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Regravadas pela USP, as Sofas de Mogi das Cruzes são uma lista das canções mais antigas do Brasil | Freepik
As obras musicais mais antigas do Brasil, conhecidas como Solfas de Mogi das Cruzes, ganharam, pela primeira vez, uma gravação mundial. Datadas de cerca de 1730, essas composições foram redescobertas e reconstruídas pelo professor Rubens Russomano Ricciardi, da USP.
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O projeto resultou no álbum Música do Brasil Colônia – As Solfas de Mogi das Cruzes, lançado em plataformas digitais. A gravação envolveu músicos da USP Filarmônica, trazendo à tona um capítulo inédito da história musical brasileira.
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Durante o Brasil colonial, "solfa" era o termo usado para descrever papéis contendo registros musicais, seja manuscritos ou impressos. Mais abrangente do que o termo partitura, solfa designa documentos que indicam apenas as vozes do coro e, em alguns casos, de instrumentos.
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Essas obras foram encontradas em 1984, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em Mogi das Cruzes. O historiador Jaelson Bitran Trindade identificou 28 folhas musicais escondidas na capa de um antigo livro de foral. Outros documentos complementares foram descobertos nas décadas seguintes, formando um conjunto total de 36 papéis.
As músicas podem ser ouvidas no YouTube, na lista presente neste link.
O professor Ricciardi enfrentou o desafio de transformar as notações antigas em partituras modernas. “Fiz um trabalho de viabilizar a execução contemporânea das obras. Escrevi o que estava faltando, tendo em vista as condições poéticas originais”, explicou.
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A reconstrução incluiu a criação de linhas instrumentais como violino, viola e baixo contínuo – um recurso comum na música barroca. Com essa abordagem, as obras ganharam uma nova dimensão, acessível para orquestras e corais atuais.
O álbum apresenta sete peças selecionadas das solfas. A primeira, Matais de Incêndios, é considerada a música popular mais antiga do Brasil, com versos amorosos em português. As demais obras têm caráter litúrgico, incluindo antífonas e motetos, todas cantadas em latim.
A composição mais complexa do conjunto, Ladainha de Nossa Senhora, é atribuída a Faustino do Prado Xavier, mestre de capela de Mogi das Cruzes no século XVIII. Porém, Ricciardi sugere que a autoria pode ser de outro compositor devido à sofisticação da peça.
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O achado das solfas esteve diretamente ligado ao processo de tombamento das Igrejas do Carmo, em Mogi das Cruzes. Essas composições, consideradas os registros musicais mais antigos do Brasil, superaram em 30 anos o documento anteriormente mais velho, encontrado na Bahia.
Além do valor histórico, o álbum tem mérito artístico. Segundo Ricciardi, peças como Matais de Incêndios e Ladainha de Nossa Senhora têm potencial para integrar o repertório de orquestras pela qualidade musical.
O projeto é um exemplo de como ensino, pesquisa e extensão podem convergir. Para Ricciardi, “esse trabalho integra sala de aula, pesquisa acadêmica e oferece resultados para a sociedade”.
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Com quase 300 anos de história, as Solfas de Mogi das Cruzes renascem como um marco na música e na memória cultural brasileira. Disponível gratuitamente no YouTube, o álbum promete conectar o público contemporâneo a um passado musical esquecido, mas fascinante.
* Com informações do Jornal da USP.
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