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Venda de íris por brasileiros gera polêmica; entenda o procedimento e seus riscos

Na oportunidade de 'ganhar dinheiro rápido', pessoas têm optado por recorrer ao escaneamento da própria íris

Leonardo Sandre

22/01/2025 às 19:16  atualizado em 22/01/2025 às 20:32

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Uma nova medida para 'dinheiro fácil' tem viralizado entre os brasileiros: a venda da íris

Uma nova medida para 'dinheiro fácil' tem viralizado entre os brasileiros: a venda da íris | Reprodução/World Fundation

Uma nova medida para "dinheiro fácil" tem viralizado entre os brasileiros: a venda de íris. Sim, por mais bizarro que isso possa parecer, diversos casos de brasileiros que deixaram uma empresa escanear a íris de seus olhos têm sido notados nas redes sociais.

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A quantia recebida pelas pessoas que "vendem sua íris" varia, com registros encontrados sendo a partir de R$ 200, chegando a até R$ 750. Porém, o motivo da empresa "World" querer o registro da íris de diversas pessoas ao redor do mundo ainda é incerto.

O ocorrido gerou um imenso debate entre especialistas e também nas redes sociais, tendo em vista que a íris é um reconhecimento muito preciso de um indivíduo, chegando a ser até mais efetivo que uma biometria, o que poderia colocar essas pessoas em risco.

Escaneamento de íris chegou a ser proibido na Europa

A iniciativa, sob a responsabilidade da empresa Tools for Humanity (TfH), cria um código numérico a partir da biometria ocular.

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Com o escaneamento da íris, esse número gerado fica gravado em um sistema de blockchain, em que há um embaralhamento das informações. O que torna essa "venda" da íris algo irreversível.

Para resgatar o dado original, os computadores precisam montar uma espécie de quebra-cabeças, que precisa estar com todas as peças íntegras —ou seja, nenhuma informação pode ser apagada.

Com essa impossibilidade da exclusão dos dados pessoais, ocorreu uma violação de uma lei europeia de privacidade (e também na Lei Geral de Proteção de Dados, LGPD), que garante o direito à revogação do consentimento previsto na lei.

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Baseado nisso, a Alemanha proibiu a tecnologia em 19 de dezembro de 2024, após 20 meses de análise sobre o protocolo de coleta de dados da íris quanto à segurança e privacidade dos cidadãos europeus. A decisão foi coordenada entre todas as autoridades de proteção de dados europeias.

Porém, a TfH recorreu contra a decisão e continua operando na Alemanha, Áustria e Polônia. Em março, a empresa foi proibida de coletar dados por medidas cautelares em Portugal e Espanha e se comprometeu a suspender a atividade nos dois países ao longo de 2024.

No Brasil, a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) abriu investigação sobre a atuação da rede World em novembro de 2024, mas ainda não decidiu o veredito.

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Segundo a autarquia, os dados biométricos são especialmente sensíveis por causa de sua natureza única e permanente. Por isso, não podem ser alterados, como uma senha alfanumérica.

Como é o processo de escaneamento da íris?

São diversas unidades da empresa que realizam o procedimento. Em São Paulo, seriam mais de 30 pontos próximos. A iniciativa virou uma febre, principalmente entre os jovens, que postaram sobre a iniciativa nas redes sociais.

No TikTok, uma jovem chegou a ironizar que o namorado dela havia "vendido a íris para o Elon Musk sem se preocupar". O comentário foi em tom de humor, já que não é revelado ao certo para quais finalidades as íris seriam usadas pela empresa.

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Em um destes pontos, localizado no bairro do Ipiranga, zona sul de São Paulo, Guilherme, de 22 anos, foi um dos jovens que optaram pela oportunidade de "dinheiro rápido".

Ele contou à Gazeta que ficou sabendo do procedimento por meio de um amigo, em um grupo de futebol no WhatsApp e se interessou. Ele então se inscreveu pelo aplicativo da empresa, o "World App" e agendou a consulta para a identificação da identidade.

Ao chegar no local na hora agendada, Guilherme não estava sozinho. Cerca de seis pessoas estavam no local para passar pelo mesmo procedimento. Mais sete chegaram quando ele já estava indo embora.

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Segundo o jovem, o procedimento foi simples: encarar uma máquina por cerca de cinco segundos. Após a captura da imagem, um responsável explicou como seria o processo do pagamento.

Dos R$ 600 acordados, pouco menos da metade cairiam após 24 horas do procedimento, enquanto o restante do montante seria pago após um determinado período. Guilherme contou que realmente recebeu o dinheiro.

Por meio do aplicativo "World App", ele recebeu, em formato da criptomoeda da empresa, chamada de Worldcoin (WLD), e realizou a transferência do valor para sua conta bancária, em reais.

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Contudo, foi cobrada uma taxa de R$ 20 para a transferência. Dos R$ 280 recebidos no dia seguinte ao escaneamento, ele recebeu R$ 260 em sua conta bancária. O jovem aguarda agora pela quantia que resta.

Guilherme contou que um dos funcionários do local afirmou que os dados das pessoas lá presentes estariam seguros e que não era motivo para preocupação.

Ele acredita se tratar de uma forma de divulgação da criptomoeda da empresa, já que o pagamento é feito pelo aplicativo e algumas das pessoas podem passar a se interessar a utilizar de forma frequente, além da divulgação em massa do projeto.

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Por fim, embora tenha reconhecido que não saiba ao certo para que sua íris será utilizada, Guilherme afirmou não estar receoso. "Medo a gente só tem da morte", disse.

"Acho que é uma forma de mostrarmos que novos meios são sempre bem-vindos. É a chance de valorizar uma criptomoeda até então desconhecida no Brasil, ganhando uma quantia de dinheiro em troca", finalizou.

O que diz a empresa?

Em nota enviada para o jornal Folha de S.Paulo, a TfH afirmou que anonimiza todos os dados com um método de criptografia avançada.

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"Os novos códigos de íris são fracionados por meio de uma técnica conhecida como Computação Multipartidária Anonimizada (AMPC). Esses fragmentos não revelam informações sobre o indivíduo e são armazenados em bancos de dados operados por terceiros confiáveis, como a Universidade Friedrich Alexander Erlangen-Nürnberg, na Alemanha."

A empresa afirmou também que quer contribuir com reguladores para definir o que são "dados anonimizados". O objetivo da rede World é, segundo a TfH, viabilizar a identificação de um ser humano sem a necessidade de compartilhar mais dados. De acordo com um documento técnico da companhia, a AMPC garante "sigilo perfeito".

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