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Incêndio no Edifício Joelma: a tragédia de 1974 e as lendas das Treze Almas

Com 188 vítimas, o incêndio marcou o Brasil e deu origem a histórias sobrenaturais e peregrinações em torno dos túmulos das Treze Almas, que seguem como um mistério popular 50 anos depois

Raphael Miras

22/10/2024 às 09:41  atualizado em 23/10/2024 às 09:40

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O incêndio no Joelma é considerado o terceiro maior do Brasil em vítimas.

O incêndio no Joelma é considerado o terceiro maior do Brasil em vítimas. | Wikimedia Commons

O incêndio no Edifício Joelma, ocorrido em 1974, é considerado o terceiro maior do Brasil em número de vítimas, ficando atrás apenas do incêndio no Gran Circus Norte-Americano em 1961, com mais de 500 mortos, e da tragédia de Boate Kiss em 2013, que vitimou 242 pessoas. Com 188 mortes, o desastre deixou uma marca profunda na memória do país.

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Cinco décadas depois, um detalhe intrigante ainda chama a atenção de quem passa pela região: os túmulos das Treze Almas, que se tornaram locais de peregrinação e fonte de várias lendas populares.

A Gazeta vai se aprofundar mais nessa história que tanto assola e cria esse mistério por toda a região da zona leste de São Paulo. Confira a seguir:

A história do incêndio

O incêndio começou pela manhã do dia 1º de fevereiro de 1974 e deixou 188 mortos no local. Porém, existe um fato que havia 13 pessoas que tentaram escapar pelo elevador, mas infelizmente não conseguiram se salvar. Como esses corpos nunca foram identificados, foram enterrados na Vila Alpina, especialmente no Cemitério São Pedro.

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Em uma entrevista feita pela Uol, o “seu” Gugu, que era coveiro do cemitério à época do incêndio. Ele relatou que o enterro foi acompanhado por uma multidão de todos os lugares. Alguns anos após o enterro, pessoas passaram a relatar que ouviam gemidos as almas dos corpos enterrados

A solução popular para essas atividades paranormais foi jogar água (e às vezes leite) nos túmulos, já que elas pareciam estar sentindo as dores e o calor do incêndio. De acordo com a tradição, isso acalmava os espíritos.

Seu Gugu, que aposentou em 2011, conta que nunca viu ou ouviu nada em seus 37 anos como coveiro. Segundo ele, porém, um colega (hoje também enterrado no cemitério São Pedro) contava ter experienciado esses encontros "do além". "Ele falou que ouviu as almas gemendo, eu nunca vi", diz.

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Assombração virou devoção

Túmulo das treze almasTúmulo das 13 almas que morreram no incêndio do Edifício Joelma. Até hoje, não há nenhuma identificação dos corpos e ninguém sabe quem são. Foto: Divulgação/Redes sociais

Os relatos sobre as Treze Almas se espalharam por todas as partes e virou uma devoção. Preces e promessas passaram a ser feitas, pedindo intercessão das almas para alcançar graças, e a retribuição eram copos, garrafas e até baldes de água jogados e deixados em cima dos túmulos.

Hoje, no local das sepulturas, há uma capela com placas de agradecimento às graças alcançadas. Construída cerca de 10 anos após o enterro das almas, segundo Seu Gugu, ela é mantida em uma parceria dos devotos com a administração do cemitério. 

Por meio das Treze Almas, pedidos relacionados a casas, faculdades e até filhos foram realizados. O local é destino de peregrinação todos os dias, mas especialmente nas segundas, o dia das almas.

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A tradição da água também segue firme. Em cada um dos túmulos é possível ver uma garrafa aberta, que, segundo a administração do próprio cemitério, é retirada e trocada com frequência para evitar focos de contágio da dengue.

Lendas urbanas também surgiram

O incêndio no Edifício Joelma também deu origem a várias lendas urbanas, impulsionadas por relatos de sobreviventes. 

Um desses relatos é de Osório Gonçalves da Silva, que em uma entrevista ao UOL em 2014, conta que sua vida foi salva por uma visão de uma criança. “Fui salvo graças a uma ajuda espiritual”, afirmou o contador. 

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Já o pastor evangélico, William Conceição Ferraz, relatou que foi guiado até a saída do prédio por um "anjo". “Um anjo me disse: levante e venha”, gravou.

Esses relatos alimentaram o imaginário popular, levando muitos a acreditar que os espíritos ainda habitam o local. “Há quem diga que até hoje é possível ouvir gemidos e choros pelos andares”, disse o turismólogo Carlos Silvério em uma entrevista ao UOL.

Uma das histórias mais marcantes envolve Volquimar Carvalho dos Santos, que trabalhou no 23º andar e morreu na tragédia. Meses após o incêndio, Chico Xavier psicografou uma carta atribuída a ela, na qual Volquimar consolava sua mãe sobre o pós-morte. 

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A história foi retratada no filme "Joelma, 23° Andar", de 1979. Durante as filmagens, membros da equipe relataram incidentes inexplicáveis, como ruídos estranhos, refletores caindo sem motivo aparente e um suposto aspecto "sobrenatural" registrado em uma fotografia.

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