Viajar com morto e levar choque; conheça as regras mais bizarras da aviação

É dever das companhias aéreas garantir que a viagem seja segura e confortável para os passageiros. Mas, de vez em quando, elas pegam pesado nas regras, criando situações constrangedoras ou até mesmo engraçadas nos voos.

Algumas normas são comuns para qualquer trageto aéreo, regulamentadas por leis federais ou comissões internacionais. Mas também há regras específicas de cada companhia aérea, que podem expulsar passageiros caso não as respeitem.

Renato Rabelo, gerente de Relações Institucionais da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), pontua que todas as regras são pensadas para garantir a segurança de passageiros e tripulantes. 

“Quando buscamos uma regulamentação que iniba condutas indisciplinadas de passageiros, queremos garantir a segurança do voo e de todos os demais que estão a bordo da aeronave”, afirma Rabelo em encontro na OAB-SP.

Apesar da causa nobre, algumas normas são consideradas excessivas ou injustas. Conheça algumas que geram polêmicas entre os viajantes!

É possível viajar ao lado de um cadáver

Muitos se perguntam: o que acontece se uma pessoa morrer durante uma viagem de avião? A resposta não é exata, pois depende do procedimento de cada piloto. É de competência do comandante decidir fazer um pouso de emergência em um local próximo ou seguir viagem.

Quando a equipe decide por seguir o percurso mesmo com o falecimento, os comissários devem enrolar o corpo em um lençol e colocá-lo num assento vazio, de preferência longe de outros passageiros.

O problema é que nem sempre isso é possível, pois muitos voos decolam  lotados. É o que aconteceu em um voo da Qatar Airways que ia de Melbourne, na Austrália, para Doha, no Catar.

Uma passageira morreu durante a viagem e os comissários não conseguiram mover seu corpo até um local vazio na classe executiva, como narrou o passageiro Mitchell Ring ao canal de TV australiano Channel 9.

O resultado? A mulher foi colocada ao lado de Mitchell, que teve que suportar a situação por quatro horas.

Comissários podem dar choques para acalmar passageiros

Uma regra da companhia Korean Air estabelecida em 2016 permite que os comissários de bordo utilizem armas de choque contra passageiros que causarem perturbações durante o voo.

Segundo a empresa, os choques devem ser utilizados para “lidar com atos violentos e confusões que acontecerem durante os voos”. A companhia afirma que esse método resolve os problemas de forma rápida e eficiente.

Cuidado com o cheiro

A tripulação pode expulsar passageiros que estiverem com mal odor intenso no corpo, atrapalhando o convívio no avião. Vários casos desse tipo já aconteceram no mundo. 

Em 2019, por exemplo, um casal e seu filho de um ano foram expulsos de um voo da American Airlines, por conta de denúncias de outros passageiros sobre o mau odor da família.

Em outra ocasião, cinco homens negros foram expulsos pela mesma companhia por acusações de mau cheiro. Três deles consideraram a conduta discriminatória e processaram a American Airlines por racismo.

Proibido tatuagens e roupas “inapropriadas”

A companhia aérea norte-americana Spirit Airlines, conhecida por voos de baixo custo, tem normas rígidas sobre o visual dos passageiros. Segundo documento da empresa, passageiros não poderão embarcar se “estiverem descalços ou inadequadamente vestidos”.

São consideradas inapropriadas roupas transparentes ou que mostrem partes do seio ou nádegas. Peças de roupa e tatuagens que tenham teor "lascivo, obsceno e ofensivo" também não são aceitas pela Spirit.

Em 2024, quatro passageiras foram expulsas de um voo, pois duas delas estavam vestindo blusas curtas. As roupas não foram consideradas ofensivas pelos outros passageiros, que tentaram defender as mulheres, mas a companhia manteve sua decisão.

“Fomos assediadas por um comissário de bordo que nos disse para 'nos cobrirmos' porque estávamos usando tops curtos”, afirmou uma das passageiras, chamada Teresa, em um vídeo denunciando a situação nas redes sociais.