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Quadro Independência ou morte | Wikimedia Commons/Reprodução
No salão nobre do Museu do Ipiranga, encontra-se um dos quadros mais procurados pelos visitantes, aquele que retrata uma das datas mais importantes do país. Acontecida há 204 anos, no dia 7 de setembro de 1822, o dia da independência do Brasil reserva muitas histórias curiosas.
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Uma dessas histórias incomuns narra o fato de que o dia do grito não foi exatamente como descrito no famoso quadro de Pedro Américo.
O quadro que ilustra a cena do grito foi encomendado pelo governo imperial paulista de 1886 para decorar o museu do Ipiranga.
A obra, criada com 7 metros de largura pelo pintor Pedro Américo, na Itália, colocou D. Pedro I como uma espécie de herói da independência.
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Porém, é sabido que a independência já havia sido negociada bem antes do dia 7 de setembro, pela princesa Leopoldina e por José Bonifácio de Andrada e Silva.
A criação do mito, colocando Dom Pedro I como grande responsável pela independência, foi proposital. Era uma estratégia do governo paulista liderada pelos Barões do Café para valorizar as terras paulistas.
Não se sabe o que causou a dor de barriga no príncipe regente, se foram as notícias que chegavam da corte ou algo que ele comeu.
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O fato é que no dia 7 de setembro de 1822 ele seguiu para São Paulo e, ao longo do caminho, saltou de sua mula com uma forte dor de barriga.
Segundo o barão de Pindamonhangaba, que estava também na viagem, Dom Pedro I parou para se aliviar perto de uma colina no lugar que hoje é conhecido como alto do Ipiranga.
Ele teria deixado o Major Cordeiro, que viera do Rio de Janeiro, com papéis importantes da princesa Leopoldina e de José Bonifácio, esperando.
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Ao retornar, pegou as cartas para ler e, ao se inteirar sobre o conteúdo, comunicou os fatos as pessoas à sua volta e bradou: “É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal”.
Note que ele não disse “temos que nos separar de Portugal”. A independência já estava consumada pela princesa Leopoldina.
A princesa é quem foi a verdadeira heroína da independência e não Dom Pedro I que, aliás, nem estava vestido com os trajes de gala mostrado no quadro de Pedro Américo ou sequer montado num cavalo branco quando gritou independência ou morte!
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Dom Pedro entrou na cidade de São Paulo pela Várzea do Carmo, hoje Parque Dom Pedro II, e foi recebido por uma multidão que o saudou com flores e o som dos sinos de 12 igrejas.
Ele seguiu pela rua que agora é a avenida Rangel Pestana até a igreja da Sé.
De acordo com o botânico francês Saint-Hilaire, São Paulo em 1822 era uma cidade pequena, com casinhas de taipa pintadas com cal da ladeira do Tabatinguera.
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A cidade, apesar de simples, era considerada uma das mais bonitas do Brasil na época.
Esse acolhimento caloroso e o cenário bucólico de São Paulo marcaram a passagem de Dom Pedro I pela cidade.
Dom Pedro I foi recebido com grande entusiasmo nas ruas de São Paulo, que estavam cheias de pessoas acenando com lenços e lançando pétalas de flores.
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Ele passou por dois arcos que simbolizavam a glória antes de chegar à igreja da Sé, onde o sino badalou para anunciar a independência.
Após sua chegada triunfal, ele foi ao Palácio dos Jesuítas e escreveu "Independência ou Morte!" em um papel, enviando para gravar em um broche de ouro.
Na mesma noite, no teatro Casa da Ópera, senhoras paulistas cantaram o hino da independência composto por Dom Pedro I.
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Na noite de 7 de setembro, Dom Pedro I, vestido de gala, foi à Casa da Ópera, que ficava próxima ao Palácio de Governo.
Ele usava um broche com o dístico "Independência ou Morte", feito horas antes.
Ao chegar ao camarote, foi saudado com vivas de "Independência ou Morte" e "Viva a independência do Brasil".
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O teatro aclamou Dom Pedro enquanto o hino da Independência, composto por ele, foi executado.
Após o hino, declamaram-se poemas em sua homenagem. Entre os presentes, padre Manuel Joaquim do Amaral Gurgel proclamou "Viva o primeiro Rei Brasileiro" três vezes.
Em seguida, iniciou-se a peça "O convidado de Pedra", encerrando a celebração da independência.
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A peça original em espanhol, "El Burlador de Sevilla o El Convidado de Piedra", introduziu o mito de Dom Juan, um sedutor infame.
A obra é atribuída a Tirso de Molina e data de 1630. Ela foi imortalizada por Mozart em sua famosa ópera "Don Giovanni".
Na história, o servo Leporello conta que Dom Juan teve mais de mil amantes apenas na Espanha, reforçando a imagem de seu mestre como um notório conquistador.
Essa narrativa é considerada uma das primeiras representações do personagem Dom Juan na literatura e no teatro.
Não se sabe exatamente o porquê, mas Dom Pedro I abandonou a peça bem antes do final.
Deu apenas uma desculpa de que tinha um compromisso importante para cumprir ainda naquela noite quando foi aclamado Rei do Brasil.
Muitos cronistas deixam subentendido que Dom Pedro I foi se encontrar com Domitila de Castro, que ele já havia conhecido um ano antes.
Um ano depois, Domitila foi viver na corte com Dom Pedro I e só saiu de lá com o título de Marquesa de Santos, sem nunca ter pisado um só dia naquela cidade.
O fato é que Dom Pedro I ficou apenas uma década no trono do brasileiro, mas sua fama de Dom Juan permaneceu por séculos no Brasil.
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