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Síndrome de Burnout (SB) é ocasionada pelo trabalho prolongado, altamente estressante e com grande carga tensional, Gazeta entrevistou o médico neurologista João Nicoli que explicou causas, sintomas e tratamentos | Elisa Ventur/ Unsplash
A Síndrome de Burnout (SB) é ocasionada pelo trabalho prolongado, altamente estressante e com grande carga tensional. A Gazeta entrevistou o médico neurologista João Nicoli que explicou causas, sintomas e tratamentos da doença. Confira abaixo:
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A origem do conceito Burnout se deu nos Estados Unidos em meados dos anos 1970, para dar explicação ao processo de deterioração nos cuidados e atenção profissional nos trabalhadores de organizações.
"Trata-se de um distúrbio psiquiátrico caracterizado por sinais de exaustão física, emocional, despersonalização e reduzida realização profissional em decorrência de uma má adaptação do indivíduo a um trabalho prolongado, altamente estressante e com grande carga tensional", afirmou o neurologista em entrevista à Gazeta.
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Para o neurologista, há um conjunto de fatores que podem levar uma pessoa a desenvolver a síndrome, a principal delas é a carga de trabalho intensa.
"A grande competição no mercado de trabalho, o perfeccionismo em excesso, a necessidade de se produzir mais e mais rápido, o assédio moral, a falta de reconhecimento profissional, de cooperação entre os colegas de trabalho e de propósito/sentido pessoal em relação ao trabalho desempenhado acabam gerando um desgaste físico e emocional dos trabalhadores", pontuou o especialista.
O Burnout, muitas vezes, pode ser confundido e associado ao estresse. O neurologista explicou a relação entre os dois.
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"O estresse consiste em um estado ativo em que o indivíduo se encontra diante de uma situação alarmante. Esse sentimento, normalmente, desaparece durante períodos de repouso e lazer, porém, quando isso não ocorre, surge um estado de estresse crônico que pode desencadear a Síndrome de Burnout (SB)", explicou o médico para a Gazeta.
Para o neurologista, há certos grupos que apresentam mais probabilidade de desenvolver o transtorno. Dentre eles, profissionais da saúde, cuidadores, professores, bombeiros, policiais e agentes penitenciários.
Os professores são um dos profissionais atingidos por essa sindrome.
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"Um estudo conduzido com 119 professores da rede pública, 70,13% apresentavam sintomas de Burnout. Dentre eles, 85% sentiam-se ameaçados em sala de aula, 44% cumpriam uma jornada de trabalho superior a 60 horas semanais e 70% tinham idade inferior a 51 anos", trouxe o médico.
O especialista citou um estudo que faz ligação da doença com a vivência em sala de aula.
Nesse estudo, constatou-se que a SB em professores relaciona-se à violência instalada em sala de aula, à jornada excessiva, aos baixos salários, à idade do professor (associada à falta de experiência profissional) e à formação continuada deficitária", apontou o neurologista.
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A área da Saúde possui cargas horárias longas, com plantões de 12 horas e esse fato pode ser um sinal de alerta para o desenvolvimento de Burnout.
"Uma pesquisa com 151 profissionais de enfermagem em um hospital de grande porte da Região Sul do Brasil detectou que 54 (35,7%) dos trabalhadores apresentaram SB. A prevalência da SB apontada por estudo em médicos intensivistas da cidade de Salvador foi de 63,3%. O trabalho exercido por esses profissionais foi classificado como de alta demanda psicológica, o que implica maiores riscos à saúde do trabalhador", explicou o profissional.
Para João Nicoli, além do estresse, há outros diversos sintomas associados ao Burnout. Os principais são:
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Ocorre quando o indivíduo percebe não possuir mais condições de despender a energia que o seu trabalho requer.
É um elemento que distingue essa síndrome do estresse. Originalmente apresenta-se como uma maneira do profissional se defender da carga emocional derivada do contato direto com o outro. Devido a isso, desencadeiam-se atitudes insensíveis em relação às pessoas nas funções que desempenham, ou seja, o indivíduo cria uma barreira para não permitir a influência dos problemas e sofrimentos alheios em sua vida e acaba agindo com cinismo, rigidez ou até mesmo ignorando o sentimento alheio.
O fenômeno ocorre na sensação de insatisfação que a pessoa passa a ter com ela própria e com a execução de seus trabalhos, derivando daí sentimentos de incompetência e baixa autoestima.
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Outros sintomas apontados pelo médico são fadiga constante e progressiva, dores osteomusculares, distúrbios do sono, cefaleias, transtornos cardiovasculares, disfunções sexuais, falta de atenção/concentração, alterações da memória, baixa autoestima, desânimo, depressão, negligência, irritabilidade, incapacidade para relaxar, síndrome do pânico entre outros.
O especialista em entrevista para a Gazeta explicou que a prevenção do Burnout, pode vir por diversas ações que podem ser implementadas. Alguma dessas dicas dadas pelo médico são:
uma das principais estratégias para prevenir a síndrome é enfatizar a promoção dos valores humanos no ambiente de trabalho, para fazer dele uma fonte de saúde e realização.
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Muitas vezes, tomados pelo cansaço excessivo, somos compelidos a passar horas assistindo streaming ou deitados no sofá. Mas, os estudos mostram que o tipo de descanso que mais recupera nossa energia é descansar exercendo alguma atividade mentalmente e/ou fisicamente estimulantes como, por exemplo, esportes, culinária, jogos mentais ou leitura.
Fuja dos falsos entretenimentos como os aplicativos de relacionamento online.
Muito além de algumas horas de descanso, o sono é um período de intensa atividade cerebral e metabólica, durante o qual é produzido grande parte dos hormônios que usaremos durante o dia. É durante o sono que nosso cérebro faz o detox do lixo metabólico acumulado durante o dia e nos prepara para o próximo.
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Aprenda a dizer "não" quando a carga de trabalho se tornar excessiva. Estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal ajuda a evitar a exaustão.
Se você não se dedicar a ter um tempo para suas realizações pessoais, você viverá apenas para servir aos propósitos que não são seus. Com o tempo, vamos nos sentindo sufocados pela nossa própria rotina e, cada vez menos, donos da nossa própria vida.
Dedique um momento do dia para desempenhar aquilo que você mais gosta. Estabeleça limites claros entre o tempo dedicado ao trabalho e o tempo para atividades pessoais, hobbies e relacionamentos.
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Mantenha uma comunicação aberta com colegas e supervisores. Discuta preocupações sobre carga de trabalho, prazos irrealistas ou qualquer fator que possa contribuir para o estresse no ambiente de trabalho.
O apoio social pode ajudar a enfrentar desafios e proporcionar um senso de pertencimento.
Estabeleça metas alcançáveis e realistas, evitando sobrecarregar-se com expectativas excessivas.
Aprenda técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, mindfulness, yoga e exercícios de respiração. Essas práticas podem ajudar a reduzir os níveis de estresse antes que eles se acumulem.
Tire pequenos intervalos durante o dia para descansar, esticar e recarregar as energias. Isso pode melhorar a produtividade e reduzir o estresse.
Por fim, o médico neurologista João Nicoli, aconselhou sempre a buscar ajuda profissional caso se identifique com os sintomas. "Se você está sofrendo de Burnout, é importante procurar ajuda de profissionais de saúde mental. Eles podem oferecer aconselhamento e terapia para lidar com os sintomas e desenvolver estratégias seguras".
* Texto sob supervisão de Matheus Herbert
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