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Hoje, a Marginal Pinheiros abriga alguns cartões-postais da cidade | Pexels / Sergio Souza / CreativeCommons
São Paulo, a maior metrópole do Brasil, construiu sua história de costas para seus rios.
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Estima-se que a capital paulista tenha entre 300 e 500 rios canalizados sob casas, edifícios e ruas, totalizando cerca de 3 mil quilômetros de cursos d'água escondidos.
A maioria dos paulistanos, especialmente os mais jovens, desconhece a existência desses rios sob seus pés.
A história de São Paulo está intimamente ligada aos seus rios. A cidade foi fundada em uma colina entre os rios Tietê, Anhangabaú e Tamanduateí, originalmente chamada de Vila de São Paulo de Piratininga devido à abundância de peixes.
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Por séculos, os rios foram essenciais para transporte, pesca e abastecimento. No início do século 20, nadar e remar no Pinheiros e no Tietê eram atividades comuns.
A transformação da cidade começou no século 20, quando a prioridade passou a ser o desenvolvimento econômico e a expansão urbana.
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A partir da década de 1910, os rios começaram a ser canalizados e aterrados para dar lugar a avenidas e edifícios.
O carro se tornou símbolo do progresso, e a necessidade de vias para veículos levou à construção de avenidas sobre os leitos dos rios.
O Vale do Anhangabaú, por exemplo, um ponto turístico famoso, recebeu esse nome por causa do Rio Anhangabaú, que corre sob ele.
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Essa decisão teve um impacto negativo na cidade. A população perdeu a conexão com seus rios, e as novas gerações sequer sabem da existência deles.
Além disso, o asfalto e o concreto impedem que a água da chuva seja absorvida, agravando as enchentes e levando sujeira para os rios.
A falta de rios a céu aberto também contribui para a seca, já que a despoluição e a naturalização ajudam a refrescar o clima e aumentar as chuvas.
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Felizmente, iniciativas de revitalização de rios estão ganhando força em São Paulo e em outras cidades do mundo.
A reabertura de cursos d'água é beneficial como a redução de enchentes, aumento do turismo e criação de espaços de convivência.
O Córrego Pirarungáua, no Jardim Botânico, e o Córrego das Corujas, na Vila Madalena, são exemplos de como a revitalização pode transformar a paisagem urbana e aumentar a biodiversidade.
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Experiências em cidades como Paris (com o Rio Sena) e Londres (com o Tâmisa) mostram que é possível recuperar rios que antes eram considerados mortos.
A reabertura dos rios em São Paulo é um processo inevitável. Além de melhorar a qualidade de vida e reduzir os problemas ambientais, essa mudança permitiria que a população se reconectasse com seus rios, impedindo que eles fossem novamente poluídos.
A proximidade, segundo a diretora da Associação Águas Claras do Rio Pinheiros, Stela Goldenstein, é fundamental para a recuperação dos rios.
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