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Primeira ópera do Brasil | Reprodução
Segundo Caio Prado Júnior, sociólogo e historiador, a corte portuguesa não tinha interesse que o Brasil tivesse sua própria identidade cultural. Mas, quando a família real portuguesa veio morar no Brasil, em 1808, e construiu o Teatro imperial São Pedro no Rio de Janeiro o cenário começaria a mudar.
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Porém, apenas no segundo reinado que a criação de uma música genuinamente brasileira foi incentivada pelo Imperador Dom Pedro II.
José de Alencar se aproveitaria deste apoio para fomentar o desenvolvimento de uma produção musical tipicamente brasileira.
Ele escreveu um libreto intitulado “Noite de São João”, por isso, foi considerado o primeiro autor de ópera do Brasil. Saiba mais:
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Antes de ficar famoso com o romance “O Guarany”, que inspirou a ópera “O Guarany” de Carlos Gomes. Executada no teatro Scala de Milão, José de Alencar resolveu se inserir no campo da música, como autor de libreto.
Ele sabia que o escritor de libreto de ópera não era valorizado, na verdade, tinha um papel subalterno na produção da ópera na Itália. O poeta de ópera ou fazedor de versos era um empregado tão comum, tanto quanto um contrarregra, um cenógrafo ou um cartazista. Victor Hugo, por exemplo, proibiu que qualquer libretista se inspirasse em qualquer uma de suas obras.
José de Alencar considerou essa experiência como uma pequena contribuição à música brasileira, já que para ele, qualquer um que ama a música deveria fazer algum tipo de sacrifício a ela.
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O Brasil daquela época não tinha infraestrutura para produção de uma ópera nacional, havia músicos que interpretavam óperas internacionais, a produção de uma ópera brasileira era uma paisagem muito distante.
Ainda assim, José de Alencar se propôs a escrever uma ópera que efetivasse o Brasil no campo da música erudita e criou o Libreto “A noite de São João”, era uma história romântica, dentro do espírito da época e com uma narrativa muito comum.
O objetivo era acelerar a produção de uma “indústria” de música brasileira e por isso prometeu para qualquer compositor que se dispusesse a musicar o seu libreto, cederia os direitos autorais da obra.
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O Maestro Elias Alves Lobo, músico de Itu, aceitou o desafio e, depois de 3 anos, em 1860 a ópera foi encenada no Teatro São Pedro de Alcântara.
O regente era um jovem em início de carreira e pouco conhecido, que iria ficar mundialmente famoso com outra ópera inspirada no romance de José de Alencar, O Guarany e seu nome era Carlos Gomes.
A opera teve grande sucesso popular, como José de Alencar passou todos os direitos da obra para o compositor Elias Alves, autor da música, e Carlos Gomes, regente, poucos lembraram de que o texto e a ideia original eram de José de Alencar.
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O Episódio da “Noite de São João”, originalmente, se passava no Brás, em uma São Paulo dos tempos coloniais. Mas, quando foi encenada no Rio de Janeiro, foi alterada para Botafogo, no Rio de Janeiro.
O enredo contava sobre um pequeno obstáculo ao amor dos primos Carlos e Inês que seria suplantado através das virtudes misteriosas do alecrim, (Na lenda portuguesa era a flor de Alcachofra, mas no Brasil foi substituído pelo Alecrim) que os jovens plantavam na esperança de se verem unidos.
Na lenda, como na peça, o milagre era consumado na noite de São João.
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A celebração da noite de São João acontece sempre na véspera do dia de nascimento de João Batista, na noite de 23 para o dia 24 de junho.
O Brasil juntou estas tradições e as incorporou aos outros elementos do cotidiano brasileiro como a quadrilha e comidas brasileiras a base de milho e essa mistura se espalhou pelo Brasil dando origem a uma festa típica brasileira.
Para aqueles que não valorizavam a arte brasileira José de Alencar dizia “Existe arte no Brasil, o que não existe são pessoas que sejam capazes de compreende-las”. A sociedade brasileira se acostumou a só valorizar o que vem de fora.
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Fonte de pesquisa: (Suplemento cultural, O Estado de São Paulo, 1962, 1976 e 1977)
Dissertação de Mestrado OS SELVAGENS DA ÓPERA: José de Alencar e Carlos Gomes, a criação literária e musical no romantismo brasileiro / Ingrid Fernanda Rodrigues
Lincoln Paiva é doutor em Arquitetura e Urbanismo e pesquisador sobre a formação da cidade de São Paulo.
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