pelo livro dos repórteres do Washington Post - segundo a apuração, eles teriam compartilhado preocupações em torno de uma suposta "deterioração da saúde mental" do então presidente.
Sobre o assunto, o chefe militar disse que Pelosi o procurou para perguntar sobre a capacidade do presidente de lançar armas nucleares, ao que ele teria assegurado que o lançamento deve ser autorizado pelo presidente, mas que também passa por outras pessoas. Afirmou ter dito, ainda, que não estava "qualificado para determinar a saúde mental do presidente dos EUA".
Segundo mostra a apuração dos jornalistas, na tarde do mesmo dia do telefonema, o chefe do Estado-Maior americano convocou oficiais de sua equipe para revisar os procedimentos para o lançamento de armas nucleares. Na reunião secreta, ele disse que só o presidente poderia dar essa ordem, mas enfatizou que ele, Mark Milley, deveria estar envolvido na decisão para que ela fosse posta em prática.
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Em relação ao tema original da audiência - a saída das tropas americanas do território afegão -, o general disse que ele e outros líderes militares aconselharam o presidente Joe Biden a postergar a retirada das tropas. "Os tomadores de decisão não são obrigados de forma alguma a seguir esse conselho", emendou.
Trata-se da primeira vez que altos oficiais militares dos EUA reconheceram publicamente terem aconselhado a Casa Branca a não encerrar a ocupação americana no Afeganistão, medida que vem desidratando os índices de aprovação da gestão Biden.
Além de Milley, participaram o chefe do Comando Central, Kenneth McKenzie, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin. O primeiro alegou ter recomendado que 2.500 soldados fossem mantidos no Afeganistão, com a opção de aumentar o contingente para 3.500, a depender da necessidade. Em entrevistas recentes, quando questionado sobre o assunto, Biden negou ter recebido esse conselho.
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Já Austin disse que os altos líderes militares foram pegos de surpresa pela rapidez com que o governo afegão e o exército do país da Ásia Central colapsaram. "Ajudamos a construir um Estado, mas não conseguimos forjar uma nação", disse. "O fato de o exército afegão que nós treinamos ter simplesmente desmoronado -em muitos casos sem disparar sequer um tiro- nos pegou de surpresa."
Três dias após o Talibã retomar o poder no Afeganistão, o então presidente do país, Ashraf Ghani, confirmou estar exilado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. O exército afegão, desmantelado, se dividiu, e alguns membros passaram a integrar forças de resistência.
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