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Com o aumento iminente de temperatura, uma dúvida que paira no ar é o de até que nível de calor um ser humano é capaz de aguentar. | Freepik
Com o aquecimento global sendo um problema cada vez mais evidente na sociedade, o calor tem afetado cada vez mais regiões e seres humanos.
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Com o aumento iminente de temperatura, uma dúvida que paira no ar é o de até que nível de calor um ser humano é capaz de aguentar.
O ano de 2024, por exemplo, é o mais quente da história mundial, segundo estudos de cientistas do Instituto Grantham do Imperial College London.
De junho de 2023 até setembro de 2024, todos os meses atingiram a marca dos mais quentes da história do planeta — 13 meses consecutivos — desde o início dos registros, em comparação com o mês correspondente dos anos anteriores, segundo o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia, em um boletim mensal.
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As defesas do corpo contra o calor falham em temperaturas de "bulbo úmido" (temperatura mais baixa que pode ser alcançada apenas pela evaporação da água) mais baixas do que se pensava.
O corpo humano tem um limite para suportar tanto calor. Na Europa, continente com mais países, o calor afetou mais de 60 mil pessoas no ano de 2022, cenário que proporcionava um calor inferior aos dos anos seguintes, por exemplo.
Consequentemente, as pesquisas crescentes sugerem que os humanos podem ser ainda mais vulneráveis às temperaturas crescentes do que os cientistas acreditavam.
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"É assustador pra caramba", disse Matthew Huber, diretor do Instituto para um Futuro Sustentável da Universidade Purdue a Clayton Dalton, do jornal The New York Times.
Alguns pesquisadores da Nasa preveem um colapso climático em um futuro próximo, com o Brasil sendo uma das vítimas do calor letal.
Em 2010, Dr. Huber e Steven Sherwood, cientista climático da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, propuseram em conjunto um limite para o calor que o corpo humano pode suportar.
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Segundo o estudo, a umidade dificulta a evaporação e reduz a capacidade do corpo de se resfriar pelo suor. E suar é crucial: é responsável por até 80% da perda de calor do corpo.
Assim, os pesquisadores recorreram a uma medida que leva esse efeito em conta, chamada de temperatura de bulbo úmido, ou "Tw".
Um termômetro de bulbo úmido trata-se, de maneira simplificada, de um termômetro envolto em algodão úmido. À medida que a água evapora, o bulbo esfria, o que serve como um modelo para a forma como o suor resfria o corpo.
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Com base em princípios fisiológicos básicos, eles concluíram que uma Tw de 35 graus Celsius (Cº) seria o limite da tolerância humana ao calor, isso levando em consideração a umidade e o calor.
Ou seja, isso equivale a 39,4 °C com 75% de umidade ou 46,1 °C com 50% de umidade. Uma conclusão mais assustadora do que parece.
Essas condições, contudo, são raras. Como o ar carrega mais vapor de água quando aquece, é incomum atingir níveis tão altos de umidade nessas temperaturas.
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Todavia, caso esse limite seja ultrapassado, os mecanismos de resfriamento do corpo começam a falhar, e a temperatura central do corpo começa a subir. O início de uma insolação torna-se uma questão de tempo.
Nestas condições, uma pessoa jovem e saudável, na sombra, com acesso ilimitado a água, sucumbiria em cerca de seis horas.
O calor já é considerado perigoso em temperaturas de bulbo úmido muito mais baixas. Porém, o nível de 35 °C foi considerado absoluto, segundo a conclusão de Huber e Sherwood.
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Em 2018, pesquisadores utilizaram alguns modelos climáticos atualizados e descobriram que a China, sem grandes reduções de emissões, poderia enfrentar regularmente o limite humano até 2070.
No fim do século (até 2100), o mesmo poderia ocorrer no Golfo Pérsico, na Índia e no sudeste asiático. Ao todo, quase dois bilhões de pessoas poderiam enfrentar temperaturas que o corpo humano não pode tolerar por muito tempo.
A mortalidade por calor extremo poderia superar a de todas as doenças infecciosas combinadas, rivalizando com as taxas de câncer e doenças cardíacas.
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Em 2020, pesquisadores descobriram sinais de que algumas regiões do Oriente Médio já haviam ultrapassado esse limite várias vezes desde 2005, embora brevemente.
Contudo, esse limite ainda não é aceito por todos os especialistas. "Ele não é real", disse Larry Kenney, professor de fisiologia na Universidade Estadual da Pensilvânia., que acredita que o limite seja mais baixo.
O limite de bulbo úmido sempre foi teórico, não experimental, acrescentou ele: "Os humanos não suam como um termômetro." Na verdade, nossa tolerância física ao calor pode ser ainda menor.
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Em 2021, Kenney recrutou 24 voluntários para engolir um termômetro em cápsula e entrar em uma câmara de calor enquanto seus alunos de pós-graduação aumentavam gradualmente a temperatura. O que eles descobriram foi surpreendente.
O limite máximo de tolerância ao calor foi, ainda mais baixo, uma Tw de cerca de 31 °C. "Esse é o limite para todos", disse ele. Acima disso, "a temperatura central do corpo faz isso", disse ele, traçando uma linha ascendente com o dedo.
A idade também é um fator importante nestes casos. Durante a onda de calor na Europa em 2022, quase 60% das mortes ocorreram entre pessoas com mais de 80 anos.
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Desde então, Kenney publicou mais estudos mostrando como idosos e outros grupos vulneráveis enfrentam desafios ainda maiores para suportar o calor extremo.
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