Vídeo fofo de ave protegendo os filhotes da chuva esconde verdade frustrante

Vídeos de mamães-pássaro protegendo seus filhotes da chuva são frequentes nas redes sociais. Um dos mais famosos é aquele que mostra um papagaio protegendo seus recém-nascidos com suas asas durante uma tempestade. Mas essa gravação esconde uma frustração.

A fofura logo é ofuscada por quem estuda o comportamento dos animais. É o caso de Luís Fábio Silveira, curador de ornitologia do Museu de Zoologia da USP.

De acordo com o especialista, o vídeo não deveria ser classificado como fofo, assim como tem ganhado fama nas redes sociais. Entenda o motivo.

Pássaros-mães protegem os filhotes da chuva com suas asas?

A verdade sobre o comportamento protetivo da mãe papagaio que aparece no vídeo foi analisada por especialistas.

Em sua coluna no Jornal da USP, o jornalista Herton Escobar revelou o mistério que nos faz refletir sobre o que é verdade e o que é fake nas redes sociais.

“O vídeo é uma mentira, criada 100% por inteligência artificial (IA) e totalmente desconectada da realidade”, diz o redator.

Mentiras “contadas” pelo vídeo da mãe-pássaro protegendo filhotes

Em seu texto, o Herton, que é especializado em jornalismo científico, explica o que não é verdade no vídeo fofo:

1. A mamãe papagaio do vídeo é de uma espécie que não existe, 
2. os filhotes são de algum tipo de gavião que provavelmente não existe, 
3. o ninho parece ser de um beija-flor (não de papagaio nem de gavião),
4. papagaios não constroem ninhos, pois nidificam em ocos de árvores e outras cavidades naturais,
5. essa postura de proteger os filhotes da chuva com as asas não existe na natureza.

O representante do Museu de Zoologia da USP crava: “Tá tudo errado nessa porcaria”.

O perigo das imagens geradas por IA

Ainda em seu texto, o colunista do Jornal da USP destaca o risco atrelado ao aumento das imagens e vídeos gerados por Inteligência Artificial.

De acordo com ele, o problema está no fato de que muitas pessoas não sabem identificar quanto um vídeo é real e quando ele é gerado por IA.

Um exemplo claro é uma gravação que mostra um pinguim com um anel de plástico preso no pescoço. O animal é salvo por um homem e, em seguida, agradece acenando para a câmera. 

O problema da poluição marítima por plásticos é real, mas as pessoas não deveriam ser conscientizadas de sua importância com vídeos de IA, diz Herton. 

Segundo ele, as pessoas podem passar a não mais acreditar que o problema do plástico marítimo é crítico, após verem tantos vídeos falsos gerados por IA.

Entre outras soluções para o problema da proliferação de vídeos falsos, Herton diz que a rotulação de vídeos (ou seja, marcá-los como “vídeo gerado por IA”) é fundamental. 

“As pessoas precisam saber o que estão consumindo”, diz ele.