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Do primeiro sinal ao laudo: como funciona o diagnóstico de autismo no Brasil

Redes públicas e privadas têm caminhos diferentes para diagnosticar TEA e iniciar tratamento

Adriano Assis

04/04/2025 às 16:01  atualizado em 04/04/2025 às 16:10

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Diagnóstico e intervenção precoce são fundamentais para melhora da qualidade de vida da criança

Diagnóstico e intervenção precoce são fundamentais para melhora da qualidade de vida da criança | Depositphotos

O diagnóstico e a intervenção precoces são fundamentais para o desenvolvimento de quem tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Eles permitem uma melhora significativa na qualidade de vida e no prognóstico da criança.

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Muitos pais, ao notarem sinais que podem indicar um atraso no desenvolvimento, ficam sem saber como agir. O primeiro passo é procurar o médico de referência da família, como o pediatra.

É ele quem dá início à trajetória para confirmar ou não o diagnóstico de autismo e iniciar o tratamento. Mas há diferenças no caminho percorrido pelas famílias que utilizam a rede pública e a privada de saúde.

O diagnóstico na rede pública de saúde

A porta de entrada deste e qualquer tratamento no SUS é a unidade básica de saúde. No caso de suspeita de autismo, o "postinho" do bairro ou localidade é quem dá os primeiros passos, com o pediatra ou médico da família.

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“A partir da identificação de sinais de atrasos no desenvolvimento, tanto a criança quanto a família são inseridas em um processo de intervenção/estimulação precoce”, afirma a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo por meio da assessoria de imprensa.

A avaliação diagnóstica é realizada em conjunto entre a UBS, o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Caps IJ) e o Centro Especializado em Reabilitação (CER). O atendimento é da equipe interdisciplinar, composta por médicos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, entre outros.

Esse processo envolve o atendimento da criança, a entrevista com os familiares, “bem como as observações e informações de outros serviços nos quais a pessoa está vinculada, como a escola e os Centros de Crianças e Adolescentes (CCAs), que são etapas importantes a serem seguidas.”

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E depois do diagnóstico?

A partir do diagnóstico, é construído, de maneira articulada, um Projeto Terapêutico Singular (PTS), “que contempla a singularidade de cada caso, buscando a potencialização das habilidades, a superação de barreiras, a promoção da inserção social e a autonomia dos usuários.”

A criança será acompanhada pela Equipe Multiprofissional na Atenção Primária à Saúde — eMulti. Já no CER, terá intervenções terapêuticas, sejam individuais ou em grupo. Por fim, no Caps IJ, será ofertado atendimento interdisciplinar, proposto pelos profissionais da equipe.

Essa equipe é composta por fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, arte-educadores, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, pediatras, psiquiatras e neurologistas.

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Questionada pela Gazeta se o município oferece terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada), a Secretaria de Saúde da Capital respondeu que "não existe uma única abordagem a ser privilegiada no atendimento de pessoas com transtornos do espectro do autismo."

A recomendação na Capital é de que existem diversas abordagens e deve ser levado em conta a singularidade de cada caso.

O diagnóstico na rede privada

Na rede particular, não há um caminho único. Alguns pais acabam buscando diretamente um psiquiatra infantil ou um neuropediatra, mas a recomendação dos especialistas é sempre procurar primeiro o pediatra.

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Liubiana Arantes de Araújo, PhD em neuropediatria e presidente do Departamento de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), reforça esse primeiro passo.

“É recomendado que todos os pediatras façam a triagem de autismo de todas as crianças a partir dos 18 meses”, afirma a doutora.

Faz parte da orientação da entidade que todos os bebês recebam vigilância do desenvolvimento e que, “caso o bebê apresente algum sinal de risco de autismo, ele deve fazer a avaliação imediatamente e começar a intervenção”, explica a especialista.

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No Brasil, desde 2017, é lei a avaliação formal do desenvolvimento dos bebês. A triagem do autismo deve ser feita a partir dos 18 meses, sendo repetida aos 24 meses, por meio do questionário denominado M-CHAT-R/F, disponível na Caderneta de Saúde da Criança.

“O questionário vai mostrar se há baixo risco, risco moderado ou risco alto. Não é um diagnóstico, mas um instrumento de triagem”, esclarece Liubiana.

Pediatra pode diagnosticar autismo?

A doutora esclarece que o profissional que tem capacitação em TEA e domina as ferramentas e escalas está, sim, apto a fazer o diagnóstico. Mas, no geral, essa função fica a cargo do neuropediatra e do psiquiatra infantil.

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“É importante entender que nem toda criança que tem um atraso na fala ou é tímida tem autismo. A gente tem que levar em consideração vários outros critérios. Ela tem que preencher um número significativo de critérios.”

Isso inclui a avaliação do ambiente, o uso de telas, os estímulos no dia a dia, a convivência com outras crianças, além de questões hormonais, nutricionais e outros diagnósticos que podem justificar o atraso.

A presidente do departamento da SBP reforça, porém, que não é necessário “fechar o diagnóstico” para dar início às terapias. “A intervenção deve ser imediata.”

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O recomendado é que uma criança diagnosticada ou com suspeita de autismo passe por uma intervenção interdisciplinar, envolvendo psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais.

“Em relação à intervenção, o pediatra tem que começar imediatamente o acolhimento da família, a orientação e, hoje, a ciência preconiza que o método ABA é o mais indicado para que a criança consiga alcançar o máximo do seu potencial de desenvolvimento”, finaliza Liubiana.

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