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O cantor Lewis Capaldi precisou parar um show por conta das crises associadas à Síndrome de Tourette | Reprodução/Youtube
Em 2023, o cantor Lewis Capaldi teve uma crise associada à Síndrome de Tourette durante um show. No episódio, o artista apresentou movimentos involuntários nos ombros, o que o impediu de cantar. Para ajudar a terminar o conserto, os fãs começaram a cantar em coro, em uma cena emocionante (vídeo abaixo)
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A síndrome de Tourette é uma condição neurológica pouco compreendida, mas que afeta muitas pessoas ao redor do mundo. Ela é caracterizada por tiques involuntários, que podem ser motores (movimentos repetitivos) ou vocais (sons involuntários).
Embora a doença seja frequentemente confundida com outras condições, como manias, a síndrome de Tourette apresenta características específicas que podem ser facilmente reconhecidas, principalmente quando se conhece os detalhes da doença.
Em entrevista à Rádio USP, o neurologista Victor Tumas, professor do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, explicou como identificar a síndrome e os principais aspectos que envolvem essa condição.
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“A síndrome de Tourette é caracterizada pela presença de tiques motores e vocais, que devem aparecer em uma pessoa antes dos 18 anos e durar pelo menos um ano”, explicou Tumas.
Os tiques são os principais sintomas da síndrome de Tourette e podem variar bastante de pessoa para pessoa. Tiques motores envolvem movimentos involuntários, como piscar os olhos, movimentos bruscos de cabeça ou gestos repetitivos com as mãos.
Já os tiques vocais podem incluir sons como grunhidos, estalos, tosses ou até palavras, sendo que, em alguns casos, pode ocorrer o uso involuntário de palavrões, um fenômeno conhecido como coprolalia.
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De acordo com Tumas, a principal característica dos tiques é sua involuntariedade.
“As pessoas com a síndrome de Tourette não conseguem controlar esses movimentos ou sons, e isso pode gerar um grande desconforto social, especialmente na infância e adolescência”, afirma o neurologista.
Isso ocorre porque, além de ser um sintoma físico, o comportamento repetitivo também pode afetar a vida social e emocional dos pacientes.
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O diagnóstico da síndrome de Tourette é clínico, ou seja, é baseado na observação dos sintomas. Não existem exames laboratoriais específicos para identificar a condição. O diagnóstico é feito a partir da observação dos tiques, que devem ocorrer antes dos 18 anos e persistir por pelo menos um ano.
Se os sintomas surgirem mais tarde ou durarem menos tempo, o diagnóstico de Tourette pode ser descartado.
Tumas alerta que é importante distinguir os tiques de outras condições, como manias ou outros distúrbios do movimento.
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“Muitas vezes, as pessoas confundem tiques com hábitos repetitivos ou manias, mas a principal diferença é que os tiques são involuntários e não são controlados pela pessoa”, explica o especialista.
Embora a causa exata da síndrome de Tourette ainda não seja completamente compreendida, estudos indicam que fatores genéticos e neurológicos desempenham um papel importante.
A condição tende a ser mais comum em crianças e adolescentes, com uma predominância em meninos. Além disso, a síndrome está frequentemente associada a outros distúrbios neurológicos, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e o déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
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Embora não haja cura para a síndrome de Tourette, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. O tratamento geralmente envolve terapia comportamental, medicamentos e, em alguns casos, intervenção cirúrgica.
A terapia comportamental ajuda os pacientes a lidarem melhor com os tiques, enquanto os medicamentos podem ser usados para controlar os sintomas mais intensos, como os antipsicóticos e os bloqueadores de dopamina.
Além disso, o apoio psicológico e o acompanhamento de especialistas, como neurologistas e psiquiatras, são fundamentais para ajudar o paciente a lidar com as dificuldades sociais e emocionais que a síndrome pode causar.
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“O tratamento é multidisciplinar e deve ser individualizado, levando em consideração a gravidade dos sintomas e o impacto na vida da pessoa”, enfatiza Tumas.
Muitas pessoas com síndrome de Tourette têm uma vida normal, especialmente quando recebem o tratamento adequado.
No entanto, a condição pode ter um impacto significativo durante a infância e adolescência, quando o bullying e a incompreensão por parte de colegas podem causar sofrimento emocional.
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O apoio de familiares, amigos e profissionais de saúde é crucial para que a pessoa se sinta acolhida e compreendida.
É importante ressaltar que, apesar de ser uma condição que pode persistir por toda a vida, os sintomas da síndrome de Tourette tendem a diminuir com a idade.
“Em muitos casos, os tiques se tornam menos intensos na vida adulta, mas o acompanhamento ao longo da vida é importante”, conclui Tumas.
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