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Edu Chaves foi o primeiro a fazer um voo sem escalas entre São Paulo e Rio de Janeiro, foi também o primeiro a fazer uma viagem longa entre Rio de Janeiro a Buenos Aires e bateu vários recordes da aviação brasileira
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Retrato do piloto Edu Chaves | Reprodução
O relógio marcava 16h45 minutos do dia 23 de outubro de 1906, um brasileiro subiu no seu protótipo de aeronave modelo 14-BIS e decolou do campo de Bagatelle em Paris.
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Com o vento contra, foi o primeiro homem do mundo a voar por cerca 60 metros a 2 metros de altura por alguns segundos e com uma velocidade média de 37,4 km/h. Foi o bastante para provar que era possível uma viagem de avião.
Neste mesmo momento, na Bélgica, o estudante de 3º ano de engenharia chamado Edu Chaves escutava atentamente as notícias pelo rádio na universidade de Liége. Ele era apenas uma dos milhares de pessoas que acompanhavam o primeiro voo tripulado de uma aeronave partindo do solo impulsionado por si por meio de um motor a combustão e o autor da façanha era um brasileiro, assim como ele.
Esse dia permitiu que milhares de pessoas sonhassem em voar ou sonhar com a possibilidade de seguir uma carreira na aviação. A partir desse momento, a aviação era uma realidade.
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Eduardo Pacheco e Chaves, nasceu na rua São Bento, no centro de São Paulo, no dia 18 de julho de 1887. Ele era filho de Elias Antônio Pacheco e Chaves (1842-1903) e de Dona Anésia da Silva Prado (1850-1917), que era neta do Barão de Iguape e filha de dona Veridiana Silva Prado.
Veridiana Silva Prado era irmã do primeiro prefeito da cidade de São Paulo, Antônio Silva Prado e um dos 9 filhos de seus pais.
A família de Eduardo Chaves (1887-1975) era vizinha da família de Santos Dumont na cidade São Paulo.
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O pai de Edu Chaves construiu o palacete Elias Antônio Pacheco Chaves na avenida Rio Branco, no Centro de São Paulo, ao lado do casarão Santos Dumont, onde morava Henrique Santos Dumont, irmão de Santos Dumont, na Alameda Nothman, esquina com a alameda Cleveland.
O palacete veio a se transformar no Palácio dos Campos Elíseos, antiga sede do governo do Estado de São Paulo, que hoje é o Museu das Favelas. Já o casarão Santos Dumont hoje é o Museu da Energia.
Edu Chaves e Henrique Santos Dumont eram vizinhos nos Campos Elíseos, em São Paulo.
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Mas, Edu chaves só foi conhecer Santos Dumont pessoalmente, em 1914, na Inglaterra, na pista de Silverstone. Edu Chaves já era nessa época um piloto de avião experiente, apesar da pouca idade.
Após se formar na Bélgica como engenheiro, Edu Chaves resolveu mudar-se para a França em 1911, com o sonho de se tornar aviador como seu patrício Santos Dumont.
Ele se matriculou na Escola de Aviação Blériot, em Étampes onde obteve o brevê número 559 de piloto aviador da Federação Aeronáutica Internacional.
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Tornava-se, aos 24 anos, o terceiro aviador brasileiro brevetado: o primeiro foi Alberto Santos Dumont (1873-1932), em 7 de novembro de 1909, com o brevê número 12. O segundo foi o militar Jorge Henrique Moller (1877-1938) e logo depois ele, Edu Chaves em 29 de abril de 1911, com o brevê número 486.
Em 1912, Edu chaves já era considerado um herói nacional, ganhou vários concursos nacionais e internacionais de aviação.
As corridas naquela época eram chamadas de “raid” onde Edu Chaves ganhou diversas.
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Nos primórdios da aviação mundial, pilotar uma aeronave era uma aventura perigosa, era preciso ter uma certa dose de loucura e isso provocava ainda maior fascinação sobre os pilotos.
O aspirante a piloto tinha que ser destemido, rico e corajoso, acidentes eram muito comuns e grande parte deles fatais. Além disso, naquele tempo, a aviação era um esporte caro, mas já acalentava o desejo e o sonho do ser humano em voar.
A aviação se tornaria a profissão do futuro, logo passageiros fariam viagens regionais e internacionais e o mundo diminuiria de tamanho.
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No dia 22 de julho de 1932, Edu Chaves fez uma visita ao seu amigo, Santos Dumont que vivia um período em um hotel no Guarujá. Na visita, contou a ele que, no dia anterior, aviadores do governo federal que lutavam contra a cidade de São Paulo na revolução de 1932, bombardearam a cidade de São Paulo e mataram muita gente inocente.
Santos Dumont, que passava por um quadro de depressão, não resistindo ao tamanho impacto da notícia, se retirou para seu quarto e suicidou-se.
O coração de Santos Dumont foi preservado e hoje se encontra no museu da aeronáutica no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.
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Ao lado da sala onde está exposto o coração de Santos Dumont, ironicamente, também está exposto o avião que bombardeou a cidade de São Paulo.
Edu Chaves faleceu no dia 21 de junho de 1975 aos 87 anos na cidade de São Paulo e virou nome de avenida, escolas, bairro em São Paulo.
Em 1976 virou nome de um aeroporto na cidade de Paranavaí, no Paraná.
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A causa da morte de Edu Chaves é incerta, veículos da época informaram que a causa da morte teria sido por complicações no coração e outros informaram que foi devido a uma Trombose.
O piloto foi enterrado no dia 22 de junho das 1975 às 10h no cemitério da Consolação, na mesma data que se celebra o Dia do Aeroviário no País.
O Dia do Aeroviário é celebrado no dia 22 de junho. Nesta data por meio de decreto, homenageia aos profissionais que trabalham no serviço da aviação como a manutenção, operação e serviços gerais relacionados com os transportes aéreos civis, controladores do tráfego aéreo, serviços do check-in dos passageiros, embarque e desembarque de bagagens, nas manutenções dos aviões, dentre outros serviços.
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Fonte de pesquisa: jornais da época (Biblioteca Nacional) e exposição Edu Chaves (abrafite.com.br).
Lincoln Paiva é doutor em Arquitetura e Urbanismo e pesquisador sobre a formação da cidade de São Paulo.
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