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Leila Diniz se tornou um símbolo da liberdade feminina entre a década de 1960 e início da de 1970 | Divulgação/Imprensa Oficial do Rio de Janeiro
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Leila Diniz se tornou um símbolo da liberdade feminina entre a década de 1960 e início da de 1970. Em uma entrevista ao Pasquim, em 1969, aos 24 anos, ela causou um escândalo nacional ao falar abertamente sobre sexo e amor. “Tive casos mil. Na minha cama dormem algumas noites, mais nada. Nada de estabilidade”; “Você pode amar muito uma pessoa e ir pra cama com outro”; “Censura é ridículo, não tem sentido nenhum”. Por causa dessa edição, os militares baixaram um decreto que autorizava a censura prévia à imprensa – apelidado de “decreto Leila Diniz”.
Em 1971, causou escândalo novamente ao aparecer em capas de revista de biquíni, com uma enorme barriga de seis meses de gravidez.
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No livro Ela É Carioca – Uma enciclopédia de Ipanema, Ruy Castro descreve: “As grandes massas nunca tinham visto aquilo. Hoje pode soar absurdo, mas choveram protestos, indignação e repulsa contra o gesto de Leila. Falou-se em deboche contra a maternidade, em afronta à Virgem Maria. Mas o grande problema não era a gravidez nem o biquíni. Era Leila Diniz”.
Ela nasceu em Niterói e era professora de maternal e jardim de infância quando conheceu o cineasta Domingos de Oliveira, apaixonou-se e foram viver juntos. Pouco tempo depois, graças ao seu talento, faria a sua primeira peça de teatro. Também passou a ser convidada para novelas, principalmente da Tupi, Excelsior e Globo.
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O cinema, porém, era a sua grande paixão.A atriz fez parte de muitos filmes: Todas as Mulheres do Mundo, O Homem Nu, A Madona de Cedro. Sem preconceitos, atuava em filmes históricos como Corisco, o Diabo Loiro, de Carlos Coimbra, e comédias deslavadas, como O Donzelo, de Stefan Wohl. “Eu faço qualquer coisa que me dê alegria e dinheiro, seja Shakespeare ou Glória Magadan”, dizia. Ao todo, participou de 14 filmes.
A entrevista para o Pasquim foi um baque para a sua carreira. Os convites para novos papéis passaram a ficar raros, e ela se assustou. O dinheiro minguava a cada dia. A moça até aceitou ser jurada do programa de Flávio Cavalcanti, dando notas aos aspirantes a cantores.
Com o tempo, a carreira foi retomando o fôlego, e assumiu papéis de destaque em filmes como Mãos Vazias e Amor, Carnaval e Sonhos. Não abriu mão da liberdade: de opinião, profissional e sexual. Os homens desavisados a consideravam uma “mulher fácil”. Não percebiam que era ela quem escolhia com quem sairia, não o contrário. Houve até quem oferecesse dinheiro por uma noite com ela. Para um empresário paulista, deu uma resposta categórica: “Eu me deito com todo mundo. Mas não com qualquer um”.
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Toda mulher é meio Leila Diniz
No início dos anos 1970 Leila decidiu que era hora de ser mãe. Escolheu o cineasta Ruy Guerra como pai, escandalizou o País com a barriga de fora, foi eleita a grávida do ano no programa do Chacrinha e deu à luz a Janaína. O amor pela filha era de devoção – talvez uma forma de compensar ter sido abandonada pela mãe aos sete meses de vida.
Em junho de 1972, viajou para receber o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema da Austrália por Mãos Vazias, de Luiz Carlos Lacerda. Adiantou a volta em um dia, por saudade de Janaína. Mas o avião em que viajava explodiu sobre Nova Déli, na Índia. Tinha apenas 27 anos; Janaína, sete meses – por uma coincidência trágica, a mesma idade em que a mãe de Leila a abandonara.
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A morte comoveu o País. Surgiram canções em sua homenagem: Leila Diniz (Martinho da Vila e Nei Lopes), Coqueiro Verde (Erasmo Carlos). Em Todas as Mulheres do Mundo, Rita Lee canta: “Toda mulher quer ser amada / Toda mulher quer ser feliz / Toda mulher se faz de coitada / Toda mulher é meio Leila Diniz”. Tornou-se também uma espécie de símbolo da liberdade feminina. O poeta Carlos Drummond de Andrade resumiu: “Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de 20 anos presas ao tronco de uma especial escravidão”.
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