Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
Pesquisa divulgada pela USP revelou detalhes antes desconhecidos sobre os primatas | Marcos Santos/USP Imagens
Uma grande caixa de acrílico repleta de comida chamou a atenção de macacos-prego que vivem no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, Nordeste do Brasil. O dispositivo foi colocado por pesquisadores da USP e da Universidade de Durham em uma área frequentemente usada pelos macacos. A ideia era descobrir como iriam solucionar o mistério da caixa.
Continua depois da publicidade
O recipiente contava com dois mecanismos de abertura: puxar uma pequena alça verde ou levantar uma placa retangular azul. O que os cientistas observaram revelou mais do que a simples busca por recompensa.
Os animais mostraram uma dinâmica rede de disseminação de novos comportamentos, na qual a tolerância mútua desempenha um papel central em um cenário altamente competitivo, como a procura por alimentos.
“A tolerância social em macacos-prego [acontece] quando os indivíduos toleram uns aos outros em sua proximidade", explica Rachel Kendal ao Jornal da USP.
Continua depois da publicidade
A professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Durham foi uma das supervisoras da pesquisa.
“O estudo indica que os macacos-prego provavelmente têm uma estratégia de aprendizagem social de copiar machos bem-sucedidos no contexto desta tarefa de forrageamento extrativo", diz.
Os experimentos foram feitos entre 2012 e 2013, observando duas populações diferentes de macacos-prego, 40 indivíduos do grupo Jurubeba e 30 da Pedra Furada.
Continua depois da publicidade
Para desempenhar a tarefa de abrir a caixa e conseguir comida, os pesquisadores treinaram um indivíduo de cada grupo, que serviram de modelo de resolução do problema.
Quando conseguiam, uma bandeja era servida, contendo uma mistura de milho, amendoim e passas. A pesquisa evidenciou que a interação social entre os macacos foi crucial para a transmissão do conhecimento sobre como abrir a caixa.
Os macacos-prego conseguiram abrir a caixa mais de 8 mil vezes, sendo que em 92% delas o sucesso foi obtido por meio da observação direta.
Continua depois da publicidade
O experimento mostrou que conexões sociais mais fortes possibilitam oportunidades de observação, sugerindo que a tolerância social aumenta a probabilidade de aprendizado e facilita a disseminação da informação.
“A possibilidade de haver tradições comportamentais depende do bicho deixar outros chegarem perto. A gente já sabia que tolerância com filhotes é total, mas aqui, a gente instanciou o fato concreto de que as relações sociais mediaram o caminho da transmissão", destaca Eduardo Ottoni.
O etólogo é coordenador do Laboratório de Etologia Cognitiva do Instituto de Psicologia (IP) da USP e também supervisor da pesquisa.
Continua depois da publicidade
* Por Tabita Said, do Jornal da USP.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade