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FOBO: como o excesso de opções e o avanço da IA alimentam novos transtornos

Paralisia diante de escolhas e medo da obsolescência expõem os efeitos da era digital na saúde mental

Leonardo Siqueira

24/04/2025 às 12:17

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Pressão para escolher rápido e "certo" em momentos de muitas opções é um desafio da Geração Z, afirma Arthur Guerra

Pressão para escolher rápido e "certo" em momentos de muitas opções é um desafio da Geração Z, afirma Arthur Guerra | Imagem gerada por IA

Quem nunca ficou horas para escolher o que vai jantar pelo aplicativo? O aumento do tempo de tela nos últimos anos fez surgir fobias que antes não existiam no mundo, como os dois tipos de FOBO. Contra isso, existem institutos especializados contra a dependência patológica de telas. 

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O que Fear Of Better Option tem a ver com a Netflix?

O medo de você estar fazendo a escolha errada tem crescido entre a população brasileira. É aquele sentimento ruim no momento em que você quer assistir a algum filme no streaming, mas sente a necessidade de olhar o maior número de opções possíveis para fazer a escolha certa. 

Por conta da grande quantidade de alternativas, é comum deslizar para a esquerda várias vezes e no final escolher aquela opção que já estava acostumado. 

“Pode ser que exista um risco de ter uma outra decisão que seja melhor, mas isso não deve paralisar você, isso não deve deixar você num estado de pânico”, alerta Arthur Guerra, coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Hospital Sírio-Libânes.

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Ele complementa dizendo que o problema é quando essa paralisação traz prejuízos para a rotina e afeta outras áreas da vida, como profissional, sexual ou sentimental. O cérebro cria uma rotina de ação e repete em outras situações, sem conseguir decidir em momentos importantes.

“É um medo muito relacionado à ativação da área da amígdala, que é uma área de ameaça (...) e ativa também a região do córtex pré-frontal, região responsável pelas escolhas”, afirma. Guilherme Olival, neurologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. 

O cérebro percebe o ato de decidir como uma ameaça a potencial satisfação futura e ativa a amígdala, que desencadeia a resposta de ansiedade e evitação. O córtex pré-frontal tenta ponderar as opções, mas se vê sobrecarregado pelo excesso de alternativas.

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Esse tipo de FOBO também está ligado ao sistema de recompensa. A busca por uma “melhor opção” cria uma sensação ilusória de controle e prazer, mesmo sem tomar a decisão “correta”. 

Fear of Becoming Obsolete cresce com o avanço da IA

O medo de se tornar obsoleto cresceu depois que entramos na era das IA´s (Inteligências Artificiais). A sensação de ser substituído pela inteligência artificial provoca desespero e busca por aprimoramento, diferente do que aconteceu na era industrial - quando as máquinas também substituíram pessoas. 

Atualmente, a grande quantidade de informação pode fazer com que a população não se sinta pertencente, ou não consiga acompanhar o ritmo da evolução.

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Pense em um designer gráfico que sempre trabalhou com Photoshop. De repente, surgem ferramentas como o Midjourney, que criam artes em segundos a partir de um texto. Ele se sente perdido, desatualizado, e começa a duvidar de seu próprio valor. Isso é FOBO.

“Relacionado a uma característica psicológica bastante conhecida que é a síndrome do impostor. A ideia de que você não é bom o suficiente para estar ocupando a posição em que você está”, explica Olival. 

A ideia de ser obsoleto está ligada com a velocidade das inovações, mais rápida que a do cérebro de se adaptar. Esse fator contribui para o aumento de ansiedade e depressão.

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“Isso coloca a pessoa dentro de um estado de produção de noradrenalina e dopamina, uma ansiedade muito intensa, uma autocobrança que vai retroalimentar uma imagem de si que é impossível de ser atingida”, continua ele. 

Segundo o relatório do Barómetro Internacional da Inovação 2025, no qual entrevistou 1.227 administradores, dentre eles diretores de diversas áreas, a tecnologia está transformando os ambientes de trabalho. 

Quando questionados sobre mudanças na estrutura do time de Pesquisa e Desenvolvimento, 85% afirmaram que elas estão acontecendo e 41% disseram que já o fizeram, mais da metade (52%) dos entrevistados estão em grandes empresas.

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Não só na área de Pesquisa e Desenvolvimento, mas outros setores estão adotando a Inteligência Artificial. Agora, tarefas que eram consideradas complexas e somente realizadas por humanos, podem ser feitas em segundos por grandes bases de dados. 

Como deletar esses medos?

Anna Lucia Spear King, doutora em saúde mental, diz que o tratamento em dependência digital não é como o de álcool e drogas, pois precisamos da tecnologia para viver. Mesmo que os efeitos do mundo digital sejam parecidos com o das drogas ilícitas: 

“Todas as dependências agem no mesmo setor do cérebro, o de recompensa. Elas funcionam da mesma forma, liberam endorfina, dopamina e serotonina. Substâncias químicas que nos dão prazer e bem-estar”, diz ela.

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Aprender a fazer o uso consciente é importante. Usar o celular todos os dias e por muitas horas não é uma patologia, existe uma diferença entre a dependência emocional e dependência patológica - conhecida como nomofobia.

“Isso é geralmente a falta de educação digital, que as pessoas usam as tecnologias exageradamente, sem limites. Elas devem aprender a usar com limites e regras todos os dias”, explica a fundadora do Instituto Delete-Uso Consciente de Tecnologias. 

O excesso de telas em adultos, trouxe alguns problemas principalmente para a Geração Z. Além da diminuição de concentração, “existe uma epidemia grave de insônia causada pela tela azul, iluminação dos celulares”, explica Dr. Olival.

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Mesmo que o excesso de telas seja uma característica comum, cada caso é único. Muitas vezes o vício em telas está associado com algum transtorno mental que potencializa o uso. 

Por isso, é essencial uma avaliação psicológica para entender o que o paciente tem para  começar o tratamento. 

“Umas pessoas são mais inseguras, vão ficar com medo de ficar de fora, outras vão ficar se sentindo deprimidas. Cada pessoa é um caso individual que deve ser avaliado. Então, vão surgir várias siglas de várias situações que a pessoa pode se inserir”. 

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O Instituto Delete oferece tratamento para pessoas com nomofobia, o método é gratuito, os interessados devem enviar um e-mail para [email protected]. O tratamento pode ser on-line.

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