Grandes incêndios em São Paulo: histórias de tragédia e heroísmo

São Paulo já foi palco de grandes tragédias que marcaram não apenas sua arquitetura, mas também a memória coletiva de seus habitantes. Entre elas, destacam-se os incêndios no Edifício Joelma, Andraus e Grande Avenida, ocorridos nas décadas de 1970 e 1980.

Cada um desses desastres teve um impacto profundo na cidade, trazendo à tona histórias de dor, heroísmo e também mistérios que perduram até hoje. Relembre esses eventos trágicos e seus legados.

1) Incêndio no Edifício Joelma: a tragédia de 1974

Em 1º de fevereiro de 1974, o Edifício Joelma, um prédio comercial de 25 andares no centro de São Paulo, foi devastado por um incêndio que matou 188 pessoas.

O fogo começou no 12º andar e, em poucas horas, se espalhou por todo o edifício. O desastre foi um dos maiores do Brasil e gerou uma comoção nacional.

Lenda misteriosa

O que tornou este incêndio ainda mais misterioso foi o destino das "Treze Almas". Treze vítimas não foram identificadas e, como resultado, seus corpos foram enterrados no Cemitério São Pedro, em Vila Alpina, na zona leste de São Paulo.

Desde então, o local se tornou uma espécie de ponto de peregrinação, com fiéis acreditando que as almas dessas vítimas ainda vagam pela região.

O fenômeno é alimentado por relatos de pessoas que dizem ouvir gemidos e murmúrios provenientes dos túmulos, gerando lendas urbanas e até devoções.

2) O heroísmo no incêndio do Edifício Andraus

Dois anos antes, em 24 de fevereiro de 1972, a cidade presenciou um outro incêndio de grandes proporções: o que atingiu o Edifício Andraus, na Avenida São João.

Esse incêndio, que começou por volta das 16h, gerou um grande caos, com centenas de pessoas presas nas alturas do prédio de 32 andares. Mas foi também um dia de heroísmo. 

O comandante Olendino Francisco de Souza, de helicóptero, foi o primeiro a chegar ao topo do edifício, onde cerca de 50 pessoas estavam em estado de pânico.

Durante seis horas, ele e outros 11 pilotos resgataram 500 pessoas, transportando-as para áreas seguras.

O esforço coletivo das equipes de resgate foi fundamental para salvar vidas, e o evento ficou marcado como uma das grandes demonstrações de coragem em momentos de calamidade.

3) O incêndio no Edifício Grande Avenida: outra tragédia na Paulista

O 14 de fevereiro de 1981 trouxe uma nova tragédia para São Paulo: o incêndio no Edifício Grande Avenida, na avenida Paulista.

Apenas sete anos após o Joelma, o prédio de 19 andares foi consumido pelas chamas em um evento que lembrava as dificuldades enfrentadas na tragédia anterior.

Dessa vez, no entanto, o edifício não era um grande centro comercial, mas um prédio de escritórios que estava repleto de pessoas no momento do incêndio.

As chamas destruíram rapidamente o prédio, matando muitas pessoas, mas a resposta do Corpo de Bombeiros foi mais rápida do que em 1974.

Mesmo assim, o evento serviu de alerta para a necessidade de melhorias nas construções e sistemas de segurança da cidade.

Legados e mudanças nas políticas de segurança

Esses três incêndios marcaram São Paulo de forma indelével, não apenas pelas vítimas, mas também pelas mudanças que provocaram nas políticas de segurança dos prédios.

Após o incêndio no Edifício Joelma, por exemplo, o Brasil criou uma série de normas de segurança para edifícios comerciais e residenciais. 

As novas normas incluem a instalação obrigatória de sistemas de hidrantes, escadas de emergência e saídas de fuga.

Além disso, o medo e a tragédia que envolveram esses incêndios também inspiraram uma série de filmes, livros e até lendas urbanas que mantiveram viva a memória dessas catástrofes.

As lições que os incêndios deixam

Os incêndios no Edifício Joelma, Andraus e Grande Avenida não são apenas marcos trágicos na história de São Paulo, mas também lembretes da importância da prevenção e da segurança em construções urbanas.

Em 2024, a cidade de São Paulo ainda tem assistido a incidentes com potencial para tragédia, como o incêndio no prédio que abriga a Galeria Pagé.

Eles moldaram a cidade de várias formas e, mesmo décadas depois, ainda são temas de debates e estudos sobre a evolução das normas de segurança e o papel dos heróis anônimos que, com coragem, salvaram vidas.