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Especialistas apontam motivos pelos quais Enel e prefeitura de SP fracassaram em seus planos de enterramento de fios; OUTRO LADO: procuradas, as partes não responderam à reportagem
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Na capital paulista, apenas 1% de toda a fiação de energia elétrica é subterrânea | Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
Quarta maior metrópole do mundo, a cidade de São Paulo não possui fornecimento de energia elétrica que resista a chuvas. Na metrópole mais rica, a chuva é prenúncio de risco de apagão. Neste cenário, muitos questionam por que a Capital ainda não investiu em fiação subterrânea para evitar episódios de blackout. As razões são muitas e vão além dos custos operacionais.
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Em seu episódio de apagão mais recente, meio milhão de paulistanos ficaram às escuras e R$ 150 milhões em prejuízos foram contabilizados.
Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, a Enel não cumpriu o plano de contingência para eventos climáticos extremos e colocou menos funcionários em campo do que o esperado após a tempestade que atingiu São Paulo.
Apagões não são um problema sem solução. Uma das propostas mais eficazes é a criação de um sistema de fios subterrâneos, caminho seguido por outras megacidades, como Barcelona, Londres, Amsterdã, Paris e Washington.
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No entanto, a iniciativa requer colaboração entre a Prefeitura, Enel e as empresas de telecomunicações, e é na falta de iniciativas contundentes que mora o imbróglio.
A cidade tem uma série de desafios para viabilizar o sistema de fiação elétrica subterrânea. Os principais obstáculos incluem o alto custo, a vasta extensão do território e uma falta de visão de longo prazo. A análise foi feita por especialistas a pedido do portal DW.
Apesar de a crise climática tornar a infraestrutura subterrânea urgente, a Enel e outras distribuidoras ainda consideram que o investimento não compensa, pois os fenômenos climáticos extremos são vistos como eventos raros.
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A instalação de redes subterrâneas é cerca de dez vezes mais cara do que a aérea, devido a despesas com obras e materiais especiais.
A realidade do Brasil, um país em desenvolvimento com alta densidade populacional, dificulta essa transição, pois os custos seriam repassados ao consumidor, o que poderia aumentar a inadimplência.
São Paulo estima que apenas no centro da cidade a obra custaria R$ 20 bilhões.
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A resposta é sim, porém, a capital paulista tem menos de 1% dos fios enterrados em uma rede de cerca de 20 mil km. Em Nova York, por exemplo, esse percentual chega a 86%.
De acordo com a administração do prefeito Ricardo Nunes (MDB), está em andamento o programa SP sem Fios, que prevê o enterramento de 65,2 km — desses, somente 38,4 km estão em execução ou já foram concluídos, segundo informações da gestão municipal.
Participam desse projeto a Enel, Ilumina SP, empresas de telecomunicações e a SPTrans, devido à operação dos trólebus.
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Em 2017, durante a gestão de João Doria (PSDB), o programa Cidade Linda Redes Aéreas previa o enterramento de 52 km de fios em 117 ruas da cidade, mas avançou pouco. Na gestão Ricardo Nunes, o programa se transformou em um precursor do atual SP sem Fios.
Atualmente, não há no contrato de concessão com a Enel a obrigação de enterrar fios. A empresa ressalta que cada quilômetro de rede subterrânea custa de 8 a 10 vezes mais do que o da rede aérea.
A Enel deu início, em 2021, a uma obra de enterramento de fios que batizou de Urban Futurability – Vila Olímpia Digital. Apenas as seguintes ruas foram incluídas no projeto, todas no bairro Vila Olímpia:
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Passados três anos desde o início das obras, apenas uma das ruas visitadas pela reportagem não tinha fiação aérea de postes.
Na rua Helena, a fiação aérea está, inclusive, acumulada entre diversos fios velhos. Veja na galeria abaixo.
A situação só fica melhor na rua Olimpíadas. Por ali, a obra parece ter sido finalizada e não se vê fios aéreos ou postes.
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Segundo a página do projeto na internet, a Enel previa a remoção de 304 postes e 25,5 toneladas de cabos, além do plantio de 24 mudas de espécies nativas.
A Gazeta solicitou um posicionamento da empresa quanto à morosidade da obra de enterramento de fios nas cinco ruas da Vila Olímpia. No entanto, até o fechamento desta matéria, a empresa não havia respondido à solicitação.
A prefeitura da Capital também foi cobrada quanto à promessa de enterrar 65,2 km de fios. Contudo, não obtivemos retorno até o fechamento do texto. Os canais continuam abertos para ambas as partes.
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